03 fevereiro, 2009

[Acordo Ortográfico... - um olhar crítico e nada mais.].


Prudentia sapere est distinguire aliqu-una actione quae si quaerere et quod necessariu est evitare... – a prudência é saber distinguir alguma ação que se quer e é necessário evitar – antes que os inimigos de outros idiomas se levantem; eis em seguida a defesa – o texto que, a seguir ides ler, está atrelado à locução verbal [convém evitar].
Os primeiros fótons surgem no zênite do nascente, e, anunciam a alvorada do dia 20 de janeiro – é-me necessário o viver de mais um dia.
Preciso escrever... – mas sobre o quê?
Tomo a esferográfica que, ainda, dorme sobre a mesinha da sala de estar, escolho o assunto a abordar – ortografia – o mais badalado nestes tempos ignotos.
Para começar, na qualidade de Diretor de Cultura do Fórum de Debates Arujá – SP, em nome da Presidência, da Diretoria, dos Conselhos de Administração e Consultivo, bem como do elenco de membros, mais uma vez, faço deslizar a tinta sobre a face do papel, desenho os caracteres romanos para trazer à luz a polemica e dispensável mudança proposta pelo recente [Acordo Ortográfico].
Como se sabe, o português é uma língua derivada do antigo latim originário do latium – lê-se Lácio – e como tal, integra o grupo dos idiomas neolatinos, e, de cujo status fazem parte o espanhol, o italiano, o romeno, o francês, et coetera.
Desse modo, é claro que não devemos adotar a postura das lesmas que se ocultam em seus caracóis, e, é nesse sentido que me sento à mesa para advogar a tese de que, efetivamente, não falamos o português, mas, sim, o brasileiro.
Como parte de minha defesa, lanço mão de uma frase, uma apenas, - sapato marrom está sobre cadeira – nota-se, claramente, pela forma gráfico-sonora do brasileiro – português-brasileiro – sabe-se lá – a ausência do artigo definido, soando ou ressoando, desse modo, desconectado aos nossos ouvidos atentos e sensíveis.
Explica-se – o idioma de Portugal é mais fiel ao latim, e, formalmente, exclui os artigos definidos em sua forma de elaborar as frases.
Por outro lado, o português, na mais pura essência, não possui vernáculas como [Ara-puka, Mara-kuta-ya, Mirï, e, nem tampouco, adota expressões idiomáticas como yg-apo, yg-asu, yga-rape, yta-una, abare-bebe, significando extensão alagada, braço de rio, pedra preta, padre voador. No entanto, a questão se avilta quando a pretensa uniformidade da língua se veste da capa da intangibilidade visual, ainda que conserve a túnica da sonoridade – logo, a menos que se possa provar em contradita, tudo não passa de meras oportunidades para especuladores editoriais e assemelhados no que tange ao aferimento lucrativo.
Daí, o que se vê?
A Comunicação adotar a nova grafia, as escolas se obrigarem a ensinar o sepultamento do trema, a asfixia do hífen, o coma induzido do agudo e do circunflexo, e, isto, por força das mudanças impostas pelo [Acordo Ortográfico]. Não obstante, com exceção a Portugal, Cabo Verde, São Tomé, Príncipe e São Nicolau das Queimadas – fazem o tipo – tô nem aí! Não decidiram quando as mudanças vão começar, e, isto, se é que vão ter início.
As demais postulantes à pretensa unificação – Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor Leste estão como as vagas que se chocam de encontro aos rochedos, pois nem ao menos o validaram na medida em que, ainda, desconsideram as proposições esdrúxulas.
Conta-se que o [Diário da República], uma versão do [Diário Oficial], em Portugal, ainda que se verifique singela imposição do [Ministério dos Negócios Estrangeiros] – versão brasileira do [Ministério das Relações Exteriores] está sendo publicado de conformidade com a [Regula Fidei ad acordu – regra fiel ao acordo] – há tempo – o prazo se estende ao próximo ano 2014.
Como se observa, o Brasil, prestes a integrar ao lado de United States of American, Nippon, Shon-ron, England, Deustchland, Itália e os demais – aos nomes próprios não se ofertam versões – a Comunidade dos Países Ricos, a exemplo de nações menos expressivas no cenário mundial, não consegue identificar na tela iluminada do bom senso a ignóbil inutilidade das mudanças propostas.
A sorte está lançada e a liberdade, ainda que tardia, é a única condição no mundo em que estamos firmados para contradizer inolvidável disparate.
Mudanças na escrita – o acordo ortográfico não enraíza em outros países de língua portuguesa, ou, de alguma derivada, mas Portugal crê no tempo como peso e medida conciliatória, portanto, como se vê, o Acordo Ortográfico não é aceito em outros países porque, na realidade, é caótico, dispensável e insustentável.
Questiona-se...
Onde estão os capacitados Domingos Pascoais Cegala? Por que não se manifestam os lendários Aurélios Buarque de Holanda? O que dizem os Josés Sarney? Por qual razão silenciam os literatos renomados diante de tão inexpressiva propositura? Será que é necessário entrar no cenário uma Elisa Ferraz, uma Rejane da Silva Barros ou um Ademiro Alves de Sousa?
O que se vê?
Analisando em linha de conta o disparate de tal proposição, resta-nos conviver com a imposição antera de uma equalização e com a inutilidade póstera do insondável acordo.
Quem viver verá!

José Lopes
Diretor de Cultura do Fórum de Debates Arujá - SP




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