11 julho, 2008

"NEM SÓ DE AMOR SE CONSTRÓI UMTÁLAMO."


Não se negue; na atual conjuntura do mundo no terceiro milênio, na família,o senso de responsabilidade está em um estágio de quase nulidade, pois o mundo se encontra imerso na avalanche dos divórcios que, dia-a-dia, geram no âmbito dos corredores forenses toda uma faina de processos que empilham tanto os escaninhos dos fóruns quanto as escrivaninhas dos juízes, aguardando, deveras, a sentença dos magistrados sobre o destino dos casais.

Nesses casos, a vernácula mais empregada na argumentação jurídica outra não é senão:... - [Reconciliação] - tornar a conciliar - tornar cônscio, logo; nada mais, nada menos do que [Repensar.].

No entanto, o que se sabe?

A geratriz de tantos desencontros é como uma verdadeira bússola apontando para o norte da degredação familiar... - cético eu?... - No máximo conservador dos princípio do moral.

Causas podem ser diversificadas, afinal, diante da sistemática moderna, há, sem dúvidas, toda uma faina interpretativa no microcosmo em que se transforma o cérebro humano... - sim, ou, não?

Contudo, como se sabe [nem só de amor se faz um ninho], e, eis o enigma ante nós; o que é tálamo?

Do latim [talamu], leito conjugal, cama onde um casal se entrega, tem no amor a madeira nobre ideal para a sua construção, mas não somente; há de ser ter, ainda, os parafusos da tolerância, as polcas do avanço e do recuo, e, ainda, o verniz da mansidão e o polimento do respeito.

Para se construir um tálamo é necessário, antes de tudo, um pacote de comprometimento, de volição, de entrosamento e molde em detrimento da vida a dois.

Tudo isso, envolve cessão, integração, aceitação. individualidade, respeito, confiança. carinho, carisma, e, acima de tudo, amor e muito mais.

Adélia da Silva Costa, a [Dolores Duran - 1930 / 1959] bem traduz esse estágio de vida quando diz:... - [Hoje, eu quero a rosa mais linda que houver, e a primeira estrela que vier, para enfeitar a noite do meu bem, hoje, eu quero paz de criança dormindo, e o abandono de flores se abrindo, para enfeitar a noite do meu, quero a alegria de um barco voltando, quero ternura de mãos se encontrando, para enfeitar a noite do meu bem; ai, como esse bem demorou a chegar, eu já nem sei se terei no olhar, toda ternura que eu quero lhe dar.].

Não obstante, o surgimento da pílula anticoncepcional na década de sessenta, as ideologias pregadas por John Lenon, Paul MacCartney, George Harinsson e Ringo Star, o movimento hippie e as demais transformações, revolucionam a sociedade de todos os tempos e, como conseqüência, vem o enfraquecimento da família... - resultado...

Diante disso, os casamentos são, nos dias da premente atualidade, como um Corinthians versus Palmeiras, como uma disputa entre a Mangueira e a Beija-flor, como uma viagem até os anéis de cristais de gelo e poeira cósmica de Saturno; passageiros; quando na realidade deveriam representar um passeio entre o nadir e o zênite; perenes, mas, não o são.

Daí; muitas vezes vem no âmago dos corações o arreependimento, ainda que tardio, e que Adélia da Silva Costa a Dolores Duran, também, expressa em suas composições: ...- [A gente briga, diz tanta coisa que não quer dizer, briga pensando que não vai sofrer, que não faz mal se tudo terminar, um belo dia, a gente entende que ficou sozinho, vem a vontade de chorar baixinho, vem o desejo triste de voltar, você se lembra, foi isso mesmo que se deu comigo, eu tive orgulho e tive por castigo, a vida inteira para me arrepender, se eu soubesse, naquele dia o que eu sei agora, eu não seria esta mulher que chora, eu não teria perdido você.].

Demais disso, que se possa usar o intelecto e, a partir desta leitura, exercer a nossa mais crassa reflexão, e, se possível, entender, de uma vez por todas, que [nem só de amor se constrói um tálamo], afinal, o amor é o tálamo, o amor é o sexo, o amor é o prazer... - filosofe-se:... - [o amor é como duas pombas que voam; uma com a asa esquerda, outra com a asa direita porque estão de asas dadas.].

Amor sem cama sobrevive, cama sem amor; jamais...

Sobre choro e nó na garganta

Trecho do livro "Dente-de-leão: a sustentável leveza de ser" - Escritor Sacolinha