Alessandro Buzo - Escritor e Ativista Cultural
L.B: Nélida Pinon diz que o papel do escritor é de despertar a ira de uma consciência. Qual o seu papel como escritor?
Alessandro Buzo: Como escritor da periferia o meu papel é incentivar a leitura daqueles que não leêm nada, que na periferia é comum. Logo, ele se identificando com meu trabalho pode mudar isso, tenho amigo que leu O TREM e nunca tinha lido nada, hoje lê varios livros, fico orgulhoso com isso.
L.B: Quando está escrevendo você se preocupa com as técnicas literárias?
Buzo: Não, só tenho o primeiro grau, Deus me deu o dom e escrevo, mas sem preocupações.
L.B: Prosa, poesia, crônica, conto... Qual categoria você se encaixa?
Buzo: Faço crônica e conto, gosto de poesia mas tenho poucas minhas.
L.B: Tem influências literárias?
Buzo: Não, minha influencia é o meu dificil dia a dia, ponho no papel as dificuldades que enfrento.
L.B: O primeiro romance do Sacolinha, Graduado em Marginalidade, está em análise na editora. Você assina o prefácio, nos fale dessa participação.
Buzo: O livro do Sacolinha é muito bom, fiquei feliz em fazer o prefacio porque o Sacola é guerreiro, o que ele faz pelo povo de Suzano nenhum prefeito eleito vai fazer, mas quem vai pagar ele não é o contra cheque no fim do mês, quem vai pagar o Sacola é Deus.
L.B: Em quatro anos você escreveu dois livros. Atualmente você escreve para vários veículos de comunicação, há rumores de que não demora em lançar a sua terceira obra. Escrever é uma necessidade pra você?
Buzo: Sim, é pura necessidade, porque se não decarregar minha neurose no papel iria me tornar um terrorista, sou revoltado até a alma com as dificuldades sociais, poucos com muitos e muitos com quase nada.
Vou lançar meu terceiro livro ano que vem, vou pegar no pé da CPTM (Companhia Paulista dos trens metropolitanos), mas vou pegar pegando, aguardem.....
L.B: O seu segundo livro “Suburbano Convicto” está alcançando as expectativas?
Buzo: Ele custa R$ 25,00 nas livrarias e R$ 20,00 comigo, logo é foda vender, o povo não tem o habito de ler e por isso é duro sacar vinte conto e dar num livro, mas mesmo não vendendo como agua eu estou tranquilo e acho que dentro da realidade ele está alcançando as expectativas sim, estou bastante satisfeito.
L.B: Você costuma desenvolver eventos culturais no seu bairro, na verdade desenvolve o papel que cabe ao governo federal e a prefeitura municipal. Qual a sua opinião sobre isso?
Buzo: Não adianta esperar pelo governo ou prefeitura, faço evento com qualidade, quando a prefeitura faz evento por aqui ( Itaim Paulista ) é com Axé, forró e coisas populares, mina de shotinho rebolando, prefiro nem colar, promovo o FAVELA TOMA CONTA, no dia das crianças distribuimos 2.000 kites de doces, sem apoio de nenhum comerciante e nem do governo, no dia 19 de dezembro tem a quinta edição e vamos sortear 3 bicicletas e 200 exemplares do livro VIVENDO COM A VIDA - ACREDITAR É REALIZAR da escritora BABI AKYLLA, além de levar grandes nomes do RAP NACIONAL como Enganjaduz, Sabedoria de Vida, Walter Limonada, Panico Brutal, e varios outros.....
Acho que a prefeitura tinha que contratar os agitadores culturais que existem nos bairros periféricos e não mandar um mano que nunca fez um evento com o cargo de PROMOTOR CULTURAL, fazer evento é para quem é e não para quem quer, mas agora com o PSDB será o fim, o povo ignorante tirou a Marta que foi a prefeita que mais fez pela periferia, o jeito é continuar fazendo por nós mesmos.
L.B: Quais os seus projetos literários?
Buzo: Lançar um livro por ano.
Um salve: A Deus que me fortalece, minha familia (Marilda e Evandro), todas as favelas e manos do hip hop, a todos que escrevem, não desistam, aos manos do LITERATURA NO BRASIL, da COOPERIFA, da 1 DA SUL, do MOOHB, do ENRAIZADOS, e todos que leram meus livros e meus textos, especialmente para você que acabou de dispensar um tempo para ler essa entrevista.
PAZ !!!!!!!!!!!!!
19 novembro, 2004
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