30 janeiro, 2010

Dos Anjos

O Grito do Artista Edvard Munch Ano 1893.

Uma mulher desesperada
Busca resgatar seu maior tesouro
Sem voz, sem luz, sem som, sem palavras
Perambula às escuras pelas ruas ensolaradas
Em busca de ajuda, acolhida.

Bate em diversas portas
Inclusive a da justiça, da lei, da segurança
E não obtém resposta.

Que ironia! A vítima escondida,
E o bandido sorri e desfila!
Uma porta se abre, mas dez à sua frente, estão cerradas
Pelo concreto da indiferença
Que nos faz dizer não sem sentir mágoas.

E dizemos a todo o momento:
É seu direito! Mas...
Não há vagas, não podemos, não temos, e algumas vezes, não queremos.


Ter direito não serve de alento a essa mulher desesperada
Que sem compreender o seu momento
Sentada, prostrada, na bancada
Sorri em agradecimento
Pela atenção que lhe foi dada.

Eu, em seu lugar, não sorriria
Gritaria, espernearia, choraria
Mas... quando não se pode
Gritar, ouvir, escrever ou se expressar.

Quando se vive em mundo
No qual os símbolos não se refletem
Resta somente o choro e a resignação
Por que, por aqui, o direito se adquire através do berro.

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