Venha cá; puxe uma cadeira, ou melhor, o montinho de terra, tire as sandálias, sente-se, cruze as raízes, precisamos conversar...
Sobre o quê?
Sobre tudo, sobre a vida!
Não... – controle-se somente fale; eu escrevo ou gravo.
Como se vê, tens braços, mas não tens dedos, e, assim, não podes fixar a caneta, então, deslizo a esferográfica sobre a face do papel e sugiro na dança lúdica da mini-esfera desenhar as caricaturas das letras que compõem este texto.
Pretendem-se, juntos, trazer à luz o assassinato da tua vizinha ocorrido, lentamente, no cálice do sarcasmo, há exatos cinco anos, um arvorecídio culposo que reedita a falácia... - Arujá cidade natureza!.
Pronta; comecemos a entrevista, o depoimento, sou todo ouvido...
A Tabebuia Impetiginosa inicia a sua fala em língua tabebuiês. Primeiro, apenas, ouço, mas, depois, aciono a tecla “Record, em inglês”, do gravador; necessito gravar o depoimento do vil assassinato.
A Tabebuia Impetiginosa... – [Como se recorda, moramos em Arujá e eu, precisamente, na Avenida João Manoel. Na qualidade de moradora, sou testemunha da negociação de um terreno entre o Supermercado Takahashi e o seu legítimo dono sob o olhar desconfiado da “de cuja”.].
[Pelo que soube, o Takahashi se instalaria com uma filial e, para tanto, era patente os interesses escusos no que tange a vizinha.].
[Dois empecilhos!]. [Arujá sustenta o slogan de zelar pela natureza e a Polícia Florestal vigia, pelo menos, o centro da cidade.]. [Nada alem do que o dinheiro não possa comprar.]. [Afinal, a humanidade é ou não corrupta da raiz dos cabelos a planta dos pés?].
[Aceso o estopim, inicia-se a guerra nipo-brasileira para exterminar a vizinha, ainda que, abrindo mais as minhas folhas para ver, não visse nela um estorvo.]. [Atitudes de um neófito não ecologista.]. [Um deleite ao som ignóbil da moto-serra.].
[A primeira investida; negada, a segunda investida; indeferida, a terceira investida; rechaçada!].
[Resultado... – o jeitinho corrupto.]. [A copa dilacerada; imagine-se a dor, a agonia, o derramar abundante, e, em espessas gotas da seiva aniquila ao vegetal.].
[Os gemidos lancinantes ouviam-se ao longe e, daqui; presencio o soluço daquelas duas quaresmeiras que, protestando, despem-se dos seus vestidos tecido nas flores de tons rosáceos.]. [Que cena triste!].
[Ticos-tico esvoaçam, contestando a derrocada... – agora vi, agora vi, agora vi!].
Misto de temeroso e estarrecido; contemplo a cambaxirra que, desalentada, argumenta em cambaxirrês; poxa moço, onde construo o meu ninho agora? Respondo; não sei; na Serra da Cantareira ou nas matas de São Domingos; por incrível que pareça lá ainda tem ibirápitanga.
Volta-se ao depoimento. Diz a Tabebuia Impetiginosa:... – [O tempo urge. O Takahashi tem pressa. A Prefeitura é indomável. A Polícia Florestal vigilante.].
[As quaresmeiras desnudas lamentam o sofrimento da vizinha, outras arvores choram que fazer?].
Aparto... – poucas falam quaresmês, quase ninguém é ecologista ferrenho como eu, alguns são amantes do meio ambiente... – continue.
[A seiva aquo-oleosa, composta de orgânicos, minerais e uma faina de nutrientes, diante do Auschivitz vegetal é obrigada a absorvera água fervente, sintetizar óleo lubrificante, acido muriático, e, toda a parafernália química porque ao diabólico qualquer ser clorífico é refutável.]
[Ao desumano é impossível perceber o encanto e a beleza das flores, mas saboreia os frutos que não pode produzir em laboratório e, nem assim, as poupa da morte; quanta insensatez!].
[A amiga definha, sem amor, sem Deus, sem paz perante o homem insólito e irreverente, e, na sanha assassina o sofrimento é lento; a morte inevitável.].
O tempo passa e, certo dia, os pássaros mais ecologistas do que a raça humana; externam em passares:... – [Vamo-nos daqui antes que morramos; a paineira, o tio Sam já assassinou!].
Peço uma pausa, me é triste demais; reflito e, então, torno ao depoimento.
[O verão se aproxima, a Sol derrama luz e calor e as arvores, fixas, não podem se locomover a busca de sombras... – resultado.].
[Exposta à radiação solar, envenenada, doente, a paineira sucumbe nas insanidades nipônicas, pois nem o balsamo dos nimbos e a chuva de cinco dias a reanima e a ressuscita para a vida.].
[Assim, sepultada nos cemitérios dos fornos, mais uma, outra e mais outra; daqui a pouco – ah, daqui a pouco! O planeta será um imensurável deserto, sem arvores, sem água, sem recursos naturais e tios Sam, Alemães, Africanos, gentes de toda a raça e credo desaparecerá e serão necessários outros quatro bilhões e quinhentos milhões de anos para restaurar a vida.].
Conclua; Tabebuia Impetiginosa, o seu depoimento.
[Portanto, não me faça sofrer, não me aniquile; não me mate; não me assassine, nem as minhas semelhantes entendam, de uma vez por todas, o meu quaresmês, do contrário, daqui a sessenta anos, não mais do que isso tudo estará dizimado; todo o Terra exterminado, o meio ambiente e a vida no carbono.].
[Pense nisso!].
Sobre o quê?
Sobre tudo, sobre a vida!
Não... – controle-se somente fale; eu escrevo ou gravo.
Como se vê, tens braços, mas não tens dedos, e, assim, não podes fixar a caneta, então, deslizo a esferográfica sobre a face do papel e sugiro na dança lúdica da mini-esfera desenhar as caricaturas das letras que compõem este texto.
Pretendem-se, juntos, trazer à luz o assassinato da tua vizinha ocorrido, lentamente, no cálice do sarcasmo, há exatos cinco anos, um arvorecídio culposo que reedita a falácia... - Arujá cidade natureza!.
Pronta; comecemos a entrevista, o depoimento, sou todo ouvido...
A Tabebuia Impetiginosa inicia a sua fala em língua tabebuiês. Primeiro, apenas, ouço, mas, depois, aciono a tecla “Record, em inglês”, do gravador; necessito gravar o depoimento do vil assassinato.
A Tabebuia Impetiginosa... – [Como se recorda, moramos em Arujá e eu, precisamente, na Avenida João Manoel. Na qualidade de moradora, sou testemunha da negociação de um terreno entre o Supermercado Takahashi e o seu legítimo dono sob o olhar desconfiado da “de cuja”.].
[Pelo que soube, o Takahashi se instalaria com uma filial e, para tanto, era patente os interesses escusos no que tange a vizinha.].
[Dois empecilhos!]. [Arujá sustenta o slogan de zelar pela natureza e a Polícia Florestal vigia, pelo menos, o centro da cidade.]. [Nada alem do que o dinheiro não possa comprar.]. [Afinal, a humanidade é ou não corrupta da raiz dos cabelos a planta dos pés?].
[Aceso o estopim, inicia-se a guerra nipo-brasileira para exterminar a vizinha, ainda que, abrindo mais as minhas folhas para ver, não visse nela um estorvo.]. [Atitudes de um neófito não ecologista.]. [Um deleite ao som ignóbil da moto-serra.].
[A primeira investida; negada, a segunda investida; indeferida, a terceira investida; rechaçada!].
[Resultado... – o jeitinho corrupto.]. [A copa dilacerada; imagine-se a dor, a agonia, o derramar abundante, e, em espessas gotas da seiva aniquila ao vegetal.].
[Os gemidos lancinantes ouviam-se ao longe e, daqui; presencio o soluço daquelas duas quaresmeiras que, protestando, despem-se dos seus vestidos tecido nas flores de tons rosáceos.]. [Que cena triste!].
[Ticos-tico esvoaçam, contestando a derrocada... – agora vi, agora vi, agora vi!].
Misto de temeroso e estarrecido; contemplo a cambaxirra que, desalentada, argumenta em cambaxirrês; poxa moço, onde construo o meu ninho agora? Respondo; não sei; na Serra da Cantareira ou nas matas de São Domingos; por incrível que pareça lá ainda tem ibirápitanga.
Volta-se ao depoimento. Diz a Tabebuia Impetiginosa:... – [O tempo urge. O Takahashi tem pressa. A Prefeitura é indomável. A Polícia Florestal vigilante.].
[As quaresmeiras desnudas lamentam o sofrimento da vizinha, outras arvores choram que fazer?].
Aparto... – poucas falam quaresmês, quase ninguém é ecologista ferrenho como eu, alguns são amantes do meio ambiente... – continue.
[A seiva aquo-oleosa, composta de orgânicos, minerais e uma faina de nutrientes, diante do Auschivitz vegetal é obrigada a absorvera água fervente, sintetizar óleo lubrificante, acido muriático, e, toda a parafernália química porque ao diabólico qualquer ser clorífico é refutável.]
[Ao desumano é impossível perceber o encanto e a beleza das flores, mas saboreia os frutos que não pode produzir em laboratório e, nem assim, as poupa da morte; quanta insensatez!].
[A amiga definha, sem amor, sem Deus, sem paz perante o homem insólito e irreverente, e, na sanha assassina o sofrimento é lento; a morte inevitável.].
O tempo passa e, certo dia, os pássaros mais ecologistas do que a raça humana; externam em passares:... – [Vamo-nos daqui antes que morramos; a paineira, o tio Sam já assassinou!].
Peço uma pausa, me é triste demais; reflito e, então, torno ao depoimento.
[O verão se aproxima, a Sol derrama luz e calor e as arvores, fixas, não podem se locomover a busca de sombras... – resultado.].
[Exposta à radiação solar, envenenada, doente, a paineira sucumbe nas insanidades nipônicas, pois nem o balsamo dos nimbos e a chuva de cinco dias a reanima e a ressuscita para a vida.].
[Assim, sepultada nos cemitérios dos fornos, mais uma, outra e mais outra; daqui a pouco – ah, daqui a pouco! O planeta será um imensurável deserto, sem arvores, sem água, sem recursos naturais e tios Sam, Alemães, Africanos, gentes de toda a raça e credo desaparecerá e serão necessários outros quatro bilhões e quinhentos milhões de anos para restaurar a vida.].
Conclua; Tabebuia Impetiginosa, o seu depoimento.
[Portanto, não me faça sofrer, não me aniquile; não me mate; não me assassine, nem as minhas semelhantes entendam, de uma vez por todas, o meu quaresmês, do contrário, daqui a sessenta anos, não mais do que isso tudo estará dizimado; todo o Terra exterminado, o meio ambiente e a vida no carbono.].
[Pense nisso!].