30 março, 2005

Notas...

Literatura no Brasil, o Blog oficial do Alto tietê, valorizando a cultura de periferia.
Contatos com o projeto: 47495744 / 83252368
Vem aí, a entrevista com o escritor e roteirista, Fernando Bonassi.
O Romance Graduado em Marginalidade será lançado neste ano de 2005. Em breve, logo, logo. Aguardem.
Portas abertas

O projeto cultural Literatura no Brasil, está aceitando textos para serem divulgados na “Sexta Fase” do projeto, que será lançada no começo de agosto de 2005.Todo texto que o projeto recebe, é analisado por uma comissão literária e se aprovado for, será trabalhado durante quatro meses (Uma fase).Debates, palestras, rádios comunitárias, eventos, feiras literárias, saraus, encontros sociais, e Internet, são os ambientes onde o Literatura no Brasil divulga os textos.Áqueles que trabalham com literatura, ou seguem a carreira de escritor, não percam essa oportunidade, são mais de 1.280 leitores de todo o Brasil, cadastrados com o projeto. Se quiser enviar um texto seu para ser publicado neste site/blog, mande para o e-mail do projeto.
Á direção.

28 março, 2005

Mais textos.

Solitária

O dia eu não sei. Nem as horas também. Só sei que ouço vozes distantes. Próximas, distantes... Os dias passam pra mim cada vez que o meu cansaço, de não fazer nada, me força a dormir. Nesses dias em que fico aqui, sentado, deitado, só penso. Apenas penso. Pensar cansa sabia? Cansa. Me sinto muito cansado. O corpo, a mente, o espírito. Espírito? Será que ainda tenho? Será que um dia tive? Já fiz muita merda nessa vida. É. Já fiz.
- O que é isso? - De repente passos vinham em minha direção, mas quem? Pra falar a verdade acho que me esqueceram aqui. Devo gritar? É isso, vou gritar.
- EEIIII!!!!, AQUI!! EU TÔ AQUI!!, VIVO!!, LÚCIDO!! Com medo... Com muito medo - Passos vem em minha direção, apressados.
- Graças a Deus, graças a Deus vão me tirar daqui.
- Que é que tu quer miserável? Quer levar pau no lombo? Esqueceu como é? Abre essa porra que vou deixar ele bem quietinho.
Meus ouvidos doeram com o barulho do ferrolho abrindo a cela. Entrou um vento tão frio que tremi. Já as porradas não. Eu já tava acostumado. Não me doía mais. Minha vida na verdade sempre foi apanhar. Apanhei como um condenado a cada passo dela. Agora, eles gostam de bater. Batem forte mesmo. Meu corpo vira um tambor de tanta porrada. Me dá sono, me dá sede. Esse gosto salgado do sangue na minha boca desdentada me dá sede. De súbito, eles param, o cachorro chega a ofegar de tanto cansaço.
- Seu Guarda, me dá água.
- Ah, tu quer água é? Toma seu filho da puta. O miserável tirou a trolha, um cacetão preto ou branco sei lá. Tô quase cego aqui nessa escuridão. Canalha me jorra na cara uma enxurrada de urina podre. Deve ta com alguma doença venérea, vai se foder um dia.
- Matou a sede? Fecha a tranca. Mais duas semanas pra esse bosta no buraco.
É. Pelo menos matou a sensação de estar só. Nem tô sozinho, nem tô pirando. Vou é tirar um cochilo, meus olhos já estão ardendo. A luz cega me incomoda demais. Ai... Eu devia ta na rua, olhando o verde das pracinhas, o mar. Faz muito tempo que não vejo o mar. Nunca mais o vi. Nem minha cidade. Minha mãe, que Deus a tenha, meu velho... Decepcionado como sempre. Dois filhos, um na cadeia e o outro dando a bunda.
- Filho da Puta, Safado! Não tem vergonha, não respeita nem o pai? Viado. Ta nas ruas, fazendo programa.
Saudade das pracinhas... Das criancinhas... Ah como adoro as criancinhas. Tão cheirosas, rosadinhas parecem brinquedinhos. Brinquedinhos que nunca tive. Parecem brinquedos. Que adoro usar. Adoro usar uma criancinha, sua inocência, sua pureza, seu cheiro, hum... Adoro usar uma criancinha.
- Seus merdas! Vocês não me entendem? Vocês não entendem porra nenhuma! Vocês não entendem nada! Me tira daqui seu miserável!! Me tira daqui!
Os passos. Lá vêm eles de novo. Apressados. Graças a Deus, graças a Deus.
- Cala a boca seu merda! Se não eu te apago aí mesmo. Cala a boca!
- Foda-se, eu preciso brincar... Eu preciso de um brinquedinho, olha só como eu fico só de pensar, olha! Eu preciso de um bonequinho.
Ai! O barulho do ferrolho me põe novamente de joelhos e o tambor, que sou eu, tornou-se a rufar. Meu Deus, por que eles não me entendem? Como eu gostaria de um brinquedinho agora, um frágil bonequinho pra saciar minha solidão.
Gilberto Bastos é morador de João Pessoa, Paraíba.
Mais um escritor chegando no projeto.

25 março, 2005

Sites e Blogs


Logo será lançado o trabalho em que participam os escritores e poetas: Sacolinha, Alessandro Buzo, Sérgio Vaz e Marcopezão.

Comentários...

Qualquer dúvida, comentário, crítica, problema e principalmente solução, favor direcionar para o e-mail do projeto. Se você ainda não é cadastrado com o Literatura no Brasil, envie-nos o seu nome, endereço residencial, e-mail e telefone.
Contatos: literaturanobrasil@bol.com.br

24 março, 2005

Fernando Bonassi

O escritor e roteirista Fernando Bonassi, deu uma entrevista exclusiva para o projeto cultural Literatura no Brasil. Ela será publicada aqui no início do mês de abril.

Texto inédito!

A base perdida

Carlos Colombo sempre foi um homem que adorava viver, porém, o que o destino lhe reservou mudou totalmente a sua adoração á vida.
Homem de seus trinta e oito anos, casado com Mariliza desde 1985. O casal tem duas filhas, uma com nove anos de idade e a outra com onze.
Tudo se iniciou quando Mariliza começou a desconfiar do marido, homem extrovertido, brincalhão e sempre pronto para as intimidades do casal.
Ele era diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Carapicuíba, seu trabalho era esse. Militava num partido de esquerda e quase não tinha tempo para a família.
Houve a época em que vez ou outra chegava em casa tarde, jantava e ia direto para a cama. A esposa perguntava:
- Não vai tomar banho não Amor?
Carlos respondia que havia tomado banho no sindicato, sem se dar conta que lá não havia chuveiro e que a mulher sabia disso.
Várias vezes Mariliza passava horas tentando estimular o marido para o sexo, mas Carlos sempre arrumava uma desculpa. Para a esposa isso já era demais, conhecia o seu marido e alguma coisa de errada estava acontecendo.
Diversas noites ela sofreu de insônia, pensando na possibilidade do marido estar traindo-a. Nessas horas brigava com a sua própria consciência: “O Colô não pode estar fazendo isso comigo. Temos uma vida familiar muito boa e financeira também”.
Ela não conseguia se segurar. Todas ás noites costumava pegar no cesto as roupas usadas pelo marido durante o dia, para procurar fios de cabelos e sentir algum perfume estranho. Vez ou outra achava alguma coisa que confirmava a sua suspeita.
Pra não fazer papel de boba e ter certeza do que estava imaginando, usou metade do salário que ganha como professora do ensino fundamental, para pagar um detetive.
O resultado foi o que estava sendo imaginado por ela. Carlos Colombo estava traindo Mariliza com uma vereadora do partido em que militava. Na linguagem feminina estava sendo um cafajeste e na fala dos homens estava sendo o Ricardão, já que a vereadora também era casada.
Mariliza pediu o divórcio e foi para a casa da sua mãe em Minas Gerais, levando junto consigo as duas filhas.
No decorrer dos meses Carlos Colombo foi regredindo. Após os seus porres constantes foi perdendo os amigos e colegas. A vereadora também se afastou.
Sem as devidas articulações, não conseguiu se manter na diretoria do Sindicato. Ficou sem emprego para se manter. A casa estava nas mãos do advogado contratado por Mariliza.
Carlos Colombo começou a se lamentar solitariamente:
- Pô Liza, só agora que você me abandonou é que percebi o tanto que te amo.
O sorriso sumiu, as piadas foram esquecidas ou deixadas de lado, e a vontade de viver está sendo escarrada todos os dias junto com a saliva misturada com pinga que, Carlos bebe para suportar o sofrimento de viver nas ruas da cidade de São Paulo.

Ademiro Alves (Sacolinha), é escritor
do livro “Graduado em Marginalidade”,
romance que será lançado neste ano de 2005.
Vingança
A vingança tem seu lado bom se usada como convém, se uma pessoa disser que te ama vingue-se dela, diga que a ama também.
Sérgio Vaz

22 março, 2005

Compromisso Social

É NESTE SABADO - 26 de MARÇO - A PARTIR DAS 12:00 HS.

V FAVELA TOMA CONTA
Com muito hip hop e conscientização.

SHOWS COM DIVERSOS GRUPOS
Graffit com MAGU da FOTS
Break com Eduardo e Andrezinho.
Presença da escritora BABI AKYLLA autografando seu livro VIVENDO COM A VIDA.
Serão distribuidos 100 exemplares do livro.

Apresentação: ALESSANDRO BUZO

Local: Travessa da Estr.Dom João Nery, altura do Jardim Olga, em frente aos predios do CDHU, no bairro do Itaim Paulista

INF: (11) 8218-7512
alessandrobuzo@terra.com.br
www.suburbanoconvicto.blogger.com.br

APOIO:
LITERATURA NO BRASIL
RAP BRASIL
MOVIMENTO ENRAIZADOS
MOHHB
PORTAL RAP NACIONAL
REAL HIP HOP
BOCADA FORTE
105 FM

Cotas já...

Cotas para autores inéditos
(Por Carlos de Andrade)

Nesta segunda semana, através das discussões no grupo, começamos a cristalizar os objetivos do FÓRUM. O escritor John Dekowes fez uma reflexão sobre a qualidade das obras literárias numa eventual vitória de nossa principal reivindicação, ou seja, a COTA EDITORIAL PARA AUTORES INÉDITOS. O texto de Dekowes e a minha resposta estão no grupo de discussão do Yahoo, que, aliás, para facilitar criei um endereço mais curto no CJB.NET: http://www.cotaeditorial.cjb.net A resposta que dei a John Dekowes, além da questão da qualidade, também abordou uma outra importante: a inclusão do FÓRUM EM DEFESA DE COTA EDITORIAL PARA AUTORES INÉDITOS na CSLL (Câmara Setorial do Livro e Leitura). A CSLL é uma instância consultiva que, abrigada no Ministério da Cultura, será responsável pela elaboração da Lei do Livro.A CSLL tem na composição de seu quadro consultivo três entidades representando os escritores: a UBE (União Brasileira de Escritores), cujo requisito para se associar é que o escritor já tenha editado alguma coisa, portanto não representa os autores inéditos; a segunda entidade é AEI-LIJ (Associação de Escritores e Ilustradores de LiteraturaInfantil e Juvenil), que, por sua especificidade, também não representa os novos autores e, a terceira, a ABL (Academia Brasileira de Letras) que não cabe nem mesmo comentário sobre sua natureza elitista e excludente. Daí que, por entendermos que o FÓRUM EM DEFESA DE COTA PARA AUTORES INÉDITOS, na sua abrangência, é a única entidade que tem a legitimidade representativa dos CRIADORES LITERÁRIOS, exigimos a nossa participação na CSLL.Para isso envie um e-mail para fomedelivro@minc.gov.br , aos cuidados de Galeano Amorim exigindo a participação de nossa entidade na CSLL. Peça para seus amigos fazerem o mesmo. Quanto mais e-mails melhor.O FÓRUM não pára de crescer. Neste momento temos 74 participantes em todo o Brasil e inclusive um no Canadá, um em Portugal e uma na Alemanha. Sendo assim, bom final de semana e até sábado que vem, quando este boletim vai nos dar, com certeza, melhores notícias.Um grande abraço,Carlos de AndradeCoordenador NacionalFÓRUM EM DEFESA DE COTA EDITORIAL PARA AUTORES INÉDITOSSite: http://www.cotaparaautoresineditos.cjb.net Grupo de discussão: http://www.cotaeditorial.cjb.net

21 março, 2005

Grandes detalhes

Prefácio – Literatura no Brasil

A cultura de apologia à leitura e a vida está crescendo da raiz, e essa raiz chama-se...Literatura no Brasil.
José Louzeiro, Plínio Marcos, Gonçalves Dias, Aluízio Azevedo, João Antônio, Adelaide Carraro, Lima Barreto e Maria Carolina de Jesus. Esses e outros escritores brasileiros fazem parte do trabalho do projeto. Trabalho que para se desenvolver basta ter uma visão do cotidiano.
O projeto cultural Literatura no Brasil, foi posto em prática num momento de revolta, tornando assim um depósito de desabafo não só para o idealizador do projeto, mas sim, para todos aqueles que enviam seus trabalhos para serem divulgados pelo Literatura no Brasil.
Dia 1 de Dezembro de 2002, a cultura da periferia ganhou mais um aliado.
Esse projeto conta com uma comissão literária e tem contato com diversos estados.
Desenvolver debates, palestras, saraus, eventos beneficentes e explorar murais, são umas das atividades que o Literatura no Brasil mais pratica. Futuramente lançaremos concursos literários e coletâneas, sempre dando prioridade onde a cultura fantasia não alcança.
Outro papel fundamental do projeto, além de incentivar a leitura, é a divulgação de escritores anônimos. Escritores que já tem trabalhos lançados, mas não tiveram uma oportunidade para mostrar o seu talento.
Poemas, poesias, contos, crônicas, frases, versos, prosas, enfim, todo e qualquer trabalho literário que tenha um cunho social, passe informação ou chame a atenção para a sua leitura. Esses trabalhos serão avaliados pela comissão e se forem aprovados, serão xerocopiados e distribuídos em eventos, debates, saraus, palestras, bibliotecas, entidades, ong’s e por meios de cartas enviadas. Também serão lidos em diversas rádios comunitárias e no site/blog do projeto.
O Literatura no Brasil está aí para fazer o leitor prestar mais atenção no livro em que está lendo, pois não devemos devorá-lo, e sim apreciá-lo.
Os diretores e responsáveis de bibliotecas que aceitarem doações podem se cadastrar com o projeto. Todos os livros, revistas e gibis que o projeto recebe é revertido para as entidades que mantém cadastro com o Literatura no Brasil.

À direção.

Contatos com o projeto:
Rua Guarani, 413 – Jd. Revista – Suzano – S.P - CEP: 08694-030

(011) 9743-7129 – Manuilha – 8356-0335 – Gíggia
E-mail: literaturanobrasil@bol.com.br


Produtos Literatura no Brasil

Camisetas à venda nas cores: Preta – Branca – Bege – Amarela - Azul escura e Turquesa
Disponíveis nos modelos femininos e masculinos: P, M, G, GG.
Dois modelos de desenhos.
Camisa: 10,00 / 13,00
Infantil: 8,00 / 10,00
Blusa: 20,00 / 15,00

Também á venda as antologias:
“No limite da palavra”, ed. Scortecci.
“O Rastilho da Pólvora”, cooperifa
"Artez vol. 05" Meireles editorial

Todos os produtos terão 30% de investimento no projeto.
À venda na loja Contacto Sport – fone: 47446831
Centro de Suzano – rua General Francisco Glicério, ao lado da estação de trem de Suzano.
Ou compre diretamente com o projeto. Saiba como:
Literatura no Brasil: (11) 47495744 / 83252368

Projeto Cultural Literatura no Brasil, valorizando a cultura de periferia

19 março, 2005

Em breve...

Trecho da obra “Graduado em Marginalidade”
(Romance que será lançado neste ano)

Tudo que é bom para Burdão cheira a flores, mas neste momento a brisa está confusa. Rebeca transmite um cheiro gostoso, porém, a notícia que trouxe é quase insuportável.
Um filete de lágrima escorre no rosto de Burdão, ela aproveita para consolar.
- Pô, será que todas as pessoas que eu gosto vão morrer? - Falava Burdão - Não sei o que fiz para merecer isso, primeiro o meu pai, em seguida minha mãe, Escobar, meus colegas e agora a dona Carmem, quem agüenta?
Rebeca não tinha palavras para o consolo, preferiu abraçar mais forte o corpo grande de Vander:
- Eu estou com você.
Á noite depois de muito conversarem João Ligeiro ressonava, e Vander sem sono pensava na desgraça. A sua esperança se resumia apenas na figura de dona Carmem. Como existia alguém tão ruim assim para matar uma idosa de seus cinqüenta e tantos anos?
Vander preferiu não ir fundo na questão. Já estava decidido, só faltava traçar o plano.
Levantou da cama, rezou baixinho para os Orixás, acendeu uma vela para dona Carmem e Teddy, e aproveitou a chama acesa para mergulhar na vida de Carlos Marighela.

Entre nessa!

Atenção escritores e poetas:
CONVOCAÇÃO GERAL
Está em discussão no Governo Federal uma série de questões relacionadas à leitura e à indústria editorial. Inclusive a indústria editorial conseguiu reduzir a zero os impostos sobre o setor. Reconhecemos a importância desta grande conquista do setor. Porém entendemos que não basta o Governo retirar os impostos, é preciso exigir uma contrapartida da indústria editorial. Nossa proposta:• QUE O GOVERNO FEDERAL EXIJA COMO CONTRAPARTIDA UMA COTA ANUAL DE EDIÇÕES DE AUTORES INÉDITOS PROPORCIONAL AO VOLUME DOS BENEFÍCIOS FISCAIS OBTIDOS PELO SETOR.Esta proposta visa estabelecer uma base legal mínima para que as empresas do mercado livreiro invistam nos novos autores. Em curto prazo a aplicação deste mecanismo fiscal permitiria a revelação de novos escritores e ampliação do mercado consumidor de livros. Em longo prazo abriria em nossa história um novo capítulo da cultura em nosso país.Se você quer participar desta luta e quer contribuir de alguma maneira escreva para o escritor Carlos de Andrade:cotaparaautoresineditosja@hotmail.com
SÓ ASSIM NASCERAM NOVOS ESCRITORES. COTAS PARA AUTORES INÉDITOS JÁ!

17 março, 2005

Notas...

A próxima entrevista a ser publicada neste blog, será do escritor e roteirista Fernando Bonassi. Fique atento.

Vem aí o livro “Graduado em Marginalidade”, um romance urbano contemporâneo, primeiro livro do escritor Sacolinha!

Dia 15 de abril será lançado em Suzano o primeiro concurso literário a nível municipal. Este concurso que está sendo desenvolvido pela Secretaria Municipal de Cultura de Suzano, conta com o apoio do projeto cultural Literatura no Brasil.
Informações: concursoliterariosuzano@hotmail.com

16 março, 2005

Uma pergunta.

O futuro será o mesmo?

Ontem eu escrevi; escrevi sobre pipa, bolinha de gude, pique-esconde, histórias em quadrinhos, doces, minha mãe me dando bronca e minha avó me levando pra passear. Escrevi sobre futebol, skate, capoeira, carrinhos de rolimã, desenhos do pica-pau... Escrevi a infância.
Hoje estou escrevendo; escrevendo sobre a falta de professores, falta de comida; drogas e gravidez na adolescência, estou escrevendo sobre o cego pedindo esmola no trem, a senhora catando latinha, e a mãe que chora... Estou escrevendo apenas alguns problemas na juventude.
Amanhã vou escrever; escrever sobre o político que rouba, sobre a violência, gente comendo gente, pessoas saqueando o comércio, policiais cometendo chacinas, mulheres assaltando os bancos. Irei escrever da falta de emprego, os Estados Unidos mandando na gente, o povo sendo massacrado... Escreverei o inferno.
Será que meu filho irá escrever sobre a natureza?

Ademiro Alves (Sacolinha)

15 março, 2005

Divulgação...

Atenção; estão disponíveis para venda esses livros abaixo. Porém ressaltamos que restam apenas algumas unidades, se lhe interessar faça o pedido o mais rápido possível.

Antologia de contos, poesias e crônicas, “No limite da palavra” da editora Scortecci, 48 autores em 167 páginas. Entre eles letrados, professores, advogados, filósofos, compositores e militantes. O valor dessa obra é de R$12,00.
O escritor Sacolinha abre esta antologia com um conto erótico. Leia trechos á seguir:

“No fim desse encontro deram um beijo, aliás, um beijo demorado, no que deu a entender que já se conheciam há tempos. O beijo foi premeditado, pensado e planejado. Os lábios frios do sorvete napolitano que acabaram de tomar, se tocaram carinhosamente e ficaram um bom tempo assim, curtindo a sensação das línguas a se tocarem, viajando na sensação do primeiro beijo de duas pessoas que acabaram de se conhecer.”

“Lá fora, as estrelas no céu anunciam um fim de semana caloroso. A avenida deserta recebe vez por outra um carro a passar apressadamente. Pássaros e borboletas dormem.
Três horas da matina.
Dentro do motel, o office-boy e a secretária.”

“A saia desceu suavemente, e agora o que sobe é a camisa de Railson, que sem perder o fôlego tirou a mini-blusa da grande mulher. Ficou mais excitado ao ver a lingerie de cor branca que ela está usando. Após um pequeno esforço, ele consegue despir os seios da beldade. A língua do office-boy desceu abusadamente da boca dela para o queixo e depois para o pescoço, onde ficou dando mordidas enquanto descia a calça.”

Coletânea: ARTEZ Vol. V – Antologia literária e artística
Contos, Crônicas e Poesias
Participação: Ademiro Alves (Sacolinha)
Valor: R$ 5,00


Antologia o Rastilho da Pólvora: Vários poetas e escritores da Cooperifa, entre eles: Sacolinha, Alessandro Buzo, Sérgio Vaz e Marcopezão. Valor: R$ 10,00

Para adquirir qualquer um desses livros entre em contato com o projeto Literatura no Brasil:
literaturanobrasil@bol.com.br / fones: (11) 47495744 / 83252368

Fazemos venda pelo correio

Projeto Cultural Literatura no Brasil, valorizando a cultura de periferia.
Essência cultural do gueto, só isso e nada mais.

14 março, 2005

5ª Fase

Clamor (Wald Ferreira)

Se você não me dá oportunidade hoje, que opção posso te dar amanhã?
Se tem pra mim uma pedra no lugar do coração/ Tenho pra você, uma arma na mão.../
Se você! Nega a oportunidade pra que eu cresça / aumenta a chance de uma arma na sua cabeça. /Se você me nega a luz / nos caminhos que me conduz / nada mais serei senão um vulto / para a sociedade, oculto./ E o preço...O preço você vai pagar! / Na terra que seu corpo cobrirá / a cada passo... Eu serei infelicidade,/ mas você! Você Será só saudade... /
Por quê? Por que me vê tão repulsivo, / se nem mesmo dei o motivo / a nossa diferença é a cor da pele / só por isso me repele?/ Sabia... Minha história passou por suas mãos / de geração em geração... /E querem esconder os fatos / uma história sem memória nem retratos / é... A história esconde das páginas. /Mas você! Pode ao invés de lágrimas / que fazem murchar do rosto o riso / proporcionar um grande sorriso, / tão largo que as orelhas pode engolir. / Ouça! Ouça meu clamor! Faça-me sorrir! / eu grito! Grito pra que me ouçam, Gritooo! / e o eco perde-se no infinito.../
Não ouvem, o grito morre sufocado. / No silêncio da minha dor, calado.../ No vazio daqueles que não querem ouvir, / para sua consciência não assumir. / Que na pele temos diferente coloração / mas uma só cor no coração. / Ainda há esperança, ajude-nos a mudar!/ Vamos dar as mãos e elo a elo juntar. / Justiça e igualdade são o eco dos nossos gritos,/ não de senzalados, nem de negros aflitos. / É o grito de uma etnia reconhecida, não pela cor.../Mas pela sua capacidade, inteligência e valor. / Ouça você o nosso grito,/ Somos Negro Sim! Negro Sim! Repito.

Wald Ferreira é desenhista e escritor.
Tem lá seus 36 anos e mora em
Ferraz de Vasconcelos (Alto Tietê) S.P.

12 março, 2005

Mais contos...

A gravidez de Ana Paula

Filha única de um casal de baixa renda, Ana Paula era o xodó da família. O pai, João Antonio, pedreiro de profissão, trabalhava sempre nas proximidades do bairro em que morava, no Jd Capelinha. Nunca foi de muita conversa, tinha poucos amigos e depois do dia de serviço gostava de tomar uma cachacinha no bar do Clidão, antes de ir para casa. Dona Irene, a esposa, ajudava no sustento da casa mantendo com dedicação um emprego de muitos anos, como arrumadeira num hospital da zona sul. Ana Paula, desde que ficou menstruada aos 12 anos, teve seu corpo desenvolvido, já de moça formada. Na escola, chegou a ser repreendida e aconselhada a não ir de mini saia à sala de aula. Nas ruas, por onde passava, um coro de assobios a perseguiam. Galanteadores não faltavam. Convites para sair e namorar também não. Porém, embora esbanjando simpatia e beleza, ela se manteve distante dos relacionamentos próprios da idade. Terminou o curso ginasial e decidiu fazer o colegial, numa escola técnica no centro de São Paulo.
A mãe, principalmente, relutou em consentir. Dona Irene preferia tê-la sob as vistas e muito tempo gastava em conversa franca com a menina. As precauções que deveria tomar, o cuidado com os rapazes que insistiam diariamente em telefonar. Pois, apesar de ser jovem ainda, é bem verdade, que cedo se fizera um mulherão.
Começou o ano letivo, em abril a moça completara 17 anos e tudo parecia ir muito bem. Até que um dia, sábado à tarde, Ana Paula vai a cozinha e diz para a mãe que a menstruação está atrasada.
Dona Irene gelou dos pés a cabeça. Preocupada foi na farmácia e comprou o teste gravidez. Retornou ansiosa e fez Ana Paula, muito a contragosto, urinar imediatamente. O mundo ali pareceu desabar. O resultado fora positivo. Ana Paula estava grávida. Dona Irene passou a gritar, a chorar, a se lamentar. Tantos foram os conselhos e nada adiantou.
- Quero saber quem é o maldito desse canalha que te desonrou? Fale, Ana Paula! Quem é o maldito?
Assustada, Ana Paula, corre para o quarto. Em prantos, pega o telefone e faz uma ligação. Enquanto isso a mãe esbravejava:
- Abra essa porta! Vá já falar com seu pai.
“Seo” João Antonio a que tudo ouvia, continuou impassível sentado diante da televisão.
Passados vinte minutos, uma Ferrari, último tipo, vermelha, pára em frente da casa. Do carrão desce um homem maduro, elegante, cabelo cheios e grisalhos. Sapatos de cromo, vestindo um terno impecável. Aciona a campainha, Ana Paula vai atendê-lo e depois de um breve diálogo, o leva para a sala. Seguem as apresentações formais, ele se diz chamar Oliveira Candido e então senta no sofá e começa a falar.
- Bem, Ana Paula me informou do incidente. Devo dizer que devido a minha situação familiar, eu não posso me casar com ela. Mas eu assumo a situação e cuidarei de todos os quesitos. Se caso nascer uma menina, posso dar a ela três lojas no shooping Ibirapuera, duas casas, um apartamento na praia e uma conta com 500.000 dólares. Se for um menino, ele terá duas fábricas rentáveis e, claro, 500.000 dólares de poupança. E, no caso de ser gêmeos, também terão duas indústrias confiáveis e 250.000 dólares na conta de cada um. Mas, no caso de um aborto, eu ...”
Nesse momento, “seo” João Antonio, que até então se mantivera calado, se levanta, põe a mão sobre o ombro de Oliveira Candido e diz:

- Meu amigo, no caso de acontecer uma horrível tragédia dessa, eu o aconselho: Come, fode Ana Paula de novo!

Marcopezão (poeta, fotógrafo e jornalista)

11 março, 2005

Conto urbano!

As três companheiras

O local é conhecido como jardim Etelvina, Zona Leste de São Paulo. A casa fica numa rua estreita, dessas que se parecem com vielas.
Dentro dessa residência mora Dona Leide, mulher de seus sessenta e dois anos de idade. Produz artesanato para vender e pra passar o tempo, morar só nem sempre é bom.
De dia sua casa de quatro cômodos está cheia de clientes apreciando as obras de arte dessa senhora, mas quando á noite vai caindo ela começa a ficar só, aguardando a chegada da sua companheira noturna que automaticamente convida a outra para fazer companhia á Dona Leide.
A casa foi fruto de muito esforço. Ela foi uma dentre variadas mulheres que contribuía mês a mês com a arrecadação do mutirão para as casas próprias. Era na chuva ou no sol, Dona Leide estava bem viva, mexendo a massa de areia, cimento e água, ás vezes concreto. Houve o dia em que mesmo com o braço direito fraturado, ela estava carregando bloco, sempre na sede de ver o seu sonho realizado, ter a sua casa própria e parar de morar de favor nos cantos de São Paulo.
Muitos desistiram, outros voltaram de onde vieram, e alguns decidiram continuar morando na favela do que ter que dar o sangue por algo que não teriam certeza que estariam vivos para usufruir. Puro egoísmo.
Após muita garra seguida de várias discussões, Dona Leide conseguiu a sua casa. Não era exatamente onde ela queria, mas o mais difícil foi conquistado. Depois dessa grande vitória, praticou alguns meses de artesanato e em pouco tempo saiu falando com as mãos. Ela é admirada no bairro onde mora pelas flores que faz, pelos vasos produzidos com amor, as banquetas feitas de garrafas pet e pelas redes tecidas com ferocidade feminil. Até o governador de São Paulo e a primeira dama do Brasil já foram seus clientes.
O dinheiro de sua aposentadoria mais o dinheiro das vendas de artesanatos é o suficiente para ela comer, beber, pagar as contas, e sair para curtir um bom forró nos bailes da terceira idade. Mas que forró que nada, até que ela adora um arrasta-pé e um rala coxa, mas sem um bom parceiro não dá.
A noite vem chegando. Dona Leide sentada no sofá da sala suspira fundo, termina de dar barra na calça e olha o passarinho na gaiola pendurada ao teto. Queria ser igual a ele, que mesmo preso na gaiola e sem par nenhum do seu lado, ainda canta e pula de um lado para o outro.
Mais um suspiro.
Ela agora entende porque muitas pessoas da alta classe acabam caindo na depressão. Ter uma casa para morar e dinheiro para viver não é tudo, o ser humano é sentimental e imprevisível.
Ela levanta do sofá e começa a preparar sua janta. Dá risada quando olha para o pouco de comida que começa a fazer. Na verdade o que queria era chorar, mas ás vezes o triste se torna engraçado.
Enquanto o fogo seca a água do arroz, ela vai tomar banho. Sai do quarto pelada mostrando o seu corpo em degradação para as paredes brancas e encardidas pelo tempo.
Após o banho e a janta Dona Leide percebe que a sua companheira já chegou. É assim mesmo, chega sempre sem bater, nem pergunta como foi o dia de Dona Leide e já dá o abraço angustiante na velha.
Neste momento a única que resta é a terceira companheira, só assim para ela suportar a presença da outra.
Caminha até a cozinha, se abaixa diante da pia e agarra a garrafa. Sem cerimônias e maiores preliminares enche metade do copo de vidro e bebe sem pestanejar.
Após apagar as luzes ela entra no quarto, encosta a porta e vai se deitar, Dona Leide, a solidão e a pinga, as três companheiras.

Ademiro Alves (Sacolinha),
faz da escrita, um instrumento
de desabafo. Atualmente procura editora
para lançar o seu primeiro romance:
Graduado em marginalidade!

10 março, 2005

Manifestação...

O projeto cultural Literatura no Brasil apóia e vai ajudar a articular esta proposta. Leia abaixo.

Está em discussão no Governo Federal uma série de questões relacionadas à leitura e à indústria editorial. Inclusive a indústria editorial conseguiu reduzir a zero os impostos sobre o setor. Reconhecemos a importância desta grande conquista do setor. Porém entendemos que não basta o Governo retirar os impostos, é preciso exigir uma contrapartida da indústria editorial. Nossa proposta:
• QUE O GOVERNO FEDERAL EXIJA COMO CONTRAPARTIDA UMA COTA ANUAL DE EDIÇÕES DE AUTORES INÉDITOS PROPORCIONAL AO VOLUME DOS BENEFÍCIOS FISCAIS OBTIDOS PELO SETOR.Esta proposta visa estabelecer uma base legal mínima para que as empresas do mercado livreiro invistam nos novos autores. Em curto prazo a aplicação deste mecanismo fiscal permitiria a revelação de novos escritores e ampliação do mercado consumidor de livros. Em longo prazo abriria em nossa história um novo capítulo da cultura em nosso país.
Se você quer participar desta luta e quer contribuir de alguma maneira escreva para o escritor Carlos de Andrade:
cotaparaautoresineditosja@hotmail.com

09 março, 2005

Novo texto.

5ª Fase

CHUVA E MORTE.

Chove muito na favela do Silvina, o barranco ameaça desabar a qualquer momento.
A policia e os bombeiros tentam remover as famílias do local, mas mesmo com o eminente perigo eles resistem em ir para abrigos, sabem que será humilhação, falta de privacidade, frio, fome...
Como a chuva não dá uma trégua, uma a uma as famílias vão cedendo e deixando suas casas, os barracos vão ficando vazios.
De repente um barulho e desce uma parte do barranco arrastando sete casas e causando gritos e desespero, mas felizmente não houve nenhum ferido, as casas estavam desocupadas.
Os bombeiros pensavam ter tirado todos da área de risco, mas do nada, surge Mauro em cima de sua casa, desesperado ele gritava: - Não vou sair daqui, não vou morar debaixo da ponte, não vou me abrigar numa escola pública.
Durante seu desabafo o resto do barranco cedeu e o deslizamento levou Mauro com casa e tudo morro abaixo, a morte foi inevitável.
O corpo de Mauro foi encontrado debaixo de muito entulho e lama.
A noite chegou, a chuva passou e amanhece um belo dia de sol.
Os sobreviventes no abrigo e Mauro sendo enterrado num pobre caixão.
Todo ano histórias como essa se repetem e o que os governantes fazem para impedir as tragédias anunciadas? Nada.
2005 as mortes foram em São Bernardo do Campo e aonde vai ser a próxima?
Quem se preocupa?
O povo vive às margens da sociedade consumista, hipócrita e individualista.
Vereadores, prefeitos, deputados, senadores enchem o bolso de dinheiro e só vão nas periferias pedir voto em tempos de eleição.
A nossa morte não é assunto dos principais jornais, só em grandes tragédias ou chacinas vão citarem na TV, aqui se morre, se enterra e fica por isso mesmo.
Até quando?
Como disse o rapper MV BILL: - Como pode ser tragédia, a morte de um artista, e a morte de milhões, apenas uma estatística...

Alessandro Buzo, é escritor e ativista
cultural. É contra toda e qualquer
forma de injustiça social.
Ele escreveu o prefácio do livro:
"Graduado em Marginalidade",
o primeiro romance do escritor
Sacolinha, que será lançado
neste ano de 2005.


Os comentários podem ser direcionados para o e-mail: literaturanobrasil@bol.com.br

08 março, 2005

Entrevista do mês

O entrevistado desse mês é o escritor e rapper Ferréz. Morador do bairro Capão Redondo, na Zona Sul de São Paulo, escritor de 3 livros, colunista da revista Caros Amigos, criador do Movimento 1 da Sul e do estilo polêmico "Literatura Marginal"

L.B- Você já tem 3 livros lançados, é colunista da revista Caros Amigos, sempre tem alguém te pedindo um texto, uma entrevista ou uma palestra. Você não tem formação acadêmica. O seu talento e técnica vem de onde?
Ferréz: Acho que dos treinos constantes, acredito muito que a leitura me ajuda nisso, hoje leio mais de 3 horas por dia, e sempre escrevi muito, desde poesia a letras de rap, é treino.

L.B- As suas expectativas foram superadas?
Ferréz: Quase todas, ainda falta eu terminar um livro infantil e tenho outros projetos.

L.B- Por que o livro intitulado “Diário de uma favelada” de Maria Carolina de Jesus, que foi lido em 24 países, não se tornou um clássico?
Ferréz: Boa pergunta, mas é um clássico para nós, que nos identificamos.

L.B- Há dois anos atrás quando estava gravando o seu Cd, você chegou a afirmar em algumas entrevistas que não faria shows por que isso é ilusão, mas depois que o trabalho esteve pronto, muitos locais te chamaram para se apresentar e você aceitou. O show do Ferréz não é uma ilusão?
Ferréz: É verdade, aceitei dois shows porque tinha no contrato da gravadora, depois parei em definitivo, tudo que sobe no palco e depende de luzes e apetrechos é uma ilusão, nisso eu errei, mas estava no contrato.

L.B- Nesse ano de 2005 o escritor Sacolinha irá colocar nas livrarias o seu primeiro livro, você que já leu esse romance, o que achou?
Ferréz: Achei bom por ser tratar de um primeiro livro, quem me dera que meu primeiro fosse assim. Tem futuro o moleque, e é legal ver o crescimento, vi desde o primeiro conto dele e é legal ver a evolução.

L.B- Os escritores quando não são nacionalmente conhecidos, sempre encontram dificuldades para lançar o seu livro por uma editora. Como foi para lançar o seu primeiro livro “Fortaleza da desilusão”, e como se deu o lançamento do segundo “Capão Pecado?”·
Ferréz: Foi muita luta e quase enlouqueci no meio da fita, mas não tem uma regra, o nome do talento é esforço.

L.B- Qual é o primeiro passo para a independência literária?
Ferréz: Fazer o que você acredita, e não se prender em fórmulas.

L.B- Há muitos escritores conhecidos que apenas são respeitados por conta do nome. Na periferia o talento é como o leite fervendo na panela, mas o devido reconhecimento não tem, pois falta um nome. Por que esse contraste?
Ferréz: Não entendi a pergunta, mas acho que o nome também vem de um trabalho, e os que só tem o nome e não escrevem bem não vão muito longe.

L.B- Você sempre costuma dizer: “Leiam muito”.O que a leitura pode fazer por uma pessoa sem atitude e sem articulação?
Ferréz: Dar atitude, articulação e fazer ela viver com mais intensidade.

L.B- Quais são as suas influências literárias?
Ferréz: Várias, hoje leio muita coisa, Des Hemingway, Hesse etc.

L.B- Por que “Literatura Marginal” e não apenas “Literatura”?
Ferréz: Porque somos da margem, somos de algum lugar bem esquecido, não somos como eles, e nem queremos ser, somos de um país marginal, um lugar que só há deveres e não direitos.

07 março, 2005

Notas...

Atenção, muita atenção.
Os escritores e poetas Sérgio Vaz, Sacolinha, Alessandro Buzo e Marcopezão estão preparando um grande trabalho literário. Esse trabalho será publicado nos meios de comunicação que sempre se identificaram com a literatura feita por quem é de periferia.
Breve mais informações.

É amanhã, aqui no site do Literatura no Brasil será publicada a entrevista do escritor e rapper Férrez. Fique atento.

Indicação do mês

"De prostituta a primeira dama"
Adelaide Carraro

É a decepção de uma moça inocente de 18 anos, que por viver todos esses anos na roça, teve a curiosidade e a audácia de ir conhecer a monstruosa cidade de São Paulo. Tudo isso contra a vontade de seus pais que ao saberem da intenção da menina, desabaram pra cima dela com xingos, chicotadas e vassouradas. Ela não poderia mais voltar para casa. Chegando aqui, ela comeu o pão que o capeta babou. Sem ao menos saber ler caiu num mundo chamado "prostituição", não porque quis, mas porque a sua ingenuidade a fez cair nas mãos de gente da boca do lixo.
Foi perseguida por muitos homens, entre eles um japonês traficante de mulheres.
Ela chegou a andar de camburão da polícia, foi estuprada três vezes, apanhou dos pais, dos irmãos e da vida.
O livro que por incrível que pareça, tem um final feliz, foi escrito na década de setenta, mas parece que foi escrito no dia de hoje.

Diário de Bitita
Maria Carolina de Jesus

Um livro que não teve uma repercussão assim como o primeiro da autora: Diário de uma favelada.
O relato verídico, a linguagem e a escrita somente dela, faz com que conhecemos toda a vida dessa catadora de lixo.
Nesta obra ela conta o dia em que foi presa e espancada pelos soldados, e conta também sobre a doença grave que teve na perna e que obrigou-a a sair por aí nesse mundo atrás de uma cura que custou muito tempo, dinheiro, paciência e a sua vida. Durante este tempo ela trabalhou em casas de pobres a ricos, de colonos a fazendeiros.
Nada de impressionante, apenas a realidade vivída por uma mulher negra, pobre, sem estudos, mas com esperança.

06 março, 2005

Agradecimentos

O projeto cultural Literatura no Brasil, agradece a todos que participaram do Sarau da Cooperifa aqui em Suzano, em especial aos artistas da Cooperativa Cultural da Periferia que fizeram o Centro Cultural tremer.
Saudações literárias Alessandro Buzo, Robson Canto, Sérgio Vaz, Marcopezão e Claudia Canto.

05 março, 2005

Entretenimento

Carlos Silva faz parte da Cooperifa. Confira á seguir o prefácio de uma de suas dezenas de músicas.

Outro dia me convidaram para irmos ao Mc.DONALDS comermos CHESS BURGUER. O salão estava lotado e fizemos os pedidos através de um tal de DRIVE TRHU. Os colegas percebendo a minha irritação disseram: Se tu tiver com pressa eles tem um sistema de DELIVERY, maravilhoso. Desacostumado com esse linguajar chamei os cabras: Vamosimbora. Seguimos pela avenida HENRIQUE SCHAUMANN, onde pude observar um OUT DOOR, que estava escrito PARKING. Nós não paramos por lá não. Seguimos, mais adiante avistamos um restaurante bonito e luxuoso e na porta de entrada uma luz NEON piscando escrita: OPEN. Quando olhei pro chão pude ver estampado um capacho a bandeira americana me convidando: WEELCOME. Ao adentrar-mos naquele recinto eu pude observar na sua decoração e nas paredes estavam escrita assim: ICE CAKE, CHEES EGG, CHEES BURGUER e FASTFOOD. Eu pensei comigo: FOOD na bahia agente usa numa outra situação. Do meu lado esquerdo uma garota tomava uma cerveja numa lata vermelha e azul, cuja marca era: BUDWISSER. O seu camarada tomava uma LONG NECK, HEINEKENN. Do meu lado direito uma loira bonita peituda falava pro cara com voz sensual assim: Eu trabalho numa RELAX FOR MAN. Ele pergunta: Fica próximo do MOTEL MY FLOWERS? Não BABY, fica junto a NIGHT CLUB, WONDERFUL PENETRACION. A fome aumentava juntamente com a raiva e eu não sabia se pedia um HOT DOG, ou um simples cachorro quente. Imputecido mais uma vez com aquela situação chamei os caboclos: vamosimbora. Na saida, o manobrista nos recebe e nos entrega a chave do nosso possante veiculo: Um fusca sessenta e oito fabricado em Volta Redonda, na epoca do presidente Juscelino Kubtscheck. Ele olha prá mim e me diz: THANKYOU SIR, AND HAVE A GOOD NIGHT. E eu usando toda minha simplicidade e educação que eu aprendi no sertão da bahia, eu olhei prá ele e lhe disse:VÁ PRÁ PUTA QUE LHE PARIU

É hoje, aqui em Suzano...

Às 19h:00 no Centro Cultural Francisco Carlos Moriconi
Rua Benjamin Constant, nº 682 – Centro de Suzano.

Apresentações teatrais – Recital – MPB – E muita surpresa
Distribuição de camisetas, livros e Cd´s

Entrada Gratuita

04 março, 2005

Mais textos...

Esse texo abaixo é da poetiza Elizandra que também estará presente no evento de amanhã aqui em Suzano.

5ª Fase

Sou seu HIV

Divirta-se!
No seu momento de distração, transcendência, gozo e alucinação. Sutilmente penetro na sua fortaleza, injeto meu vírus. Ai, que beleza! Demoro um tempo para ser percebida, quando perceber já estou acabando com a sua vida, vou acabando com sua imunidade, como corda vou amarrando seus braços deixando-te sem mobilidade. Seus glóbulos brancos vou matando sem piedade, sou poeta destruidora de alienação, saudando minha ancestralidade, combatente, militante contra a padronização.
Onde diz que a loira é bonita, e que o feio está em mim. Enganou-se, pois, sou descendente de Zumbi, resistente que nem Anastácia, liderança feminina feita a Dandara. Posso organizar um esquadrão de talentos marginalizados assim como Luiza Mahin na revolta do Malês linha de frente. Posso me incorporar com marinheiro dominando as náuticas João Cândido guerreiro. Ainda continuamos nos porões. Lixo, esgoto, escravidão e senzala, são heranças que nos foram deixadas. Iguais a mim existem vários na missão, organizando-se, se armando de informação. Para voces somos algo negativo, como o vírus do HIV no organismo. Cada dia mais vamos nos fortificando e se proliferando, somos veneno e não temos antídoto. Espalharemos a destruição, destruiremos essa herança escravocrata, estrutura capitalista, racista, exploradora, deturpada.
Ah! Se achar que acabou se prepare, pois agora irá ouvir o que nos tem fortificado. Foi o seqüestro que me trouxe a esse continente. A condição desumana que fui transportada junto aos dejetos, os estupros como se eu fosse um animal, os ferrões no meu corpo simbolizando que agora eu era seu objeto, seu brinquedo vivo de certo. Sou nascida de sangue, suor, lágrimas, acuada, desprotegida como rato na frente de um gato.
Minha religião foi amaldiçoada, e a sua dizia que eu não tinha alma, dominaram minha língua e impuseram a de vocês, como se a minha nada representasse. Meus seios cheios de leite por seus filhos eram sugados, enquanto os meus bebês morriam de fome e maus tratos. E assim fui nutrida com a ajuda dos orixás, resisti até aqui no século XXI, sendo que na minha casa falta o pão. Na infância faltaram-me os brinquedos para a diversão. Fui crescendo alimentada pelo descaso, pela fome, pela negação de oportunidades, sem políticas públicas, sem escola, sem faculdade. Hoje quero reparação, mesmo que não apague as chicotadas. Quero vida decente para a futura geração. Sei que vocês continuam se achando superiores, mas não se esqueça que sou seu HIV. Estou entrando devagarzinho e levarei aos poucos tudo que nos foi roubado.


Elizandra de Souza é poetisa
milita nas questões sociais e raciais .



Tente responder.
O que pode acontecer com um jovem pobre que perdeu seus pais, amigos, a juventude, a dignidade e que pra manter a honra e a vida teve que matar?
A resposta está no livro "Graduado em Marginalidade", do escritor Sacolinha, que será lançado neste ano de 2005.

03 março, 2005

Notas do mês...

Devido o surgimento de várias idéias e de grandes escritores na perifeira, a partir de hoje este blog será atualizado diariamente. Serão textos, entrevistas, matérias, notícias em geral entre outras novidades. Fique ligado.

Preparem-se!
É neste ano de 2005 que será lançado o livro "Graduado em Marginalidade", do escritor Ademiro Alves (Sacolinha). Um romance contemporâneo com participações do poeta Sérgio Vaz (poesia) e do escritor Alessandro Buzo (prefácio).
E como notícia boa não pode esperar, nós precisávamos repartir essa com você hoje mesmo.

Vem aí, a entrevista com o escritor e rapper Ferréz, feita exclusivamente para o projeto cultural Literatura no Brasil. Aguardem.

Essência do gueto

Atenção: Abaixo você irá ler a programação do próximo evento no Itaim Paulista, evento feito pelo maior ativista cultural da Zona Leste de São Paulo. Alessandro Buzo. Será cultura o dia inteiro, você não pode perder.

FAVELA TOMA CONTA (Quinta edição)
Dia 26 de Março - Das 12h:00 às 20h:00
SHOW COM GRUPOS DE Rap, Break e Graffit
Presença da escritora: BABI AKYLLA autografando seu livro ‘VIVENDO COM A VIDA" (Serão distribuidos 100 exemplares do livro)
LOCAL: Travessa da Estrada Dom João Nery, altura do Jd Olga, em frente aos prédios do CDHU (Itaim Paulista)
INF: (11) 8218-7512 - alessandrobuzo@terra.com.br www.suburbanoconvicto.blogger.com.br
Apoio: LITERATURA NO BRASIL, RAP BRASIL, ENRAIZADOS, PORTAL RAP NACIONAL, REAL HIP HOP, CARLINHOS BONÊ, PORTE ILEGAL, ESTAÇÃO HIP HOP, 105 FM, YO!RAP (MTV).

02 março, 2005

Breve estória do subúrbio

Uma dose de autoridade

Desceu do ônibus e olhou no relógio: Quinze pras dez.
Talvez fosse melhor não parar no bar do Canarinho, mas no ringue do mal pressentimento o sim sempre derruba o não.
Que mal tem tomar uma dose só para abrir o apetite?
E além do mais está escrito no estatuto do subúrbio: É do direito de todo trabalhador que pegou no pesado o dia todo, de fazer uma visita no bar antes de chegar em casa.
É isso mesmo que seu Samuel irá fazer, jogar um traçado goela a baixo. Uma balinha de hortelã esconde o cheiro. E que se dane a esposa se perceber, já basta ter que agüentar o mestre da obra o dia inteiro.
Entrou no boteco cumprimentando os seus colegas que no momento dividem uma garrafa de cerveja e discutem um assunto desses de boteco:
- Que nada rapá, Teodoro fala da muié dele, mas é mó noveleiro também.
Seu Samuel dá risada e pede uma dose de rabo de galo.
Seguindo esta cena um carro da Rota pára em frente ao bar e descem quatro fardados com armas nas mãos. Um deles grita para que todos fiquem de costas na parede. Assustado seu Samuel deixou o copo cair no chão, se dividindo em vários pedaços, e o conteúdo foi respingar justo na calça do fardado que dava as ordens. Sem dar tempo para suspense, o mesmo foi de encontro ao trabalhador. Mandou que ele se virasse, deu um tapa barulhento no rosto dele e começou novamente a gritar.
- Você não tem o que fazer não?
Ao invés de estar trabalhando fica no boteco mendigando pinga. Lugar de vagabundo é na cadeia, e é pra lá que você vai. E ainda vai ter que lavar a minha calça.
O trabalhador quis se explicar:
- Mas eu tô...
- Mas é o caralho, vai se explicar com Deus, comigo não. Caminha pra viatura vai, pra dentro do chiqueiro que é o seu lugar.
Enquanto o policial levava o trabalhador pra viatura, os outros cidadãos eram revistados e o dono do bar levava uma bronca:
- Não respeita a lei do silêncio não?
- Mas ainda não é dez horas!
- Meu chapa dez horas é só no papel, nós queremos os botecos fechados ás nove.
O dono assentiu com a cabeça.
Após uns quinze minutos de averiguação, os policiais deixaram o local. Cada um dos que estavam no bar se recolheu para o seu canto.
Ás sete da manhã seguinte, dona Florência, esposa de seu Samuel, já estava apavorada quando recebeu um telefonema da polícia local.
O delegado noticiou o fato com delicadeza. Disse também que os bandidos não se conformaram só em roubar o seu esposo e o mataram com três tiros na cabeça.
Dona Florência ficou com o peso da saudade e com a responsabilidade de ter que criar os quatro filhos sozinha.
Seu Samuel deve estar bebendo uma dose celeste em outro lugar. Quem sabe lá não exista abuso de autoridade?

Sacolinha

Sessão de autógrafos

Escritor Sacolinha lança livro na Bienal de SP na próxima quarta-feira   “A Alanda ainda está de pijama” novo livro infantil do escritor s...