Saudades
Em meu peito carrega saudades:
Saudades do amor perdido, do amor não vivido.
Saudade daquele que carreguei em meu ventre, e não pude ver.
Saudade da criança que não adotei, e não pude embalar.
Saudade do pai que não soube amar.
Saudade da criança de pé no chão, que não pude acariciar.
Saudade do adolescente, levado pelo doce fel do entorpecente.
Saudades daqueles nas ruas frias, nuas do amor de quem um dia os acalentou.
Saudade dos velhos sábios, calejados pelo tempo, esquecido por quem um dia lhe disse amor.
Saudades da varanda, onde numa só voz gritávamos gôool.
Saudades da vida não vivida, da noite mal dormida, do dia e o entardecer.
Saudade da gota de orvalho, que atravessava o telhado e como véu de seda deitava em meu ser.
Saudades do ouvido do surdo, da voz do mundo, me dizendo prazer;
Saudades do bêbado nu, coberto com algodão cru, pela solidariedade do amigo.
Saudades da ajuda que não pude oferecer.
Saudades do moribundo que não pude ver.
Saudades do jardim cheio de flores, inalando entre as cores, o aroma que me da prazer;
Saudades do tempo em que os animais não tinham jaulas, nem curral, eram livres em seu ambiente natural.
Saudades do tempo que deitava em meu leito, sem lagrimas por ti, com dor no peito.
Saudades daquele homem, com a paz em seu semblante,
Derramou todo seu sangue para salvar seu semelhante;
Saudades sinto eu, da Saudade de você.
MAUÁ, ENTRE MORRO E SUBIDA QUASE CHEGANDO PERTO DO CÉU ENCONTRAMOS ESTA POETISA!
TETE SILVA
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