16 maio, 2005

Negra Literatura!

A noite te convida pra dançar
(Por Sacolinha)

África mãe, Brasil filho
O leite do mundo habitou as suas tetas
Mamilos perfeitos acalentados de açoite.
Seu ventre, sempre foi livre
Gerando toda a história desse universo mal agradecido
Se ser mãe é dádiva de Deus
Então a África é o berçário onde Ele nasceu.
Suas crianças, dotadas de grande picardia
Lançaram ao mundo variadas culturas.
A noite recente, traz o eco da trilha sonora daquele tempo
Tambores confeccionados pelas mãos arquitetas do mundo.
Metralhadoras, fuzis e armas químicas
Deitarão no seu colo para dividir o espaço com as rosas vermelhas.
Os amores não correspondidos, se contentaram ao seu lado
Corações sujos que me lembram as pedras
Hipérbole da herança maldita, que umedece e goteja em pequenos ventres
Multiplicando a desgraça e mal vivida vida.
Vida que alimenta a feijoada, vida que swinga o carnaval
Vidas de mãos feridas que tocam os instrumentos... Umbanda, candomblé.
Tragam-me a garrafa com o líquido da cultura nordestina
Vou me embriagar desse sincretismo puro e natural.
Noite! Termo abstrato que absorve o sentimento africano
África mãe, áfrica pai, áfrica.
Sinônimo de negro.
Ovaciona o seu hino de raiz
Que a recitação voe até a audição desses espíritos maléficos
Âmago sem cultura.
África! Sou larápio de cena
Que cutuca a sua bonança, com palavras egocêntricas
Venha mãe, dance comigo o batuque atual
Por que nas nossas festas noturnas, a sua entrada é franca
Então ginga, o batuque atual.
Que cada gesto teu, tenha um pedaço de desdém
Venha, pois a noite... Te convida pra dançar.

Ademiro Alves (Sacolinha)


"QUE A PELE ESCURA NÃO SEJA ESCUDO PARA OS COVARDES QUE HABITAM NA SENZALA DO SILÊNCIO. PORQUE NASCER NEGRO É CONSEQUÊNCIA SER É CONSCIÊNCIA."

(Sergio Vaz)

JOÃO CANDIDO (A CHIBATA DA REVOLTA)

JOÃO NASCEU CÃNDIDO, MAS DE CÂNDIDO NÃO TINHA NADA. SEU CORPO TEVE A BENÇÃO DO SUL O CORAÇÃO, SOBRE O MAR AZUL, VEIO DA ÁFRICA. AINDA MOLEQUE DESCOBRIU QUE ERA GALO DE RINHA O NEGRINHO SEM BREQUE SEM VENTO E SEM LEQUE TEVE AOS SEUS PÉS, A MARINHA. NO BARCO DA MORTE ENCONTROU O DESTINO DOS PAIS UM TRONCO NO SUL OUTRO NO NORTE ASSIM ERA O BAHIA E O NAVIO MINAS GERAIS. CHICOTE NO ALMOÇO AÇOITE NA JANTA OS NEGROS NO CALABOUÇO OS BRANCOS EM CIMA DA PRANCHA. MAS NEM TODA DOR É PERENE OU SE VAI COM AS MARÉS A MÃO NEGRA CONSPIROU CONTRA O LEME E A REVOLTA SURGIU DO CONVÉS. AO SOM DAS TROMBETAS MARUJOS DE BAIONETAS TOMARAM OS CASCOS ONDE ERA SERVIDO ÁGUA COM PÃO. E ONDE RUGIA O SOM DO CARRASCO E GRITO DE CAPITÃO, NESSE DIA SE OUVIA A VOZ DO PORÃO. E O RUFAR DOS TAMBORES, DE COURO E DE LATA E DE TODAS AS DORES POR TODAS AS DATAS AO SOM DE CANHÃO OU DOCE SERENATA, VÃO CONTAR A HISTÓRIA DE JOÃO UM NEGRO ALMIRANTE QUE ULTRAJOU A CHIBATA.
(Sergio Vaz)

AQUARELA


CRIANÇAS SÃO NEGRAS BRANCAS ROSAS MARRONS TEM OLHOS VERDES CASTANHOS CLAROS ESCUROS PRETOS AZUIS. POR ISSO, MESMO COM O FUTURO EM PRETO E BARNCO PARA ELAS, AS RUAS, SÃO SEMPRE COLORIDAS. PAREÇA COM O QUE VOCÊ ACREDITA SE NÃO CONSEGUE, MEDITA. (SV) ALMAS LIVRE SENHOR! QUERO TER A COR DA ALMA E DE CORPO PINTADO SORRIR O BRANCO QUE O NEGRO PRODUZ ACORRENTADO NAS SENZALAS QUE O BRANCO CONDUZ. QUERO A COR DA ALMA LEVAR A LUZ PRA ARRANCAR-LHES A CALMA QUANDO FUGIRMOS DA CRUZ E JUNTOS LAVARMOS A ALMA COM A CORAGEM QUE O NEGRO PRODUZ. MORRER... OBSCENO SERIA NA DERIVA DO QUE ME SEDUZ, LIBERDADE.
(Sergio Vaz)

POESIAS EXTRAÍDAS DO LIVRO "A POESIA DOS DEUSES INFERIORES, A BIOGRAFIA POÉTICA DA PERIFERIA, DE SÉRGIO VAZ" APRECIE COM MODERAÇÃO

Racista Cordial

(Elizandra Souza)

Mãos negras lavam roupas
Mãos brancas vestem
Mãos negras esfrega chão
Mãos brancas sujam
Mãos negras abre portas
Mãos brancas fecham
Mãos negras cozinham
Mãos brancas comem
Mãos negras calejam-se
Mãos brancas suavizam-se
Mãos negras apanham
Mãos brancas batem
Mãos negras choram
Mãos brancas gozam
Mãos negras soluçam
Mãos brancas gargalham
Tudo isso por sermos tão democráticos
Brasil, meu país racista cordial!


Poema: Elizandra B. Souza

Um comentário:

  1. SALVE RAPA DO LITERATURA. TÔ DANDO UMA PASSADA AQUI FALOU?

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