18 dezembro, 2004

Um poema

O natal da criança pobre
(Francisco Pereira)

O fim do ano se aproximando...
Pensava entristecido e desolado,
Joaquim, mais um desempregado.
Então ele pediu quase chorando:
Oh meu Deus! Que rumo eu trilho?
O que vou dar para meu filho?
O natal esta chegando.

Dias passaram, o natal chegou,
Joaquim tinha um problema,
E para aumentar seu dilema,
O seu filho perguntou:
Papai, papai fala pra gente,
Será que o meu presente,
Papai Noel já comprou?

E o Joaquim muito triste,
Sem dinheiro, desempregado,
Falou pro filho amado:
“Filho; papai Noel não existe,”
“Existe sim, papaizinho,
O Carlos, nosso vizinho,
Já o viu, ele me disse!”

Continuou o filho inocente:
“Carlinhos me disse como ele é,”
“Que ele entra pela chaminé,
Com cuidado, pra não acordar a gente,
Então papai, o bom velhinho,
Assim como para o Carlinhos,
Vai me trazer um presente?,”

Joaquim não suportou,
Sofrendo amargamente
Pegou seu filho carente
Em seus braços, e o beijou,
Com o coração partido
Deu boa noite ao ente querido
Entrou no quarto, bateu no peito e falou:

Deus, oh Deus! Eu te peço humildemente,
Já que eu estou desempregado,
Ao menos para meu filho amado


Ajude-me dar um presente,
Tu bem sabes o quanto eu o amo,
E não quero destruir este sonho
De uma criança inocente.

Então a noite passou;
E no outro dia cedinho,
Lá, lá na casa do Carlinhos,
O papai Noel presenteou,
Mas aquele bom velhinho
Nem Joaquim, nem seu filhinho,
Ele se quer visitou.

E quando a criança acordou...
Olhou pra um lado pra outro
E falou pra seu pai: de novo!
Papai Noel não passou?
E com os olhos encharcados
Em sua humilde cama sentado
Chorando desabafou:

Oh Deus! Desculpe o que eu vou dizer:
Papai Noel não existe, não, existe não,
O meu papai tem razão,
Olha, eu vou explicar por que:
“Ele nunca visitou agente,
E nem me trouxe um presente,
Nunca, nunca um dia veio me ver”.

E se ele existe, ele é muito ocupado,
Ou talvez seja orgulhoso,
Um velhinho rancoroso,
Pois não veio neste ano nem no ano passado,
Quem sabe ele é muito nobre,
Não entra em casa de pobre,
E nem de um desempregado.

Francisco Pereira Gomes é morador de Suzano, Alto Tietê.
Poeta e compositor não pensa em ganhar dinheiro e
nem reconhecimento pelo que escreve. Tem em sua vida
o prazer da escrita, porém, odeia ler.

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