Eu sou um caminhante nesta vida ingrata,
Que tira do chorume, do lixo o alimento,
Que sofre sem o escape de um só lamento,
Diante da agonia da existência inata.
Eu sou aquele que usa serpente como gravata,
Que tem cinqüenta anos, mas não tem registro,
Que não tem documento e nem assim por isto,
Desespera-se diante desta sua vida ingrata.
Eu sou aquele que tem setenta; já envelhecido,
Que dorme ao relento e pelo frio encolhido,
Que cuida do lixo sim... – senhor!
Porque dele é o proveito do estomago comedor,
Porque é ele que me inspira no real alor,
Perante as vidas infames, ressentidas.
Poesia nos muros
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