28 outubro, 2005

Poema...

ILUMINADOS

A manhã desperta novas drogas ao terceiro mundo.
Os cordeiros da TV absorvem a nova programação
absurda do talk-show demoníaco.
Eles dominam a informação e me tiram a própria verdade
e eu me curvo.
Donas de casas imagináveis do nordeste
sonham com a libertação de seus sonhos
atrelados pela prisão do entardecer só.
Suspirando solidão no cômodo cárcere da dor.
Diariamente, corpos cremados de trabalhadores descartáveis
alimentam a indústria do poder econômico
e a mecanização do amor edifica
os novos bebês da desgraça.
Nos templos sagrados da farsa
o comércio da fé, cúmplice do apocalíptico caos
coordena com paciência, o exército dos desalmados.
Enquanto isso nas esquinas iluminadas pela fome,
o Davi das ruas, com sua pedra de crack
derruba o enorme Golias da sociedade.

Gilberto Bastos jr.
Poeta e músico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sobre choro e nó na garganta

Trecho do livro "Dente-de-leão: a sustentável leveza de ser" - Escritor Sacolinha