10 maio, 2006

Às mães

Benção, mãe

Marco Pezão
Tive um sonho
Nele a visível impressão

De que estava grávido
Com a barriga saliente
Pernas arquejantes
Andava numa casa
Em local desconhecido
Onde não havia entrada e nem saída
Situada em arborizado quintal
Sob a sombra de um pessegueiro
Sinto alívio em meu ventre
Movimento que se desloca
Ora de um lado e outro
Carinho de dentro pra fora
Que, feito cócegas, faz rir
E eu rio, chegando a gargalhar
De imensa felicidade
Eu me vi mãe!
Notei alguns pêssegos maduros
E utilizando uma taquara, os apanhei
Levei à boca e mordi
Saboreei o gosto doce
Descendo garganta abaixo
E pensei no filho
Trepando na árvore
Colhendo os frutos
Ele, fruto que trago comigo
Mas, assim, olhando o sol entre as folhas
Circulares aos galhos enfeitados
De pequenas e perfumadas flores
Deixei de ser mãe
E me vi fecundado
Apressado
Ouvi vozes e suave canto
Estranha vontade de chorar
Desejo abrir os olhos
Mas detenho o impulso
E fico a espera do tempo
Do tempo de nascer
E aguardar o dia
Pra poder dizer
Você deu vida a mais uma vida
Sua benção, mamãe!

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