12 julho, 2008

"ABANDONO... - ATÉ QUANDO?". a



Imagine só...
Hoje, pela manhã, ao abrir a página de meu endereço eletrônico com vistas a verificar a minha correspondência, me deparei com algo que, pelo menos nos últimos tempos vem chocando, se não a opinião pública, pelo menos a mim.
O fato é que, desta vez, ocorreu na cidade de valinhos, interior do estado de São Paulo.
Uma menina recém-nascida foi abandonada no interior de uma caixinha, creio que de papelão.
A pergunta crucial é:...- como alguém que possui dois olhos, um nariz, uma boca, dois ouvidos, dois braços, duas mãos, dez dedos, duas pernas, dois pés, dez artelhos, um par de seios para amamentação, e, um sexo para o gozo e a reprodução, que a ciência insiste em afirmar que é gente, ser humano, essas variáveis, porém eu discordo... – não é gente – pode abandonar um ser tão frágil e indefeso à própria sorte?
Pois é...
O ser humano que se prestou a tão indigno ato nem sequer imaginou que, espalhadas pelo mundo, há mulheres desejosas de realizar o ato mais importante para elas; a maternidade, no entanto, elas estão, de alguma forma, perene indispostas a tal privilégio da natureza porque, simplesmente, são desprovidas das condições ideais para o dom da maternidade.
Não obstante, esta obteve a graça, o privilégio e o beneplácito de... – indiferente àquelas cuja graça é negada, tornar-se mãe, e, simplesmente, lança o prêmio, o presente recebido do alto na intempérie das ruas, apenas, acondicionada em uma singela caixinha; creio que de papelão.
Ao escrever este texto, me encontro preparado para, se contestado, ouvir as críticas quanto ao meu raciocínio, entretanto, para estes contestadores, eu diria:... – [Já imaginaram se, no decurso da historicidade humana, as suas mães, simplesmente, estimuladas pela mente doentia e irresponsável a abandoná-los nas vielas frias da existência?]. [Se ousassem em fazer calar as suas vozes, melhor; nem ao menos ensinar-lhes a (lingua mater)?].
Devo alertar que, ao longo de minha existência, não me lembro de haver arquivado nos escaninhos do meu cérebro a imagem de uma cã, uma ovelha, uma cabra, qualquer animal do sexo feminino descartando nas vielas da existência as suas crias... – a mulher... – êpa... – a mulher é racional... – a cã, a ovelha, a cabra não...
Creio mesmo que, se refletirem sobre esta possibilidade, cada qual irá, certamente, entender o porquê digo que, um ser que possui dois olhos, um nariz, uma boca, dois ouvidos, dois braços, duas mãos, dez dedos, duas pernas, dos pés, dez artelhos, um par de seios para a amamentação, e, um sexo para o gozo e a reprodução não deve, de forma alguma, seja a que título for, lançar nas vielas da existência o prêmio que recebera ao tornar-se mãe sob pena, ainda que não sendo julgada, receber a pecha de insana por esse ato que eu, particularmente, prefiro rotular de impensado.
Pensemos nisso!


Sessão de autógrafos

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