14 março, 2005

5ª Fase

Clamor (Wald Ferreira)

Se você não me dá oportunidade hoje, que opção posso te dar amanhã?
Se tem pra mim uma pedra no lugar do coração/ Tenho pra você, uma arma na mão.../
Se você! Nega a oportunidade pra que eu cresça / aumenta a chance de uma arma na sua cabeça. /Se você me nega a luz / nos caminhos que me conduz / nada mais serei senão um vulto / para a sociedade, oculto./ E o preço...O preço você vai pagar! / Na terra que seu corpo cobrirá / a cada passo... Eu serei infelicidade,/ mas você! Você Será só saudade... /
Por quê? Por que me vê tão repulsivo, / se nem mesmo dei o motivo / a nossa diferença é a cor da pele / só por isso me repele?/ Sabia... Minha história passou por suas mãos / de geração em geração... /E querem esconder os fatos / uma história sem memória nem retratos / é... A história esconde das páginas. /Mas você! Pode ao invés de lágrimas / que fazem murchar do rosto o riso / proporcionar um grande sorriso, / tão largo que as orelhas pode engolir. / Ouça! Ouça meu clamor! Faça-me sorrir! / eu grito! Grito pra que me ouçam, Gritooo! / e o eco perde-se no infinito.../
Não ouvem, o grito morre sufocado. / No silêncio da minha dor, calado.../ No vazio daqueles que não querem ouvir, / para sua consciência não assumir. / Que na pele temos diferente coloração / mas uma só cor no coração. / Ainda há esperança, ajude-nos a mudar!/ Vamos dar as mãos e elo a elo juntar. / Justiça e igualdade são o eco dos nossos gritos,/ não de senzalados, nem de negros aflitos. / É o grito de uma etnia reconhecida, não pela cor.../Mas pela sua capacidade, inteligência e valor. / Ouça você o nosso grito,/ Somos Negro Sim! Negro Sim! Repito.

Wald Ferreira é desenhista e escritor.
Tem lá seus 36 anos e mora em
Ferraz de Vasconcelos (Alto Tietê) S.P.

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