31 julho, 2006

Nova II

Eu conheci Madame Satã

Eu conheci Madame Satã
Ele estava no Vale
dos Órfãos de pais não mortos
Era ele
Seduzia com palavras doces
As mulheres sensíveis
Dizia-as o que deveria ser escutado
Seduzia os homens
Sérios e de jeito homem
Com palavras sérias e panfletárias
Ele era esperto
Quase malandro
(Madames são malandros?)

Seduzia a todos
Para que lhe dessem
um pouco de suas vidas
E era madame.

Seu rosto estava machucado
De ferimentos em carne viva
Ele era todo em carne viva
Rapidamente disse
que brigou na rua de sua mãe
Quase o descobrem!
Mas, como uma doce ordem,
também disse que agora estava estudando.
E assim deveríamos mudar de assunto.
E assim recobriu sua alma ferida
E assim mais uma vez não foi descoberto


Continuou sua dança de sedução
Sua presença forte de vida
não o deixava escapar aos nossos olhos
Sua doçura e sua dor
a nós prensava o peito
Não tinha como escapar
Não podíamos fugir
de sua força de existir

Ele sofria
E era feliz
Fingia sofrer
Fingia se feliz
Ele era forte
Era doloroso
Fingia ser forte
Fingia agredir
Era sensível
E isso ele não fingia
Era ele
E assim vive

E eu o ví .

Alan Sueira

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