01 junho, 2008

ALUCINAÇOES

ALUCINAÇÕES

Minha metralhadora
É minha mente
O gatilho
É minha língua
A cada disparo
Saem letras, palavras.
Quando se juntam
Formam versos, rimas.
Contos, poesias
Quando te acertam
Faz um rombo em sua mente
Te deixando alucinado
Dando risadas à toa
E gritando para todos ouvir
Sou cachorro quente,
Quero minha dentadura
Trazem meu penico
Quero aliviar sentado
A massa ta saindo
A barriga já esta estufada
To doido, to doido por uma rapadura.
Corram na farmácia
Tragam para mim uma caixa de tampax
Como diz um amigo
Acho que estou menstruado
Já esta cutucando na porta
Corro para o banheiro
Abaixo as calças
Para minha miséria fico de olho no espelho
A procura de minha alma
Cadê, cadê
Abro a porta
Saio correndo pela rua
Com as calças arreadas
Atrás do vendedor de Maria mole
Grito o amigo
Ele para
Vejo que o senhor também tem
Uniforme de super-herói
Que beleza
Você viu minha alma
Não
Olha tinha duas
Quanto que é
É só um conto
Mais já lhe vendi as duas
Seu Jose
Então eu quero mais
O senhor sabe meu filho.
Foi eu quem fiz
Mulher nem todas são iguais
Bruxas ou feiticeiras
Sabe o que ela me disse
Mas quem liga
Eu não te amo mais
Quero divorcio
Quero tudo meio a meio
Tive que repartir
Documento do choro
Minha casa não tem teto
Ela levou
Minha alma
Ela também levou
Tenho desejos sombrios
Hoje sou colecionador de pedras
Fico doido
Por menina nova
Mais cadê o dinheiro
Ela levou
Meu ultimo desejo
Seria ser super-herói brasileiro
Mais minha capa
Hum
Ela também levou
Só me sobrou
O meu bolso furado
E as minhas alucinações

Paulo Pereira
paulo.pereira13@isbt.com.br
Associação Cultural Literatura no Brasil
www.literaturanobrasil.blogspot.com

Sobre choro e nó na garganta

Trecho do livro "Dente-de-leão: a sustentável leveza de ser" - Escritor Sacolinha