23 dezembro, 2021

 

Família de faladores

 

 

Somos em vinte irmãos

Cada qual com seus valores

Dez mulheres fuxiqueiras

E dez homens faladores.

 

Já começa por mamãe

Sempre fala de papai

Papai fala de mamãe

E assim por de ante vai

 

Rute fala de Lurdes,

Lurdes fala de Luzia

Luzia fala de Tonha,

Tonha fala de Maria,

 

Maria fala de Nena

Nena fala de Luiza

Luiza fala de Ciça,

Ciça fala de Maisa,

 

Maisa fala de Lica,

Lica fala de João,

João fala de Paulo

Paulo fala de Adão,

 

Adão fala de Carlos,

Carlos fala de Joaquim

Joaquim fala de Luiz,

E Luiz fala de mim,

 

Edu fala de Pedro

Pedro fala de Raimundo

Que vive a me criticar

E eu para me vingar

Falo de todo mundo.

 

 

Francis Gomes

 Estrutura poética, como deve ser.




Minha poesia

Minha poesia não tem, fineza alguma
Nem técnica nenhuma, pra ser estudada
Mas tem a bravura, do homem da roça
Nasceu na palhoça, mas é educada.

É simples singela, até na estética
Não segue uma métrica, de versificação
São versos brancos, soltos sem ritmo
Muito barbarismo, e também colisão.

Alguns apresentam, anfibologia
Também cacofonia, e obscuridade
Mas é forte e dura, corta igual navalha
Sobretudo se espalha, por mato e cidade.

Minha poesia é assim, bem subjetiva
Mas objetiva, nada é casual
É simples, bem pobre
Mas se torna nobre no ponto final.


Francis Gomes




Sobre choro e nó na garganta

Trecho do livro "Dente-de-leão: a sustentável leveza de ser" - Escritor Sacolinha