07 julho, 2005

Poesia...

NOS AMAMOS?
(Fernanda Hanna)


Sob a luz do que eu já não mais enxergo durante este tempo todo
Tornei-me verbo sujeito
A tudo que passava em nome do amor que senti
Sujeito a todas as tempestades capazes de acontecer provenientes de você
Recolhi muitas vezes minhas vestes
Molhadas da água da chuva toda
Que tomei todas as vezes que me jogou na rua
Por amor eu fui e voltei tanto que perdi as contas, a vergonha e o respeito
Me fiz verbo sujeito
A todos os seus caprichos entitulados crises
Em nome do amor que sentia
Aceitei as migalhas que caíam de cima da sua mesa
Como um cão que espera pacientemente que o dono
Se lembre dele ao comer eu quis ter seu amor e nem seu cão consegui ser
Ainda assim paguei com amor que era o que eu tinha a oferecer
De verbo sujeito,
Sujeito jogado ao chão,
Hoje atendo pelo nome solidão
Aquela que me faz ver a cada dia que a tristeza jamais é tardia
Que humilhar quem se diz amar, quem se sabe amar é covardia
De sujeito solidão eu vou
Andando lentamente rumo ao meu destino
Levando na bolsa um lenço e na mente uma canção
Eu vou tentar deixar essa fase passar, esfriar.
A vida trouxe, o tempo há de levar
Do corpo surrado a dor há de passar
A ferida aberta... esta, talvez nem o tempo seja capaz de fechar
Ma há a certeza de que a liberdade que tanto quis
Você para sempre há de ter
Eu não detenho as chaves que em verdade jamais tive
E você sempre soube
Levo comigo a certeza de que amei como criança
O sentimento mais nobre e puro que pude dedicar a alguém
Os sonhos e planos foram todos para você
Que não me quis como sou, porque sou ou não sou exatamente
Como aquilo que cai bem aos olhos do mundo.
Porque o coração sangrando já não tem esperança.
Porque as pessoas valem pelo que têm e não pelo que verdadeiramente são e sentem.
Meu ofício é o que tenho.
O ganho é curto, o trabalho muito.
A mente fica ocupada, o corpo cansa.
O tempo passa, um dia eu morro e tudo acaba.


Fernanda Hanna
(poesia originalmente publicada no blog: fragmento.zip.net)

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Um comentário:

  1. A ideia é boa; porem esprime um auto nivel de subimissão a uma pessoa que somente a maltrata.Sei e compriendo que o Amor é capaz realmente de fazer isso com uma pessoa mais será que após todo esse esforço,morrer e ver tudo acabar é a recompensa merecida?
    Parabens pelo poema.

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