15 setembro, 2006

Poesias

JIRAU DI/VERSO
Nº 07 – setembro 2006
por Enzo Carlo Barrocco

A poesia goiana de Gabriel Nascente

O POEMA

MOVIMENTOS DE UMA TARDE

A tarde se debruça sobre os ombros da cadeira.
Andorinha faz xixi no muro, ninguém aplaude.

o céu empurra seu quinhão de nuvens
para o sossego das varandas.

É caseiro esse fim de domingo
no olhar do povo, no perfil das árvores.

Maçã-de-amor, picolés, perfumes vagabundos:
o povo passeia livre dos onívoros da pátria.

E na varanda a folhagem (suprema lembrança
do verde) está suspensa:
será que o céu
lhe dá socorro?

Barão, o querençoso cão de casa,
entrevou-se na velhice e chora
como alguém de costas para a vida.

O POETA

Gabriel José Nascente, poeta, novelista, romancista e jornalista, goiano da capital, no convés da fragata desde 1950, é autor de quase trinta livros principalmente de poesias. Nascente se mostra um poeta autêntico e seus textos dão a verdadeira dimensão do ofício da palavra. Menotti Del Picchia (São Paulo 1892 – Idem 1988), poeta da melhor estirpe, se rendeu à magnífica poesia deste poeta de Goiânia.


***

ESTANTE DE ACRÍLICO
Livros Sugestionáveis

“O Primeiro Beijo e Outros Contos”.
Autora: Clarice Lispector
Edição: Editora Ática.
São doze contos laboriosamente escritos, numa explanação clara e limpa. Cada conto é um poema em prosa. Surpreendentes, inventivos e com imagens belíssimas.


“Brasão de Barro” (poesias)
Autor: Antônio Juraci Siqueira
Edição do Autor
A facilidade que tem de falar da Amazônia faz de Juraci um dos melhores poetas paraense da atualidade. Em Brasão de Barro se observa a linguagem puramente regional.

“Escolha Seu Sonho” (crônicas)
Autora: Cecília Meireles
Edição: Record
Cecília é, inegavelmente, uma de nossas maiores autoras e, aqui, põe toda a sua sensibilidade a serviço da arte de escrever. Uma aula de como observar poeticamente a vida.

***

A FRASE DI/VERSA

O número dos que nos invejam confirmam nossa capacidade.
- Oscar Wilde (Dublin 1854 – Paris 1900) poeta, contista e dramaturgo irlandês.

***

DA LAVRA MINHA


AS ESTAÇÕES

Enzo Carlo Barrocco

Se buscas uma quimera
Nos braços de uma mulher
Não sorverás a primavera
Nem o outono sequer.

Traga o verão dos teus dias
Um sol que te seja terno,
Não sentirás noites frias
Quando chegar o inverno.

Veja bem, sejas prudente
Nas desconhecidas vias
De todas as estações;

Entrega as tuas paixões
Somente àquela pessoa
Em que tu muito confias.

§§§§§

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Sobre choro e nó na garganta

Trecho do livro "Dente-de-leão: a sustentável leveza de ser" - Escritor Sacolinha