Tempo
(Dinha)
Tempo agora é de Natal.
O sol afia suas garras.
A bala se está engatilhando e o relógio
trabalha, trabalha.
Há morte
Mas o povo comemora.
Na tela é tempo de guerra
e o jornal não noticia
os fogos?
os tiros?
aquele clarão é morte?
ou Walt Withman saudando Deus?!
Nas ruas o povo sangra
Mas o tempo é de amor.
O menino, na rua, sangra.
Sorriam... é tempo de amor.
Cemitérios desmoronam.
Muitos morros desmoronam.
Do outro lado da rua
irrisão e alagamento.
Mas o tempo é de abismo.
O abismo é um abraço diáfano:
O abismo é o abrigo.
E outra vez há uma ameaça
bomba atômica engatilhada.
E ainda é dado ao horizonte
a mudança de estado e de luz.
Mas nessa cidade sem fim
é barroco o horizonte
e o horizonte tem pus.
Dinha!!!
09 dezembro, 2005
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