Eu diria:... – “Há mais entre a luz e as trevas, o branco e o negro, o certo e o errado, a vida e a morte, o bem e o mal, o sagrado e o profano, o céu e o inferno, a emoção e a razão do que imagina a vã filosofia da vida”.
Imagine-se toda a população do mundo, hoje, em torno dos seis bilhões e meio de pessoas vivendo em paz, imagine-se que não existam nações, que todo o mundo fale a mesma língua, que todos os seres tenham o mesmo ideal, os mesmos desejos (a paz), a mesma filosofia de vida, que valorizem tanto os valores transcendentais quanto os valores reais, que ame tanto o branco quanto o negro ou o amarelo... – “Isto é sonho ou é realidade?”.
O astro da música Pop americana John Lennon pensava assim em muitos dos temas acima descritos... – sim ou não?
Pois bem, na sociedade humana, aliás, toda a sociedade é humana, portanto aquele que disser “sociedade humana” não deixa de ser um verdadeiro prolixo, há um emaranhado de pensamentos, uma faina de personalidades, uma aglutinação de razões e de sentimentos.
Quero falar de um desses sentimentos, de uma dessas razões de existência, de um mito... – “Noel Rosa”.
Estamos no limiar do século vinte, a República Federativa do Brasil é uma realidade, do dia da proclamação da república, fato que pôs fim à monarquia iniciada por Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Serafim Cipriano de Bragança e Bourbon, até agora, se passaram longos vinte e dois anos e o planeta Terra tramita, no espaço, no ano de mil, novecentos e onze depois de Cristo em derredor da estrela Sol.
Neste ano, ali mesmo, no lendário bairro de Vila Isabel surge no “Teatro da Existência” o artista “Noel Rosa”, solteiro convicto, boêmio, talentoso, poeta... – et coetera!
De sua pena, de suas pautas e dos seus acordes quer no violão ou no cavaquinho saíram versos ou melodias do tipo:
“Nosso amor que eu não esqueço”,
“e que teve o seu começo,”
“numa festa de São João,”
“morre hoje sem requinte, sem foguete,”
“sem retrato na parede,”
“sem luar e sem violão,”
“perto de você me calo,”
“tudo penso e nada falo”
“tenho medo de errar,”
“diga que você me adora,”
“que você lamenta e chora,”
“a nossa separação,”
“e as pessoas que eu detesto,”
“diga sempre que eu não presto,”
“que o meu lar é um botequim,”
“que eu arruinei a sua vida,”
“que eu não mereço a comida,”
“que você paga para mim!”.
De sua mente fértil e privilegiada jamais foi alijada a idéia e a razão de uma atividade chamada “boemia” porque a maioria de suas canções nasceu entre copos de cerveja apostas as mesas de um bar ou no silêncio sepulcral das madrugadas banhadas pelo orvalho gélido das noites Vila Isabelenses. A grande maioria de seus versos se estruturou diante do giro orbital de um planeta chamado “Etílismo” e teve o inspirar do álcool como um verdadeiro bálsamo para a vida Noelina... – “Assim era o Noel Rosa!”.
O grande mal do século vinte; a “Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – AIDS não havia, ainda, dito:... – “Eis-me aqui!”.
Na contramão de todos os nossos pensamentos, o mal do século dezenove, o “Bacilo de Koch”, fazia tantas vítimas quanto nos anos mil e oitocentos quando surgira, pois a doença, como aspecto de epidemia, não havia, ainda e até então, sido erradicada.
Qualquer descuido poderia ser transformado em uma fatalidade com a morte vindo, simplesmente, buscar mais um para dormir com ela no túmulo frio da inexistência.
Assim, a boemia, a alimentação inadequada, a falta dela, o descanso irregular, o excesso das farras e a falta de cuidados especiais fizeram de “Noel Rosa” uma presa fácil para que a “Tuberculose”, esse o mal do século dezenove e, pelo menos, início do vinte adquirisse o nefando “Bacilo de Koch”.
O maior vilão de morte daquela época, a tuberculose, fazia, via de regra, uma faina de vítimas e com a personalidade aqui personificada não poderia ser diferente; “Noel Rosa”, presa fácil, nada fez para se cuidar e, com isso, desenvolveu o mal que, não muito tempo depois, haveria deitá-lo, eternamente, no túmulo frio da inexistência.
A fatalidade o estreita, cada vez mais, em seus braços ameaçadores; deseja levá-lo até as pedras gélidas do túmulo e deitar-se com ele para o gozo pleno na eternidade... – está resoluta!
Que fazer?
Nada!
Aguço os meus tímpanos e, por instantes, pareço ouvir as palavras do célebre “Imperador Romano Julius Caesar”... – “Alea jacta est! (A sorte está lançada!). ou vence o” Noel Rosa “ou vence a fatalidade...”.
Se vencer a fatalidade, certamente, o gênio irá compor junto aos anjos dos céus, se vencer o “Noel Rosa” o mundo desfrutará um pouco mais da sua companhia, da sua boemia e das suas maravilhosas canções; contudo, a incógnita está instalada, o abismo está aberto ante nós... – “Quem vencerá esta contenda?”.
Os dias são como as pérolas dos rios, os dias fluem diante da eternidade da existência como as pérolas fluem sobre o fundo lodoso dos rios, os perfumes da vida transformam-se, lentamente, nos não agradáveis odores da morte; estamos, agora, nos idos de mil, novecentos e trinta e sete e o jovem na primavera de sua existência, no profícuo estado de jovialidade à luz dos seus vinte e seis anos sente, e por que não, o lento subjugar da morte sobre a vida.
Ele está diante de uma pergunta crucial...
Quem herdará os frutos do seu talento?
O filho?
Que filho?
Como se sabem, na ausência de um herdeiro legal, os bens que possuímos são herdados pelo governo
Sessão de autógrafos
Escritor Sacolinha lança livro na Bienal de SP na próxima quarta-feira “A Alanda ainda está de pijama” novo livro infantil do escritor s...
-
Neste sábado 13/01 às 10h a Casa de Cultura Pq. São Rafael recebe a terceira edição do projeto Minha Literatura, Minha Vida...
-
Saudações a todos e todas. Este é o Fanzine Literatura Nossa nº 21. Mais um meio de divulgação dos trabalhos literários da Associação Cultu...
-
Currículo/Biografia 1983 Nasce no Hospital e Maternidade Pq. Dom Pedro II, em São Paulo, Ademiro Alves de Sousa, filho de Maria Natalina Alv...