19 julho, 2008

"A DESTRUICAO DA HUMANIDADE".


Não me lembro bem do dia, mas creio que era um 1º de novembro qualquer da historicidade humana, na minha perpetua eternidade.
O satélite natural do planeta Terra chamado Luz derrama o seu orvalho, não da cor da prata, mas azulado sobre a minha cabeça, pois é a segunda lua-cheia dentro do mesmo mês; a primeira aos quatro dias e a segunda aos trinta e um dias do mês de outubro, quando o céu límpido, sem nuvens, salpicado de pontinhos coloridos, uns azuis, outros verdes, alguns amarelos, poucos vermelhos, multicores... - algo de notável vai ocorrer.
A princípio é um corpo em grandes giros que se desloca a uma fantástica velocidade, parece que vai aterrissar no solo terrestre, o que será?
De fato, o engenho se assenta sobre quatro espécies de estribos, e, de lá, me sai um homem de olhar penetrante, transmitindo força, poder, o que mais?
Não sei!
Para em minha frente e diz:... - [Faz para ti uma arca. Quando a tiveres terminado, me diga. Não me verás, mas, contudo, eu te ouvirei. Entrarás na arca tu e a tua mulher. Chamarás dois casais de cada animal dos quais não te alimentas e sete casais dos animais que servem para a tua alimentação. Depois disso, eu abrirei as comportas dos céus e farei cair sobre o Terra; um dilúvio.].
Dito isso, o homem se vai...
Penso; dilúvio!
O que é um dilúvio?
Como se dará o ta l dilúvio?
Afinal, a espessa camada de “nimbus albus, de cirrus e de toda a sorte de nuvens ameaçadoras que vestiam, no passado distante, o Terra; já não existem mais”. O planetoide Capela não como se chocar, novamente, com o planeta para provocar a separação da Pangeia e, conseqüentemente, a formação da Europa, da Ásia, da África, das Américas e da Oceania mediante uma nova e inolvidável hecatombe, e, desse modo, deflagrar a era da crassa transição, e, subsequentemente, propiciar o holocausto da humanidade através do dilúvio.
Não sei o que é um dilúvio, mas decido... - vou obedecer!
Inicio a seleção das madeiras que serão necessárias, armazeno o betume que se faz importante no trabalho de montagem do engenho e, nisso, eu consumo alguns milênios, uma faina de séculos, uma infinidade de meses, uma imensidão de dias. Trabalho por infindáveis horas e me esmero nessa bandeira de luta.
Por diversas vezes orei:
[Primeira e segunda guerras mundiais que estão entre nós],
Amaldiçoados sejam os vossos nomes,
Sucumba ante nós o vosso domínio,
Não seja feita a vossa vontade,
Assim no Terra, como no ar ou no mar,
As granadas, os fuzis, e, as metralhadoras nossas de cada dia, destruamos,
Perdoa a nossa usura e a nossa ambição,
Assim como nós perdoamos a usura e a ambição daqueles que tem nos espoliado diante da guerra,
Não nos deixe declarar guerra ao nosso semelhante,
Mas, cessemos com a guerra,
Porque o conflito não nos leva a nada,
Pois teu é o inferno,
A aniquilação, e,
A morte,
Amem!
Impotente, após me submeter a uma bateria de exames médicos e psicológicos, e, paralelamente, a uma bateria de explicativos, convencer à Julius Caesar, sofrer o desinteresse de Marcus Pontius Pilatus, o expor à Alexandre VI, conseguir parcos recursos com D. Manuel, Rei de Portugal e Algarves, e com Fernán de Aragones, enfrentar o descrédito de René Descartes e de Galileu Galilei, ser achincalhado por ninguém mais, ninguém menos do que Isaac Newton, ser ridicularizado por Isaac Azimov, ser desdenhado por Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourboum, o popular D. Pedro, me submeter à psicanálise de Freud e, em tempos recentes, despender numerários para a concessão de um Alvará de Funcionamento, Registro de Patente, Abertura de uma Empresa do Ramo, contratação de um quadro de empregados, pagamento da Contribuição Previdenciária, do pagamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, PIS / PASEP e demais encargos trabalhistas... - não se pare por aqui!
As idas e as vindas aos Ministérios envolvidos na questão, as entrevistas com o Presidente, com os Ministros, os Secretários, os Prefeitos em geral, o ato de informar mediante relatório sobre o impacto ambiental e tudo mais; o árduo trabalho de construção da arca está terminado.
Demais disso, sento à frente de um computador da marca LG, entro na Internet e contato o email –
elohimdeuses@elohimceuseternidadeceus.com e escrevo:
Re: ordem
Senhor Deus, felizmente, após alguns milênios de profícuo trabalho, a arca está terminada. Assim, gostaria de saber quando o Senhor vai mandar o dilúvio?
Seu servo...
Iosef Remera Ekte
Não demora mais do que três horas e recebo, em meu e.mail yosephyomshyshy@bol.com.br uma mensagem em resposta:
Servo meu!
Obrigado pela sua fidelidade e interesse à minha ordenação, mas estou pensando em não mais destruir a humanidade. O que você entende disso?
Ora, que dizer:... – O Senhor é soberano!
Recoloco com toda a minha convicção...
Isso ai!

Sobre choro e nó na garganta

Trecho do livro "Dente-de-leão: a sustentável leveza de ser" - Escritor Sacolinha