01 fevereiro, 2010

Cidadania , um direito de todos

Os direitos descritos na constituição
São exemplos perfeitos de cidadania
Em 2010 se faz 122 anos de abolição
E ainda hoje se os capitães do mato
fardados me pegam,
tenho que dar satisfação;
Tá indo pra onde,tá vindo da onde?
Quando eu pergunta vê se responde.
Moro no centro da cidade
e não tenho lugar fixo
Posso descansar tranquilo
em um banco reservado que tenho na praça
ou dormir embaixo de alguma disputada marquise.
O nepotismo,tomou minha vaga de emprego
Portanto o sopão que os samaritanos
dão na praça,é o meu único alimento.
Não gosto de disputar vaga para dormir em albergue
Mas a assistente social disse que é esse o meu direito.
Lá encontro pessoas velhas,pessoas jovens
Todas acumuladas em um galpão.Parece senzala.
Excluídos,marginalizados,escória da sociedade.
Todos tem identidade,mas foram os direitos de ser cidadão
que os privaram da liberdade.
A situação da escola está precária
por isso ela foi fechada
Na ''escola para todos''ninguém repete
Se 2+2=é 7,não tem problema
O que interessa é responder um presente
e não obter faltas frequentes
Através de alguns livros que encontrei na lixeira
adquiri conhecimentos e sei quais são meus direitos.
Sou um ser pensante que às vezes
quando dói minha cabeça,por não ter residência
não consigo tratamento.
Quando olho para praça,vejo várias famílias
embaixo da árvores.
Algumas tristes,outras sem expressão
os mais jovens eufóricos,com a destruição libertária
Cachimbo de crack,lata de tinner,garrafa de pinga na mão.
Eles são seres humanos,não são plantas.
O que fazem morando no jardim da praça?
Eu sou um cidadão,eu sou um número,uma estatística.
Eu não tenho dinheiro,não tenho emprego.
Não tenho mais saúde pra morar na cadeia
Eu não quero quando morrer ser enterrado,como indigente.
Eu quero respeito,porque eu sou gente.
Antes de morrer,quero ver acontecendo
Pessoas relmente desfrutando dos seus direitos
Saindo de um pensamento utópico do subconsciente
pra se tornar concreto,pra toda nossa gente.
Eu sou um cidadão,não desfruto dos direitos da constituição
Mas assim sobrevivo... nesse mundo cão.
Podem me privar fisicamente,mas não podem acorrenter meus pensamentos.
Enquanto durmo no banco da praça,mesmo sem segurança nenhuma
o sopão servido me traz um conforto,e assim consigo sonhar.
De que algum dia,os revolucionários se juntem
e essa situação possamos mudar.

cákis
kkis1@hotmail.com
www.literaturanobrasil.blogspot.com

Sobre choro e nó na garganta

Trecho do livro "Dente-de-leão: a sustentável leveza de ser" - Escritor Sacolinha