17 novembro, 2005

Evento...

PROJETO "O AUTOR NA PRAÇA"

Apresenta

Audálio Dantas & Ricardo Ramos Filho - Tarde Graciliano Ramos & Vlado, 30 anos

Para lembrar Graciliano Ramos (* 27/10/1892) e Vladimir Herzog (+ 25/10/1975), os próximos convidados do projeto O Autor na Praça são o jornalista Audálio Dantas e o escritor Ricardo Ramos Filho. Audálio estará autografando o livro A Infância de Graciliano Ramos e Ricardo, neto de Graciliano, autografa os livros infanto juvenis O pequenino grão de areia, Sonho entre amigos e Computador Sentimental. Na ocasião estaremos lembrando os 30 anos de vida eterna de Vladimir Herzog que, como Graciliano, transformou Momentos no Cárcere em histórias de liberdade. Veja abaixo informações sobre os convidados e os livros.

O AUTOR NA PRAÇA - Audálio Dantas & Ricardo Ramos Filho
Dia 19 de novembro, Sábado, a partir das 14h - Entrada Franca.
Espaço Plínio Marcos - Feira de Artes da Praça Benedito Calixto
Informações: Edson Lima - Tel. 3085 1502 / 9586 5577 - oautornapraca@oautornapraca.com.br

Informações sobre Graciliano: www.graciliano.com.br,
sobre Vlado: www.fpabramo.org.br/especiais/vlado / http://cinema.uol.com.br/filmes/2005/09/29/vlado.jhtm

Vlado: 30 anos
(Audálio Dantas)

Faz trinta anos, Vlado. / Faz trinta anos que aqui te sepultaram. / Faz trinta anos que esta terra te cobriu./ Havia pressa, tua presença de morto incomodava. / E por isso ordenaram que esta terra logo te cobrisse. / Mas a tua memória, Vlado, / esta ficou pairando sobre todas as iniqüidades e gritando mais forte que o ódio insensato. / E gritando forte, muito forte, em nossas consciências. / Faz trinta anos, Vlado. / Nesse tempo, meu irmão, teu nome correu mundo... como se fosse um grito. / O grito de todos os outros cujos sacrifícios conseguiram manter em silêncio. / Faz trinta anos, Vlado. / Em vão ordenaram pressa em te cobrirem o corpo, como se algumas pás de terra / pudessem sepultar contigo a nossa sede de justiça. / Sobre a tua sepultura, Vlado, ergueram-se as nossas vozes, gritando NÃO ao ódio. / Faz trinta anos, Vlado. / E eis-nos aqui, unidos numa certeza: "Nenhum gemido de ninguém na Terra será oculto aos olhos do Senhor". / Faz trinta anos, Vlado. / Pouco tempo diante da eternidade, da luta do homem pela liberdade. / Da tua luta, que é nossa hoje e será de teus filhos amanhã.

(Texto lido na abertura do ato inter-religioso em memória de Vladimir Herzog, no dia 23 de outubro de 2005, na Catedral da Sé, por ocasião dos 30 anos de vida eterna de Vlado).

Ricardo Ramos Filho - Nascido na cidade do Rio de Janeiro em 4 de janeiro de 1954, Ricardo Filho transferiu-se com sua família para São Paulo bem garoto ainda, onde se criou e vive até hoje, trabalhando com computação de dados. Neto e filho de escritores -- Graciliano Ramos (Vidas secas, Memórias do cárcere) e Ricardo Ramos (Circuito fechado, Os amantes iluminados) --, Ricardo Filho publicou seu primeiro livro, as memórias de Computador sentimental (para jovens), em 1992. Ainda para o mesmo público, sai em 1995 a novela Sonho entre amigos, ambos pela editora Atual. Em 1998, aparece o livro infantil O pequenino grão de areia, pela Paulos. Em 2001 participou da criação coletiva: A Nave de Noé, assinada pelos Primos Ramos Amado, também juvenil, que saiu pela Record. No site infantil do Banco ABN Amro Real, www.bancoreal.com.br, teve duas histórias publicadas, na página Brincando na Rede, no Canto do Conto: Livrinho sem figuras e Olívia. Ultimamente, tem focado seu trabalho em textos infantis, todos ainda inéditos.

A infância de Graciliano Ramos - A vida do menino Graciliano Ramos, cheia de medos, angústias e a sua dolorosa descoberta do mundo no sertão nordestino é contada pelo jornalista Audálio Dantas no livro A infância de Graciliano Ramos. O livro integra a coleção infanto-juvenil A Infância de..., do Instituto Callis, e será lançado no domingo (dia 10), no Sesc Pompéia. O projeto gráfico e as ilustrações são de Camila Mesquita; as fotos de Tiago Santana, que fez o ensaio fotográfico da exposição "O Chão de Graciliano" e imagens reproduzidas do acervo do Instituto de Estudos Brasileiros da USP. Na oportunidade os atores Nilson Muniz e Ricardo Nash, farão uma performance com base em textos de Graciliano. A coleção, iniciada com Graciliano Ramos, de Audálio Dantas, e Tarsila do Amaral, de Carla Caruso, mostra as brincadeiras, os sonhos e as aventuras da infância de importantes artistas e escritores, o que eles tiveram de especial, suas fantasias, temores e desejos iguais aos de outros meninos e meninas. O dia-a-dia da vida em família, as primeiras lições da escola e da vida, os primeiros contatos com a arte e a literatura são contados de forma encantadora. Assim o leitor poderá aproximar-se do universo particular de cada um dos personagens, conhecendo também um pouco da infância de outras épocas e outras regiões do Brasil. A história do menino Graciliano, contada por ele mesmo em prosa dura e seca, no livro Infância, é agora recontada pelo jornalista Audálio Dantas. Nascido no interior de Alagoas, assim como Graciliano, Audálio sempre se interessou pelo escritor, cuja vida e obra pesquisou para produzir uma grande exposição ("O Chão de Graciliano"), inaugurada em 2003, no Sesc Pompéia, e remontada em várias outras cidades. Audálio mostra nesse livro, com muita delicadeza, o menino Graciliano, uma criança reprimida mas muito imaginativa, inconformada com a opressão e a injustiça. Graciliano nasceu em 1892 e foi o primeiro dos dezesseis filhos que os pais tiveram. Muito cedo ele conheceu as asperezas da vida no sertão nordestino. O livro de Audálio Dantas mostra as dificuldades que o menino enfrentou para aprender a ler e escrever, principalmente porque seu pai, muito autoritário, e a maioria de seus professores queriam que ele aprendesse na marra. Muitos deles utilizavam a palmatória, objeto de madeira com que antigamente castigavam os alunos que não estudavam direito ou que apresentavam dificuldades para aprender. A paciência e o carinho de uma irmã e de dona Maria, uma professora que, diferente das outras, "tinha alma de criança", ajudaram o pequeno Graciliano a descobrir a magia das palavras. A partir daí, o menino não parou mais, até se tornar o grande escritor Graciliano Ramos, autor de clássicos como Vidas Secas e São Bernardo..

Audálio Dantas Iniciou sua carreira, como repórter, na "Folha de S. Paulo" (1954), passando depois pelas seguintes publicações: revistas "O Cruzeiro" (redator, chefe de reportagem), "Quatro Rodas" (editor de turismo, redator-chefe), "Realidade" (redator, editor), "Manchete" (chefe de redação) e "Nova" (editor). Entre os trabalhos mais importantes que realizou, como jornalista e escritor, inclui-se o lançamento do livro "Quarto de Despejo", da favelada Carolina Maria de Jesus. Fez a compilação do diário que ela escreveu, na favela do Canindé, em São Paulo. O livro, lançado em 1960, foi um dos mais vendidos até hoje no Brasil e foi traduzido em 13 idiomas.
Teve atuação destacada no sindicalismo e na política, durante o regime militar. Em 1975 - Elege-se presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, com mandato até 1978. Sua eleição marca a vitória do primeiro movimento de oposição sindical, desde 1964, e sua atuação, no episódio da morte do jornalista Vladimir Herzog (outubro, 1975), levou a mudanças que terminaram por influir no próprio processo político brasileiro. Em 1976 - Membro do Conselho Editorial do jornal "Movimento", um dos mais importantes veículos da imprensa alternativa, ao lado de, entre outros, Chico Buarque de Hollanda, Orlando Villas-Bôas e Fernando Henrique Cardoso. Em 1977 - Eleito membro da Academia Paulista de Jornalismo. Em 1978 elege-se Deputado Federal por São Paulo, na legenda do MDB. Em 1981, recebe o Prêmio Kenneth David Kaunda de Humanismo (Organização das Nações Unidas, setembro de 1981), por sua atuação em defesa dos direitos humanos. Em 1982, volta a ocupar a presidência do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, para o qual foi eleito Vice-Presidente em 1980. Em 1983, eleito presidente da Federação Nacional dos Jornalistas Profissionais, na primeira eleição direta realizada no País para uma federação de trabalhadores. A proposta de eleição direta, contrariando a legislação vigente, partiu do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, durante sua gestão. 1984 - Membro fundador da Anistia Internacional/São Paulo. 1984 - Eleito vice-presidente do Conselho Curador da Fundação Cásper Líbero. 1984 - Eleito presidente do Conselho Curador da Fundação Cásper Líbero. É, ainda, membro da União Brasileira de Escritores e vice-presidente de honra do Conselho Paulista de Defesa da Paz. Detentor de vários prêmios de jornalismo. 1997 - Articulista do Diário Popular, de São Paulo, até julho de 2001. 2001 - Comentarista da TV Canal de São Paulo/TVA. Eleito presidente da Fundação Ulysses Guimarães, de São Paulo. Passa a produzir eventos culturais, entre os quais, "Cem Anos de Cordel", que teve sua curadoria, no Sesc Pompéia, em São Paulo. Em 2001, realiza, no Sesc Pompéia (abril a junho), em São Paulo, o evento 100 anos de Cordel - exposição, apresentação de grupos de teatro e música, palestra de especialistas brasileiros e estrangeiros sobre literatura popular, oficinas e feira, com participação de poetas populares e xilógrafos de todo o País. Em 2003, funda a empresa Audálio Dantas Comunicação e Projetos Culturais. Em 2003/2004, realiza o projeto "O Chão de Graciliano", por ocasião do cinqüentenário da morte do autor de "Vidas Secas". Essa exposição, da qual é o curador, teve 5 montagens (São Paulo, Maceió, Araraquara, Fortaleza e Recife). Em 2004, realiza o projeto "Na Terra de Macunaíma", juntamente com o escritor Fernando Granato, no Sesc Araraquara, na cidade onde Mário de Andrade escreveu a obra. 2005 - Nova montagem da exposição "Na Terra de Macunaíma", no Sesc Piracicaba, desde 15 de março. 2005 - Eleito, por unanimidade, vice-presidente da ABI - Associação Brasileira de Imprensa (maio/2005)

Livros publicados: "O Circo do Desespero" (Editora Símbolo, São Paulo, 1976). / "Resistência" (Câmara dos Deputados, 1979). / "Tempo de Luta" (Câmara dos Deputados, 1980). / "Repórteres" (Editora Senac, 1998). / "A infância de Graciliano Ramos" - infanto-juvenil (Instituto Callis, abril/2005) / " A infância de Mauricio de Sousa" - infanto-juvenil (Instituto Callis), lançado em 25 de setembro de 2005

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sobre choro e nó na garganta

Trecho do livro "Dente-de-leão: a sustentável leveza de ser" - Escritor Sacolinha