Hoje, dia dezenove de agosto do corrente [2008], gostaria de falar de um assunto que, particularmente, nunca me fora do meu agrado, apesar de não se poder fugir e nem se pode fazer excussão.
O fato em si acontece, precisamente, a quatorze anos do pretérito quando, trabalhando na cidade de Duque de Caxias e residindo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, relacionando-me com um casal de, aproximadamente, vinte e cinco anos que, ali, residia, fui testemunha ocular de alguns episódios desagradáveis; isto mesmo, destes que continua a infernizar, na atualidade do século vinte e um, a vida das pessoas tanto das classes altas como da média.
Para escrever este conto, desenvolver a narrativa, de modo a preservar a identidade das pessoas envolvidas, eu usarei o subterfúgio do pseudônimo, pois, ainda que eu tenha perdido o contato há exatos treze anos, espera-se que estejam vivos.
Uma nota de esclarecimento...
Os homens levados pelos ensinamentos na família levados à termo desde a tenra idade, adquirem prerrogativas machistas e, ao longo da existência, não conseguem se libertar dos conceitos e dos preconceitos enraizados no mais crasso de suas mentes.
Um desses conceitos neófitos e refutável consiste em uma atitude machista que diz:... – [homem não acha outro homem bonito.].
Que incoerência!
Bem, não sendo, eu, dessa maneira, não conservando em meu íntimo essas raízes preconceituosas, neste momento quero externar que, evidentemente, o Anderson era aos vinte e cinco anos, não sei hoje; um rapaz bonito em sua aparência exterior. No entanto, apesar de casado com a Estela, uma moça de agradável presença, uma menina linda de três anos de idade, a cocaína era-lhe pelos ignóbeis estímulos do vício, talvez, a maior de suas paixões.
A droga era-lhe a deusa de sua mitologia particular e, todo o dia, chovesse ou fizesse Sol, o Anderson haveria de adentrar a favela, adquirir um papelote e, sofregamente, inalá-lo até que se exaurisse por completo, e, assim, penetrando em seu cérebro doentio, produzisse o barato esperado para, como ele mesmo dizia – [elevá-lo ao pódio de sua loucura.].
No início, chegava à casa de modo estranho e Estela de nada desconfiava, pois, não acostumada àquelas loucuras, aqueles sintomáticos estados em que a droga transforma um ser humano, não sabia o que estava, na realidade, ocorrendo com o marido; por essa razão não entendia porque na jovialidade dos seus vinte e três anos, por várias oportunidades, apesar de sua insistência, em plena atividade sexual, era-lhe obrigado conter o desejo.
Bem que tentava, mas o Anderson, anestesiado, não correspondia as suas expectativas... – resultado:... – ainda que não tivesse feito qualquer curso nesse sentido Estela se transformou em um excelente investigador a cuja investigação era de fazer inveja a qualquer detetive.
Estela, a princípio, tinha em linha de conta de suas mais crassas intuições femininas que, a ausência do marido em relação à atividade sexual, talvez se devesse a existência de uma outra mulher; ledo engano! Isto ela mesma descobriu em parcos sessenta dias de constantes diligências pelos caminhos trilhados por Anderson, mesmo que, temerosa, não adentrasse a algumas ruelas e becos da vida onde o marido, comumente, se aventurava a adentrar.
Costumo trazer à luz um de minhas máximas:... – O destino se encarrega de mostrar-nos caminhos claros e caminhos obscuros, a decisão de qual caminho deve-se trilhar é, inteiramente, nossa e, acerca disso, devemos assumir toda a responsabilidade e não culpar a outrem pelo nosso sucesso ou insucesso. Se o caminho escolhido estiver destinado ao sucesso, colheremos os louros de nossa escalada, mas, se em contrapartida, o caminho selecionado for obscuro arcaremos com as os frutos da arvore da desventura que, certamente, colheremos no decurso de nossa existência... – sim ou não?
Verdade é que, o Anderson precavido como sempre, prudente como uma serpente, ainda que soubesse de toda a parafernália de ações errôneas que praticava, tinha o cuidado de, ainda que drogado, semi-amortecido pelos efeitos da cocaína, antes de despir a roupa usada no transcurso do dia de trabalho, revistar, um a um, os bolsos de sua vestimenta com intuito de verificar se não havia esquecido de algo nos bolsos.
Daí que, certo dia, em que se excedera na aspiração de cocaína, como acompanhante privilegiada, pelo menos para ele, levou um baseado; de que? De cannabis sativa, ora!
Tomou banho, jantou, foi dormir e, infelizmente, pelo estado de torpor em que se encontrava pelo consumo excessivo de drogas, naquela noite, mal se se encostara aos lençóis e apoiara a cabeça no travesseiro, adormecendo, proporcionou à Estela a descoberta que há tanto tempo augurava... – em um dos bolsos – um cigarro – um cigarro de maconha.
A partir de então, a vida dos dois se transformou em verdadeiro inferno... – Anderson não conseguia permanecer em sobriedade um dia, apenas, e Estela se desdobrava em busca de recursos que fizessem com que Anderson recuasse daquele mundo de derrocada em que, lamentavelmente, se enfiara desde a raiz dos cabelos a planta dos pés.
Longos sete meses se passaram, dias intermináveis de angústia e depressão, horas de intenso amargor faziam com que Estela definhasse a olhos vistos, pois, apesar de não ser maltratada pelo marido, não lhe era a vida desejada, obrigada a nadar no oceano lodoso do ignoto vício que, certa e gradualmente, a carregava aos passos curtos para o auschivitz do desânimo.
A última cartada...
Aproximava-se o final do mês de setembro de mil, novecentos e noventa e cinco, e, mais uma vez, no limiar da noite, Estela se senta na beira de sua cama de casal e, entrementes, põe-se a conversar com o marido sobre o assunto que, nos últimos tempos, mais a tem deitado nos lençóis do sofrimento... – as constantes crises de droga do amado.
Demais disso, diante de um acesso de descontrole, Estela como que exausta pela longa jornada de luta em prol de um salvamento que parecia ser impossível, debulha todo o seu desabafo em simplórias quatorze palavras, um ponto e vírgula e dois pontos:... – [Escolha de uma vez por todas; ou eu e sua filha ou a droga.].
Anderson...
Anderson não respondeu...
Entrou no quarto do casal, arrumou uma espécie de mochila com algumas roupas, foi a cozinha, bebeu um copo com água, voltou e disse a mulher:... – [Está bem! Você me obrigou a escolher. Sem você eu posso viver; sem a cocaína e a maconha jamais; boa sorte; seja feliz!].
Até qualquer dia; se Deus quiser!
Que escolha!
O fato em si acontece, precisamente, a quatorze anos do pretérito quando, trabalhando na cidade de Duque de Caxias e residindo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, relacionando-me com um casal de, aproximadamente, vinte e cinco anos que, ali, residia, fui testemunha ocular de alguns episódios desagradáveis; isto mesmo, destes que continua a infernizar, na atualidade do século vinte e um, a vida das pessoas tanto das classes altas como da média.
Para escrever este conto, desenvolver a narrativa, de modo a preservar a identidade das pessoas envolvidas, eu usarei o subterfúgio do pseudônimo, pois, ainda que eu tenha perdido o contato há exatos treze anos, espera-se que estejam vivos.
Uma nota de esclarecimento...
Os homens levados pelos ensinamentos na família levados à termo desde a tenra idade, adquirem prerrogativas machistas e, ao longo da existência, não conseguem se libertar dos conceitos e dos preconceitos enraizados no mais crasso de suas mentes.
Um desses conceitos neófitos e refutável consiste em uma atitude machista que diz:... – [homem não acha outro homem bonito.].
Que incoerência!
Bem, não sendo, eu, dessa maneira, não conservando em meu íntimo essas raízes preconceituosas, neste momento quero externar que, evidentemente, o Anderson era aos vinte e cinco anos, não sei hoje; um rapaz bonito em sua aparência exterior. No entanto, apesar de casado com a Estela, uma moça de agradável presença, uma menina linda de três anos de idade, a cocaína era-lhe pelos ignóbeis estímulos do vício, talvez, a maior de suas paixões.
A droga era-lhe a deusa de sua mitologia particular e, todo o dia, chovesse ou fizesse Sol, o Anderson haveria de adentrar a favela, adquirir um papelote e, sofregamente, inalá-lo até que se exaurisse por completo, e, assim, penetrando em seu cérebro doentio, produzisse o barato esperado para, como ele mesmo dizia – [elevá-lo ao pódio de sua loucura.].
No início, chegava à casa de modo estranho e Estela de nada desconfiava, pois, não acostumada àquelas loucuras, aqueles sintomáticos estados em que a droga transforma um ser humano, não sabia o que estava, na realidade, ocorrendo com o marido; por essa razão não entendia porque na jovialidade dos seus vinte e três anos, por várias oportunidades, apesar de sua insistência, em plena atividade sexual, era-lhe obrigado conter o desejo.
Bem que tentava, mas o Anderson, anestesiado, não correspondia as suas expectativas... – resultado:... – ainda que não tivesse feito qualquer curso nesse sentido Estela se transformou em um excelente investigador a cuja investigação era de fazer inveja a qualquer detetive.
Estela, a princípio, tinha em linha de conta de suas mais crassas intuições femininas que, a ausência do marido em relação à atividade sexual, talvez se devesse a existência de uma outra mulher; ledo engano! Isto ela mesma descobriu em parcos sessenta dias de constantes diligências pelos caminhos trilhados por Anderson, mesmo que, temerosa, não adentrasse a algumas ruelas e becos da vida onde o marido, comumente, se aventurava a adentrar.
Costumo trazer à luz um de minhas máximas:... – O destino se encarrega de mostrar-nos caminhos claros e caminhos obscuros, a decisão de qual caminho deve-se trilhar é, inteiramente, nossa e, acerca disso, devemos assumir toda a responsabilidade e não culpar a outrem pelo nosso sucesso ou insucesso. Se o caminho escolhido estiver destinado ao sucesso, colheremos os louros de nossa escalada, mas, se em contrapartida, o caminho selecionado for obscuro arcaremos com as os frutos da arvore da desventura que, certamente, colheremos no decurso de nossa existência... – sim ou não?
Verdade é que, o Anderson precavido como sempre, prudente como uma serpente, ainda que soubesse de toda a parafernália de ações errôneas que praticava, tinha o cuidado de, ainda que drogado, semi-amortecido pelos efeitos da cocaína, antes de despir a roupa usada no transcurso do dia de trabalho, revistar, um a um, os bolsos de sua vestimenta com intuito de verificar se não havia esquecido de algo nos bolsos.
Daí que, certo dia, em que se excedera na aspiração de cocaína, como acompanhante privilegiada, pelo menos para ele, levou um baseado; de que? De cannabis sativa, ora!
Tomou banho, jantou, foi dormir e, infelizmente, pelo estado de torpor em que se encontrava pelo consumo excessivo de drogas, naquela noite, mal se se encostara aos lençóis e apoiara a cabeça no travesseiro, adormecendo, proporcionou à Estela a descoberta que há tanto tempo augurava... – em um dos bolsos – um cigarro – um cigarro de maconha.
A partir de então, a vida dos dois se transformou em verdadeiro inferno... – Anderson não conseguia permanecer em sobriedade um dia, apenas, e Estela se desdobrava em busca de recursos que fizessem com que Anderson recuasse daquele mundo de derrocada em que, lamentavelmente, se enfiara desde a raiz dos cabelos a planta dos pés.
Longos sete meses se passaram, dias intermináveis de angústia e depressão, horas de intenso amargor faziam com que Estela definhasse a olhos vistos, pois, apesar de não ser maltratada pelo marido, não lhe era a vida desejada, obrigada a nadar no oceano lodoso do ignoto vício que, certa e gradualmente, a carregava aos passos curtos para o auschivitz do desânimo.
A última cartada...
Aproximava-se o final do mês de setembro de mil, novecentos e noventa e cinco, e, mais uma vez, no limiar da noite, Estela se senta na beira de sua cama de casal e, entrementes, põe-se a conversar com o marido sobre o assunto que, nos últimos tempos, mais a tem deitado nos lençóis do sofrimento... – as constantes crises de droga do amado.
Demais disso, diante de um acesso de descontrole, Estela como que exausta pela longa jornada de luta em prol de um salvamento que parecia ser impossível, debulha todo o seu desabafo em simplórias quatorze palavras, um ponto e vírgula e dois pontos:... – [Escolha de uma vez por todas; ou eu e sua filha ou a droga.].
Anderson...
Anderson não respondeu...
Entrou no quarto do casal, arrumou uma espécie de mochila com algumas roupas, foi a cozinha, bebeu um copo com água, voltou e disse a mulher:... – [Está bem! Você me obrigou a escolher. Sem você eu posso viver; sem a cocaína e a maconha jamais; boa sorte; seja feliz!].
Até qualquer dia; se Deus quiser!
Que escolha!