16 agosto, 2010

UM CORPO NO ASFALTO

Noite de sábado. Os embalos conhecidos dos barzinhos onde se reúnem os amantes da boemia, da madrugada.
Calçadas cheias de mesas, um violão, cerveja a vontade, um copo com uisque e um bate papo gostoso, descontraído.
Os problemas são deixados de lado, afinal, é uma roda de amigos. Alguém canta uma canção do Roberto, outro lembra Vandré, canta,¨Pra não dizer que não falei das flores¨Música essa que fez com que Geraldo Vandré passasse maus bocados, num regime militar, ou seja, Ditadura!!Você que está lendo isso aqui, já levou um telefone no pé da orelha?-Não levou? Ainda
bem, nem queira levar. A tua orelha faz DDD, DDI e quase leva você à UTI, dependendo da palma da mão do cavalo.Caramba! você vai dizer. Cavalo tem pata, mas tem homem que em vez de mão tem ¨PATA¨
Vamos retornar ao assunto, das noites de sábado. Onde foi que parei? Ah! lembrei-me. Falava eu das noites da roda de amigos. A noite é propícia a tudo! Os prostíbulos, as praças, os
carros estacionados em ruas desertas onde qualquer dez reais vale tudo ou os Motéis onde homens e mulheres da mais alta classe, perdem a classe. É como Juca Chaves diz:¨Em casa uma dama, na cama uma mundana¨.
A nossa roda de amigos, vai madrugada adentro. De repente aparece um homem, cambaleando para na mesa que estamos.
A barba por fazer, mas bem vestido, oferecemos um copo de cerveja, diz, obrigado já estou indo embora, moro lonje. Continua sua caminhada. Num aceno grita:Adeus! Adeus?
O nosso bate papo retorna. Fico observando aquele homem que vai pra lá e pra cá. A calçada é pequena para ele. Vejo-o tentar atravessar a rua. Os carros passam em alta velocidade.
O homem vai... vai tentar. Não vê dois carros tirando um racha e BUMMM!!! O seu corpo é jogado a distância. Meus amigos dão uma pausa na cantoria. Um deles menos preparado diz:
O homem parecia tão feliz!
Eu que já estou acostumado com as noites de finais de semana, digo ao amigo meu:
-Isso não é nada, não devia, mas é comum acontecer essas coisas. Boquiaberto meu amigo
censura o meu jeito de expressar. É preciso explicar, então retrucando a respeito:
-É assim mesmo, final de noite é assim. Uns retornam para casa, outros ficam aí como esse.
Porque há sempre um corpo no asfalto!!

Paulo ODAIR-do livro Poesia sua vez-Paulo Odair-2008.

Um comentário:

  1. Corpos no asfalto.É forte é uma realidade que eu não conhço mas, não desconheço.Eu,como,pai tenho medo (corpo no asfalto).Isso me da arrepios.Que DEUS abençoe e proteja todos o boêmios que curtem a vida com alegria.É só vontade de viver e viver mais e não ter nenhum corpo no asfalto.

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Sobre choro e nó na garganta

Trecho do livro "Dente-de-leão: a sustentável leveza de ser" - Escritor Sacolinha