30 abril, 2005

Notas!!!

O livro "Graduado em Marginalidade" do escritor Ademiro Alves (Sacolinha), será lançado em breve. Várias articulações estão sendo feitas, e o autor assegura que em pouquíssimo tempo a obra estará nas ruas, ou melhor nas livrarias, entidades e o escambau. E tem mais: Serão feitos lançamentos em diversos estados do Brasil, com ou sem editora. Pode acreditar.


O projeto cultural Literatura no Brasil está aceitando idéias para ser colocadas em práticas aqui no blog. Qualquer projeto literário que você tiver pode estar enviando para o projeto pelo e-mail: literaturanobrasil@bol.com.br

Estão abertas as inscrições para o 1° Concurso Literário de Suzano. Informações: 47591949 47474180
e-mail:
concursoliterariosuzano@hotmail.com
Repercussão de uma escrita

Passava da meia-noite do dia 23 de setembro, quando o jovem Gregório vinha cansado do serviço, pedalando em sua bicicleta e com uma mochila pesada dependurada nas costas.
- Fica quietinho aí e levanta as mãos. Está vindo da onde?
- Do serviço.
- O que tem na mochila?
- Cultura.
- Que foi maluco, está me achando com cara de trouxa, abre logo essa porra.
Gregório abriu a mochila e retirou uma marmita vazia, uma toalha de rosto e alguns livros, entre eles havia um sobre o Código Civil,
O policial Militar riu exageradamente:
- Está pensando que vai me enganar. Um preto de calça frouxa com uns livros na mochila á essa hora na rua. Quero ver os bolsos, o que tem neles?
Revistou os bolsos da calça de Gregório e encontrou apenas um celular.
- Eu quero a nota fiscal, tem a nota dele?
Pra surpresa do PM, Gregório retirou do compartimento da carteira a nota fiscal do aparelho. O policial conferiu e desconfiado falou:
- É o seguinte, tem nota fiscal, mas vou levar, já era, quem manda ficar na rua essa hora.
- Desculpe senhor, mas eu conheço os meus direitos...
O funcionário da pátria tirou a arma da cintura e encostou-a no queixo de Gregório:
- Você é educado assim, ou está com medo dessa beleza aqui?
O jovem permaneceu inerte sem nada responder, o policial continuou:
- Você pode conhecer o direito que quiser, mas nenhum vai te ajudar se eu despejar umas duas balas nessa cabeça de Paraíba. Pensa que só porque lê não corre perigo de morrer?
A avenida em que estavam, permanecia vazia, nenhum carro a passar:
- Faz o seguinte, fica com essa merda, não vale nada mesmo, vou perder tempo pra vender isso aqui. Pega e sai correndo, antes que eu mude de idéia e te mando pro inferno.
Gregório levantou a bicicleta, montou, e antes de pedalar olhou para o policial. Como se os olhos de Gregório fosse uma máquina fotográfica, tirou uma foto.
O policial ainda gritou:
- Que foi, não quer ir embora não é?
Deu um impulso em sua magrela e pedalou, pedalou até que chegou em casa.
Depois de tomar banho e ter jogado qualquer coisa no estômago, sentou na frente do computador e começou a escrever algo que dois dias depois foi para a coluna do jornal de seu município.
Com o prazer da escrita que já vinha tendo nos últimos anos e com a qualidade introduzida em seus textos conseguiu um espaço como colaborador de um jornal. Não perdeu a oportunidade. No dia em que sua coluna foi publicada, se sentiu vingado. A riqueza de detalhes com que descreveu uma cena em que um cidadão é abordado por um policial corrupto e sem escrúpulos, chamou a atenção de muitos. A redação do jornal foi bombardeada de e-mails e correspondências com as mais diversas opiniões dos leitores sobre o texto publicado. De manhã vários policiais em suas delegacias comentavam a coluna, visivelmente nervosos.
Gregório teve acesso a alguns desses e-mails. Viu-se satisfeito com a repercussão, e mais uma vez se sentiu feliz por ter usado a escrita, ela fez mais estragos do que a arma do policial faria.
Desse dia em diante ele largou a bicicleta e começou a pegar ônibus.
Ademiro Alves (Sacolinha)

29 abril, 2005

Mais Poemas!!!

MANDADO
(Santos da Rosa)

Pode crer, Altino
Quantos te deixaram falando...
no ponto
E já era quase a meia-noite.

Te pegaram no estirante
O chicote nada adiantou
Foi mandado.

Quando C parou pra brincar com a molecada
Até lançaram que C devia ser estuprador.
Ta valendo, Altino...
Te dichavam
Mas sentem nojo do teu hálito.

Aí C descolou um trampo
Ficou radiante por um dia
E ficou radiante por um dia
E cansou rápido demais pra sentir tédio.

Poemas C já não pode ler
É uma questão de diploma – dizem os tais.
C falou que tava escrevendo, Altino
Teu sobrinho te perguntou por quê
C não soube responder.
E os caras te disseram:
-Vai encher laje, meu!

Pode crer, Altino
Algumas vezes C teve a sensação fugidia
de estar coçando a verdade
Mas não conseguiu firmar
se a presença desse espírito
Se desvenda na tonelada agonia
ou na alegria afanada
Então C percebeu que desespero
é um primo da esperança.

Segue, Altino..
Cultivando as tuas olheiras
e a vergonha na cara.
A vergonha que te verga os ombros.


CLUBE

Poeta cartão-postal sorridente
Poeta crítico do Estado
Poeta em estado crítico
Poeta presidente latifundiário
Poeta tipo assim
Poeta dando uma de loco
Poeta office-boy da Bolsa
Poeta de um barão
Poeta invejando cineasta
(cineasta invejando poeta)
Poeta de auditório e torcida organizada
Poeta com broche da ONU
Poeta sonhando cidades com seu nome no século trinta
Poeta vendendo chuveiro entre o primeiro e o segundo tempo


CONSAGRAÇÃO

Trancavam as ruas de Lúcifer
Espirrados do inferno
na vazante das contradições da fé.
Embarcados furtivamente no paraíso.

Anjos despertam
entre plumas e flautas
antigas partituras de Exu
para novos santos viciados.
Néctares entornados.
Desvairio.
Luxúria no cais do sossego.
Sobre o rubro céu, esculacho.

Napalm, chuvas ácidas
são clorofila
perante as gotas arrebenta
impregnadas de talco, catarro e pêlos
que banham perplexos animais.
Uivos apavorados
não encontram abrigo
em espinhosos messias
derretidos.

Chove em Santos.

Da mescla
de trevas e frutos
o super-homem
não vem.

JUMBO

Sacolas de cadeias
de supermercados.
pra trazer mistura
pra fazer rabiola

Sacolas de cadeias
de supermercados.
pra jogar o lixo no córrego
pra asfixiar criança

Sacolas de cadeias
de supermercados.
pra embalar fé, paciência, lágrimas
cobertor, sabão, frutas
cigarros

Sacolas de cadeias
de supermercados.
empilhadas no carrinho
no crepúsculo.
passando pela percussão enervante
do clamor das trancas sem fim.

Sacolas de cadeias
de supermercados.
servindo de bola
pros coletes pretos.
cheirando estrago, luzindo.



Visita – Casa de Detenção Provisória 1
Março/2002

27 abril, 2005

Cooperifa!

ARTE E CIDADANIA NO SARAU DA COOPERIFA

A cooperifa (cooperativa cultural da periferia) promoveu um ato poético contra a barbárie, ocorrida na baixada fluminense. Mais de 200 pessoas, entre artistas e convidados, se aglomeraram no bar do Zé Batidão, para ver e ouvir o manifesto pacífico do nosso sarau. O artista plástico, Mário Bibiano, expôs 29 painéis de pano, representando as vítimas da chacina. Os presentes puderam interagir nas obras, colocando mensagens e poemas como prova de indignação pela tragédia. Os presentes, que na sua maioria nunca foram ao museu ou a pinacoteca, puderam prestigiar, pela primeira vez, uma instalação artítisca, ali, ao seus pés, sem sair do bairro. Como prova de agradecimento, a comunidade permaneceu em silêncio e agradeceu com generosos aplausos. Suor e lágrimas e nenhuma gota de sangue - talvez por isso a ausência dos helicópteros do cidade alerta e do Brasil urgente-, numa noite repleta de arte e cidadania, de consciência e atitude, quando a maioria prefere a omissão. Covardia também é pobreza, e fica na periferia da alma, longe dos olhos, mais bem perto da mediocridade, para delírio dos demônios de plantão. Apesar do manifesto, o rancôr não foi convidado. Apesar das lágrimas, o ódio não foi regado. Apesar de toda essa guerra, o ser humano foi preservado. Apesar de tudo e de todos, foi uma noite de paz, como todas as outras deveriam ser. Paz.

* Nesta quarta-feira a Cooperifa vai promover o sarau de bebê (menina) da poetisa Pillar, que passa por momentos de dificuldades financeiras. Todos que comparecerem ao sarau deverão, se possível, levar um presente para o nenê, ou simplesmente passar para abraçá-la.

*Dia 11 de maio a cooperifa e o site www.leialivro.com.br vão promover o sarau do dia das mães. Neste dia, as mães da comunidade e as que frequentam o sarau, serão presenteadas com um livro e uma rosa, ofertado pelos poetas da casa. A maioria dos livros foram doados pelo site "LEIA LIVRO", e faz parte da campamnha contra a cegueira (quem lê enxerga melhor) e de incentivo á leitura deflagrada pela cooperifa como, parte da evolução cultural que é a filosofia do movimento.

*Obs. tiramos o R da palavra revolução. Alguns livros foram doados por poetas.

Sérgio Vaz

25 abril, 2005

Mais informações.

Grupo de literatura e fanzine, “Rastilho”.
Reuniões todas ás terças-feiras ás 19h:00 no Espaço cultural APAC.
Rua Augusta Carvalho de Morais, 50 – Centro de Suzano – S.P
Informações: 91335960 /
lygiacanelas@yahoo.com.br

(APROFAT) Associação dos Professores de Filosofia do Alto Tietê.
Filosofia sem café. Todo último domingo de cada mês, ás 16h:00
Onde: Espaço Cultural APAC.
Rua Augusta Carvalho de Morais, 50 – Centro de Suzano – S.P

Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Sócio Cultural Negro Sim.
Reuniões todo terceiro sábado do mês, ás 16h:00
Local: Sindicato da Construção Civil – Rua Campos Sales, 165 – Centro de Suzano – S.P
Informações: 83252368 /
cpdnegrosim@hotmail.com

Sarau da Cooperifa.
Toda quarta-feira, ás 21h:00 no Bar do Zé Batidão.
Piraporinha – Zona Sul – S.P
Informações: 41397548



GUILHOTINA

(Santos da Rosa)

Lua sorrindo
Roçando as pontas
dos saltos
suicidas

Se um dia tua guilhotina
Varrendo as antenas
Endurecendo a lama
Acima de punhetagens e calmantes.

Lua pontiaguda
a névoa só deixa teu espinho
Te sabias só minha,
preso a uma vaidade insossa
a uma cultura xarope
Te dividindo com todos os outros
desequilibrados

Tua simpatia
cala lamúrias egoístas
do nosso imenso dialeto
Mas esta névoa é que te descobre
acima da folia e do esterco

Lua pontiaguda



ADELANTE OSCILANTE
(Santos da Rosa)

Existência?
Insistência
Resistência

Sei
que após tombos e saltos
Sobrevivo
com o joelho ralado
e um peito viciado em durex

23 abril, 2005

Novo texto!

Mais um dia
(Robson Canto)
Maria desperta de um sono profundo. Acabara de ter um sonho confuso, com seu marido, tentou se lembrar de algo mais não conseguiu.Maria se senta na cama, e tenta ver as horas com a luz que entra pela fresta do barraco, são 15 pras 4 da madrugada. Maria levanta esfregando as mãos, pois o frio da madrugada estava sendo implacável, caminha até a pia, e acende a luz, e olha pras duas filhas, que dormem juntas em outra cama. Andressa a mais nova de 3 anos, se mexe por causa da luz em seus olhos. Maria sorri com dó de sua filha.Maria pega o bule de café, e, despeja na pia o resto de café do dia anterior, em seguida lava o bule e coloca água dentro, acende uma boca do fogão, e, coloca o bule.Maria lava os pratos e os copos, e passa uma água no coador de pano, e, coloca duas colheres de pó de café. Abre a tampa do forno do fogão e retira o açucareiro. Espera mais alguns minutos até a água ferver, coloca três colheres de açúcar no bule, e, enche um copo pra si, bebe alguns goles e caminha até a cama das filhas, senta na beirada da cama e põe a mão nas costas de Joelma, com o cuidado de não acordar Andressa. Joelma acorda um pouco assustada.“- Que foi mãe?”“- Jô to saindo pra catar latinhas, cuida da sua irmã!”“- Mais mãe hoje eu tenho prova de matemática, a professora disse que eu precisava de nota!”“-Eu sei filha depois eu falo com sua professora!”“- Cadê o pai?”“- Deve ta caído bêbado por ai pela favela! Tem biscoito no fogão, toma café com a Dessa!”Maria beijou Joelma e se levantou, tomou o resto do café morno e saio pra rua em busca de latinhas. Uma hora depois de ter saído de casa é que Maria encontrou a primeira latinha.As 8:00 hs, Maria entrou em uma padaria, recolheu uma meia dúzia de latinhas de dentro dos cestos de lixo, quando estava saindo um senhor de cabelos grisalhos lhe chamou. Maria olhou pro homem, pensando que fosse tomar uma bronca. O homem lhe estendeu um copo cheio de café e um pão com margarina. Maria lhe agradeceu um pouco emocionada, e saio pra fora, se alimentou em pé mesmo, depois continuou sua busca.No fim do dia exaustivo, Maria conseguiu uma boa quantidade, foi ao ferro velho vender o que tinha conseguido.Antes de chegar em casa, Maria passou na granja, comprou um pouco de carcaça, iria fazer a sopa que as meninas tanto gostavam.Ao sair da granja, viu seu marido, não o via a dias, desde quando ele saio de casa pra ir morar com sua amante. Percebeu que ele iria dizer algo, abaixou a cabeça e saio em passos lentos, depois Maria pensou:“- Eu não preciso dele pra nada.”Ao chegar em casa, viu o sorriso de suas filhas, ao vê-la entrar, isso foi o suficiente pra esquecer o cansaço do dia e ter força para o próximo.
Robson Canto é morador do bairro Heliópolis.

20 abril, 2005

Conto urbano.

Uma dose de autoridade
(Sacolinha)

Desceu do ônibus e olhou no relógio: Quinze pras dez.
Talvez fosse melhor não parar no bar do Canarinho, mas no ringue do mal pressentimento o sim sempre derruba o não.
Que mal tem tomar uma dose só para abrir o apetite?
E além do mais está escrito no estatuto do subúrbio: É do direito de todo trabalhador que pegou no pesado o dia todo, de fazer uma visita no bar antes de chegar em casa.
É isso mesmo que seu Samuel irá fazer, jogar um traçado goela a baixo. Uma balinha de hortelã esconde o cheiro. E que se dane a esposa se perceber, já basta ter que agüentar o mestre da obra o dia inteiro.
Entrou no boteco cumprimentando os seus colegas que no momento dividem uma garrafa de cerveja e discutem um assunto desses de boteco:
- Que nada rapá, Teodoro fala da muié dele, mas é mó noveleiro também.
Seu Samuel dá risada e pede uma dose de rabo de galo.
Seguindo esta cena um carro da Rota pára em frente ao bar e dele desce quatro fardados com armas nas mãos. Um deles grita para que todos fiquem de costas na parede. Assustado, seu Samuel deixou o copo cair no chão, se dividindo em vários pedaços, e o conteúdo foi respingar justo na calça do policial que dava as ordens. Sem dar tempo para suspense, o mesmo foi de encontro ao trabalhador. Mandou que ele se virasse, deu um tapa barulhento no rosto dele e começou novamente a gritar.
- Você não tem o que fazer não?
Ao invés de estar trabalhando fica no boteco mendigando pinga. Lugar de vagabundo é na cadeia, e é pra lá que você vai. E ainda vai ter que lavar a minha calça.
O trabalhador quis se explicar:
- Mas eu tô...
- Mas é o caralho, vai se explicar com Deus, comigo não. Caminha pra viatura vai, pra dentro do chiqueiro que é o seu lugar.
Enquanto o policial levava o trabalhador pra viatura, os outros cidadãos eram revistados e o dono do bar levava uma bronca:
- Não respeita a lei do silêncio não?
- Mas ainda não é dez horas!
- Meu chapa dez horas é só no papel, nós queremos os botecos fechados ás nove.
O dono assentiu com a cabeça.
Após uns quinze minutos de averiguação, os policiais deixaram o local. Cada um dos que estavam no bar se recolheu para o seu canto.
Ás sete da manhã seguinte, dona Florência, esposa de seu Samuel, já estava apavorada quando recebeu um telefonema da polícia local.
O delegado noticiou o fato com delicadeza. Disse também que os bandidos não se conformaram só em roubar o seu esposo e o mataram com três tiros na cabeça.
Dona Florência ficou com o peso da saudade e com a responsabilidade de ter que criar os quatro filhos sozinha.
Seu Samuel deve estar bebendo uma dose celeste em outro lugar. Quem sabe lá não exista abuso de autoridade?



Currículo do autor:
Ademiro Alves (Sacolinha), nasceu em 09 de Agosto de 1983, na cidade de São Paulo.

É idealizador e atuante do projeto cultural “Literatura no Brasil”, que trabalha com 1.250 leitores cadastrados.

Participa da revista Caros amigos "Literatura Marginal" ato III lançada em Maio de 2004.

Participa de três antologias: “No limite da palavra” editora Scortecci, “ARTEZ - vol. V” Meireles editorial e “O Rastilho da Pólvora” Cooperifa.

Colunista de 05 (cinco) sites nacionais.

Presidente do CPD – Sócio cultural Negro Sim.

Coordenador de literatura na Secretaria Municipal de Cultura de Suzano.

Atualmente Sacolinha procura editora para o seu primeiro livro, um romance intitulado “Graduado em Marginalidade”.

Contatos com o autor:
(11) 47495744 / 83252368
Rua Guarani, 413 – Jd. Revista – Suzano – São Paulo – S.P
Cep: 08694-030
E-mail:
sacolagraduado@bol.com.br

19 abril, 2005

Livros!!!

VEM AÍ O ROMANCE “GRADUADO EM MARGINALIDADE”, PRIMEIRO LIVRO DO ESCRITOR SACOLINHA.
LOGO, LOGO TODOS IRÃO LER A TRAGETÓRIA DE VIDA DO JOVEM VANDER FAUSTINO, MORADOR DO MUNICÍPIO DE BRAS CUBAS (ALTO TIETÊ) SÃO PAULO.
AGUARDEM!!!


É hoje ás 19 horas:

Lançamento do novo livro do escritor e roteirista Fernando Bonassi.
Romance, O MENINO QUE SE TRANCOU NA GELADEIRA (Ed. Objetiva), na FNAC da Paulista (Endereço: Av. Paulista 901 - Estacionamento pela Alameda Santos 960).

18 abril, 2005

Mais textos!

Catador
(Por Gilberto Bastos)

Cata no chão um papel. Altura mediana, pés descalços, olhar febril.
Cata uma história recente, o homem de olhar Brasil.
Lata de lixo, solidão, vira e mexe a cada esquina da exclusão.
Criança coberta de fome come restos de um produto capital burguês.
Não adianta lamentar a sina do catador. O egoísmo é celebrado.
Não me venha com olhares de pena, o que pensas ao ver um cadáver?
Os pés rachados de um homem como vocês, põe a luta e a dor lado a lado.
Um panorama de infelicidade que consome a dignidade do ser.
Esperto o anônimo molha sua carroça-cruz pra dar valor a sua posse.
Vende ao ladrão da reciclagem, que recebe a conta-gotas seu suor.
Bebe um trago de satisfação, alimenta sua prole e vai a luta. Sua sorte.
Cata no chão mais um papel. Altura mediana pés ainda descalços, olhar febril.
Cata uma história eterna, catadores, ambulantes. Moradores de rua,
poetas errantes, que vivem jogados nas esquinas desse país senil.

Gilberto bastos jr.
poeta e ativista comunitário
em breve lançará o livro: Num barraco pras estrelas
contato:
gilbertobastosjr@uol.com.br
fone: (83) 264 6880/9998 6249



GUILHOTINA

(Por Santos da Rosa)

Lua sorrindo
Roçando as pontas
dos saltos
suicidas

Se um dia tua guilhotina
Varrendo as antenas
Endurecendo a lama
Acima de punhetagens e calmantes.

Lua pontiaguda
a névoa só deixa teu espinho
Te sabias só minha,
preso a uma vaidade insossa
a uma cultura xarope
Te dividindo com todos os outros
desequilibrados

Tua simpatia
cala lamúrias egoístas
do nosso imenso dialeto
Mas esta névoa é que te descobre
acima da folia e do esterco

Lua pontiaguda

16 abril, 2005

Detalhes...

Atenção, muita atenção. Este blog está recebendo de 30 á 50 visitas por dia. Nos finais de semana e feriados chega a atingir 70 visitas. Como este blog não tem o link “comentário”, não sabemos direito quem são os nossos internautas leitores. Temos apenas o número e a cidade de onde acessam.
Você que acessa este blog, favor enviar um e-mail para nós:
literaturanobrasil@bol.com.br
Faremos promoções neste blog e valorizaremos os nossos leitores. Portanto, não deixe de enviar o seu e-mail.


Fato histórico na Literatura de Suzano

Lançado 1º Concurso Literário de Suzano promovido pela Secretaria Municipal de Cultura.
Já que se trata de literatura no município de Suzano, o projeto cultural Literatura no Brasil foi procurado para dar um suporte.
Haverá duas categorias: Contos e Crônicas / Poesias e Poemas.
A premiação que valerá para as duas categorias serão:
1º lugar: Medalha + Livro
2º lugar: Medalha + Livro
3º lugar: Medalha + Livro
4º lugar: Menção honrosa + Livro
5º lugar: Menção honrosa + Livro
E os vencedores do primeiro ao décimo lugar de cada categoria terão seus trabalhos publicados na revista 1º Concurso Literário de Suzano que será lançada na semana literária do município e distribuída gratuitamente nas escolas da região do Alto Tietê.
Cada vencedor receberá 15 exemplares da revista.
Ressaltamos que, por ser a primeira experiência de Suzano, a secretaria de cultura limitou a participação apenas ao município, já que este concurso é uma experiência e um mapeamento literário da cidade.
Maiores informações:
concursoliterariosuzano@hotmail.com
Fones: 47591949 - 47474180
Local de entrega dos trabalhos: Secretaria Municipal de Cultura – Rua Benjamin Constant, nº 682 – Centro de Suzano.

Atenção; estão disponíveis para venda esses livros abaixo. Porém ressaltamos que restam apenas algumas unidades, se lhe interessar faça o pedido o mais rápido possível.

Antologia de contos, poesias e crônicas, “No limite da palavra” da editora Scortecci, 48 autores em 167 páginas. Entre eles letrados, professores, advogados, filósofos, compositores e militantes. O valor dessa obra é de R$12,00.
O escritor Sacolinha abre esta antologia com um conto erótico. Leia trechos á seguir:

“No fim desse encontro deram um beijo, aliás, um beijo demorado, no que deu a entender que já se conheciam há tempos. O beijo foi premeditado, pensado e planejado. Os lábios frios do sorvete napolitano que acabaram de tomar, se tocaram carinhosamente e ficaram um bom tempo assim, curtindo a sensação das línguas a se tocarem, viajando na sensação do primeiro beijo de duas pessoas que acabaram de se conhecer.”

“Lá fora, as estrelas no céu anunciam um fim de semana caloroso. A avenida deserta recebe vez por outra um carro a passar apressadamente. Pássaros e borboletas dormem.
Três horas da matina.
Dentro do motel, o office-boy e a secretária.”

“A saia desceu suavemente, e agora o que sobe é a camisa de Railson, que sem perder o fôlego tirou a mini-blusa da grande mulher. Ficou mais excitado ao ver a lingerie de cor branca que ela está usando. Após um pequeno esforço, ele consegue despir os seios da beldade. A língua do office-boy desceu abusadamente da boca dela para o queixo e depois para o pescoço, onde ficou dando mordidas enquanto descia a calça.”

Coletânea: ARTEZ Vol. V – Antologia literária e artística
Contos, Crônicas e Poesias
Participação: Ademiro Alves (Sacolinha)
Valor: R$ 5,00

Antologia o Rastilho da Pólvora: Vários poetas e escritores da Cooperifa, entre eles: Sacolinha, Alessandro Buzo, Sérgio Vaz e Marcopezão. Valor: R$ 10,00

Para adquirir qualquer um desses livros entre em contato com o projeto Literatura no Brasil:
literaturanobrasil@bol.com.br / fones: (11) 47495744 / 83252368

Fazemos venda pelo correio

Projeto Cultural Literatura no Brasil, valorizando a cultura de periferia.
Essência cultural do gueto, só isso e nada mais.

14 abril, 2005

Bonassi

Novo livro do escritor e roteirista Fernando Bonassi.

Prezados Amigos:

Na próxima terça feira, dia 19 de abril, à partir das 19 horas, estarei autografando meu novo romance, O MENINO QUE SE TRANCOU NA GELADEIRA (Ed. Objetiva), na FNAC da Paulista (Endereço: Av. Paulista 901 - Estacionamento pela Alameda Santos 960)
Será um prazer vê-los por lá.
Abraço;
Fernando Bonassi

13 abril, 2005

Cooperifa

Segue notícias do sarau da Cooperifa:

Quarta-feira(06.04), recebemos a visita da Secretária de Cultura de Itapecirica da Serra, Patricia Cerqueira, que emocionada propôs uma data para apresentarmos o sarau na sua cidade. Falta acerto da data. Em breve. Também na quarta tivemos o jogo do corinthias, do santos e a novela américa, e mesmo assim nosso medidor do ibobe registrou 173 pessoas ligadas no nosso sarau. O mestre salas Douglas dançou para a gente.
Domingo (17.04), 11hs o churrasco de confraternização do pessoal da Cooperifa. Os poetas e poetisas querem fazer a manutenção da nossa família, por isso o motivo do churrasco. Só paga o que consumir. Rola também um sambinha. O jornal hoje de Taboão da Serra cedeu um espaço para a cooperifa que inicialmente Marco Pezão escrevia, mas devido ao acúmulo de atividades passou pra mim. Leia a seguir o texto da semana passada:

EXAME DE PRÓSTATA NA MEDIOCRIDADE
O sarau desta semana foi uma das noites mais bela e nervosa dos últimos tempos. A poesia, lâmina de cortes profundo, ecoou forte pelos becos e vielas do nosso quilombo cultural, capital da nossa pátria chamada periferia. sob a luz dos espíritos da guerra e ao som dos que dormem tranquilos, os poemas foram recitados com arcos-e-flechas e zarabatanas envenenadas. "A idéia é não fazer prisioneiros". a Lua, musa dos desocupados, apareceu sem ser convidada. Apesar de branca e linda se fez indispensável ante aos tambores de batalha, que lembravam seus mortos na chacina da baixada fluminense. A beleza não combina com a dor. longe dos holofotes e helicópteros da cidade alerta, os poetas e a comunidade comungavam as sobras do mundo, enquanto os versos eram servidos como hóstia sagrada para aqueles que ainda acreditam num Brasil urgente. O bar do Zé Batidão, 'as quartas-feiras, por vezes lembra uma igreja, uma seita ou um terreiro, pelo respeito e pela devoção: cada rima uma prece, cada estrofe uma oração! mas, apesar de não ser, estamos batizando poetas recém-nascidos e praticando exorcismo nos espíritos mesquinhos e covardes.

Sérgio Vaz

Se quiser, comente o texto com cópia para hojetaboao@terra.com.br
O Prof. Pablo está realizando o nosso documentário e as filmagens estão rolando a mil. Apareçam dia 27-04 Sarau de bebê da poetisa Pillar, quem puder leva uma roupinha. estamos preparando o sarau do dia das mães. estamos aceitando doações de livros em boas condições para presentearmos todas as mães da comunidade com um livro. Ousadia pouca é bobagem.

11 abril, 2005

Indicação do mês

Por que não dancei
(Esmeralda Ortiz)


Um currículo da vida de uma menina negra e pobre que, acabou saindo de casa aos oito anos de idade por causa do monstro que assola muitas casas na periferia: a violência familiar.
Esmeralda é o nome da autora e personagem do livro. Personagem que apanhou muito de sua mãe quando esta estava bêbada. Os instrumentos para bater eram pedaços de pau e chicote.
Na rua, Esmeralda fez o primeiro e o segundo grau, prestou vestibular e fez a faculdade. A sua formação ficou por conta da profissão “Trombadinha” e da ocupação “Drogada”.
Em casa foi estuprada pelo padastro e na rua por outros homens. Sofreu.
Comeu, aliás, degustou o pão que o diabo babou, porém, levantou e olhou para trás. Vendo que nada tinha construído, resolveu correr atrás do prejuízo.
Com a ajuda de alguns bons corações, chegou na área, mirou, atirou e conquistou metade dos seus sonhos.

Demian
(Hermann Hesse)

Religião, guerra, romance e vícios, são os pontos mais fortes desta obra.
Um livro de leitura difícil, que exige muita atenção e paciência. Se não estamos enganados esta obra foi escrita no ano de 1919, e é considerado pelos poucos hippies e punks ainda existentes, um romance imortal atualizado, a bíblia sagrada, o livro de cabeceira desses dois movimentos verdadeiros que estão sendo consumidos pela contemporaneidade.
Concurso literário

Será dia 15 de abril o lançamento do 1º Concurso Literário de Suzano promovido pela Secretaria Municipal de Cultura.
Já que se trata de literatura no município de Suzano, o projeto cultural Literatura no Brasil foi procurado para dar um suporte.
Haverá duas categorias: Contos e Crônicas / Poesias e Poemas.
A premiação que valerá para as duas categorias serão:
1º lugar: Medalha + Livro
2º lugar: Medalha + Livro
3º lugar: Medalha + Livro
4º lugar: Menção honrosa + Livro
5º lugar: Menção honrosa + Livro
E os vencedores do primeiro ao décimo lugar de cada categoria terão seus trabalhos publicados na revista 1º Concurso Literário de Suzano que será lançada na semana literária do município e distribuída gratuitamente nas escolas da região do Alto Tietê.
Cada vencedor receberá 15 exemplares da revista.
Ressaltamos que, por ser o primeiro concurso literário de Suzano, a secretaria de cultura limitou a participação apenas ao município, já que este primeiro concurso é uma experiência e um mapeamento da cidade.
Maiores informações:
concursoliterariosuzano@hotmail.com
Local de lançamento: Secretaria Municipal de Cultura – Rua Benjamin Constant, nº 682 – Centro de Suzano.

08 abril, 2005

O LIVRO!

Trecho do Capítulo 18 do livro “Graduado em Marginalidade”, do escritor Sacolinha, que estará em breve nas livrarias...

Á noite na prisão todos dormem, exceto Vander. Assim como Graciliano Ramos, Burdão é um cupim do edifício burguês onde aplicam inseticidas.
Depois dessa última notícia, a resignação de Vander foi pro ralo, junto com seu cuspe seco e crucial. O ódio que estava crescendo há muito tempo, agora transbordou. Com a luz da cela apagada e a trilha sonora saindo da boca de um cachorro, Vander reflete. Recorda a morte do seu pai, da sua mãe e o sofrimento que ela teve antes de morrer.
Relembra a chacina que houve onde as vítimas eram Escobar e seus cinco ajudantes. Pensa na desgraça de dona Carmem e seu filho Teddy. Reflete a morte de Vladi, Catinga e alguns outros. Por fim, a sua herança que foi consumida pelo fogo.
E a Vila? Não é mais a mesma, os botecos não são mais botecos, e sim inferninhos, lanchonetes da boca. Burdão pelo menos podia refletir a situação. Se estivesse em casa, iria comparar o mundo lá fora e a sua reflexão lá dentro. Mas como está privado de liberdade, compara o mundo com o seu interior. Sem emprego, pai e mãe. Havia sua tia lá em Jabaquara, mas pedir ajuda a uma mulher que não veio no enterro do próprio irmão?
Aí não dá, Burdão agora faz parte dos “sem”: Sem auxílio, sem chance, e sem porra nenhuma. Mas reflete.
Lá fora há o ser humano que pratica os sete pecados capitais. Também tem a polícia que fede á podridão. Traficantes, prostitutas, armas, corrupção, drogas, crianças abandonadas, políticos safados, mendigos, jovens grávidas e... A morte.
No seu interior?

Bom, antes tinha amor, humildade, pensamentos positivos, conselho, confiança e compreensão. Mas isso era antes, por que hoje, neste exato momento, há o ódio em pessoa.

07 abril, 2005

Notas...

Vem aí o trabalho literário feito pelos escritores e poetas: Marcopezão, Alessandro Buzo, Sérgio Vaz e Sacolinha. Esse trabalho será publicado em diversos veículos de comunicação. Aguardem!

E Atenção: O livro "Graduado em Marginalidade" do escritor Ademiro Alves (Sacolinha), será lançado em breve. Várias articulações estão sendo feitas, e o autor assegura que em pouquíssimo tempo a obra estará nas ruas, ou melhor nas livrarias, entidades e o escambau. E tem mais: Serão feitos lançamentos em diversos estados do Brasil, com ou sem editora. Pode acreditar.

PRECISÃO
(Allan Santos da Rosa)


Uma mulher
que me incentive a criar
quando sorrir e quando chorar
quando dormir e quando suar.
Que seja o entrelace de escultura e desenho,
balé e candomblé.
Que seja meu partido político, minha televisão,
meu futuro caindo em pétalas.
Com quem faça grandiosos planos
e na hora do vamo ver
me diga que tá com preguiça,
piscando e me ganhando.
Que faça minha barba, aceite minhas flores,
meus tremores, minhas colagens
e rasgue meus piores poemas.
Que me vire a cara por dois dias
se eu não botar a caneta no caderno que ela me deu.
Que ao ver os homens lindos da ruas,
pouse as mãos entre as coxas e sussurre meu nome.
Ou o nome com que batizou meu falo.
Uma mulher sem dinheiro,
para ficarmos ricos por uma semana
juntos, na praia.
Que se aninhe em meu colo,
após me fazer sentar e ouvir o vinil.
Que não use relógio
e que ferva sua vaidade em tabletes.
Que começou a trabalhar cedo e me conte histórias
do centro e do subúrbio.
Que viaje sem mim e que volte com braços enormes
e sorrisos salgados.
Que mora dentro de mim, nos meus guetos distantes,
e que por vezes aflora em meu cheiro.
Que componha ladainhas pro meu berimbau,
movimentos pro meu corpo.
Que me dê paçocas e incensos.
Uma mulher que conceda a graça de ir embora
sem que o sangue das minhas veias entre na contramão.

SONETO DA CALADA
(Allan Santos da Rosa)

Sonhos noturnos de Tonho animam seu vulto.
No lábio ilusões do veneno e do gozo.
Role de moleque e promessas de adulto.
Se fia no santo frente o mundo escamoso.

Neblina na esquina um trio cabuloso.
Poder de polícia- garante o estatuto.
Sem dever mas dá pala tropicando nervoso.
O primeiro Não teve o valor de um insulto.

Coturnos no beco são ferrões do vespeiro.
Invade a carquera a quimera de Tonho.
Quem crê no seguro do gambé madrugueiro?

No apetite cinza do boneco medonho.
No artigo a força pro dedo ligeiro.
Aço cuspido estoura a fonte do sonho.

06 abril, 2005

Poemas...

Eu quero ser um pássaro e não um homem
(Francisco Pereira Gomes)

Eu quero ser um pássaro e não um homem
Para voar sobre as matas verdes do Brasil
Pousar nas nuvens que no horizonte somem
E não pisar neste solo hostil.

Esta terra outrora tão cobiçada
Já não é fértil como antigamente
Porque a terra esta contaminada
Ensopada de tanto sangue inocente

Nossos rios são artérias entupidas
Cachoeiras; coração que não mais pulsam!
Suas águas estão todas poluídas
Nos seus leitos lixos podres flutuam

Eu queria ser um pássaro e não um homem
Pra fazer meu ninho em copas de árvores belas
E não sentir a vergonha de passar fome
Nem morar nos barracos das favelas

Para não ver crianças cheirarando cola
Ou morrer nas filas dos hospitais
Se for pra ver crianças pedindo esmola
Melhor viver, no reino dos animais.
A criança e o poeta

Há! Se o tempo parasse de repente,
E voltasse a ser como era antigamente
Para eu reviver velhas alegrias.
E eu voltasse a ser criança novamente,
E se possível, ser criança eternamente...
E envelhecer na meninice dos meus dias.

Ou que foras os meus dias como a lua,
Que sabiamente a cada faze se recua,
Para voltar cheia de encantos e mais bela!
Como uma pluma no céu azul ela flutua!
Se derrama e se espalha sobre a rua,
O tempo passa e ela nunca fica velha.

Há! Como eu queria ser criança a vida inteira!
Cabelo duro tô sujo de poeira,
Chegar em casa e ouvir, mamãe falar:
“O que tu fez com a tua cabeleira?”
“Por ventura faltou água a cachoeira?”
Vem cá menino deixa que eu vou te banhar”.

“Traz o sabugo e raspa de juá”,
“Este cascão hoje vai ter que limpar.”
Mamãe eu já sou homem macho.
“Vem logo se não quiser apanhar”.
E eu saía, pula pra lá e pra cá,
Até chegar a beirada do riacho.

Chegando lá, mamãe dizia: “entra no rio”
E eu brincava até ficar roxo de frio,
E só saia quando mamãe me chamava.
“Vem cá menino, deixa eu ver o teu ouvido,
Limpou direito? Coisa que eu duvido”.
E com um pano velho surrado me secava.

“Dá a mão filho vamos embora”
E nós dois saía caminhando estrada a fora,
Até chegar a nossa casinha de sapé.
Mamãe, mamãe, quero jantar.
“Calma filho, espera o papai chegar”.
De repente escuto bater o pé.

Mamãe, papai chegou, posso jantar?
“Calma filho espera o pai banhar”,
Ele nem desceu do cavalo”.
Papai, papai vai banhar,
Tô com fome quero jantar.
“Filho”.Tá bom pai eu me calo.

Papai, posso ir banhar com o senhor?
“Não filho você já banhou”,
Fique com a mamãe, papai volta já”.
Papai eu já sou um homem não sou?
“Filho”. “O que o pai falou?”
Tá pai vou esperar.

Uma aurora prateada sobre a terra!
Era o sol se escondendo atrás da serra,
E os pássaros procurando árvores para pousar.
Enquanto isso eu olhava da janela,
Vendo papai que abria a cancela,
E eu corria para mesa de jantar.

Papai e mamãe sentavam,
E eu subia na cadeira enquanto oravam.
Mamãe fazia nosso prato e depois o dela.
Depois sentávamos na calçada,
Olhando a passarada,
Eu cochilava e dormia no colo dela.

Quando o poeta, nem pensava em ser poeta,
Era apenas uma criança discreta,
Protegido pelo rei e a rainha,
Hoje mais um entre os corações contritos,
Um poeta que ninguém le seus escritos,
Revoada de uma única andorinha.

E a criança que pulava alegremente,
Com o pai e a mãe sempre presente,
De saudades hoje o seu coração ferve,
Com os seus pais tão distante e tão ausente,
O poeta é um homem tão carente,
Que se torna uma criança quando escreve.

Se eu pudesse pedir algo ao altíssimo,
E minha voz chegasse ao Senhor justíssimo,
Neste meu dia eu pediria um só presente:
Humildemente em nome de Jesus Cristo,
Este poeta que ninguém le seus escritos,
Só deseja ser criança novamente.

Que saudade, que saudade sinto da minha infância,
Do meu tempo de criança,
Eu, papai, mamãe, nós três.
Há! Se o tempo parasse de repente...
E voltasse a ser como era antigamente,
E eu pudesse ser criança outra vez.
Francisco Pereira Gomes, é morador de Suzano (Alto Tietê).
Sente muita saudades de seus pais, e pra matá-la só mesmo escrevendo.

04 abril, 2005

Entrevista do mês

Com Fernando Bonassi...

L.B: Quando você teve o interesse pela leitura e pela escrita?
Bonassi: Aos 12 anos me apaixonei por uma menina que não me olhava na cara. Comecei a escrever bilhetes pra ela, que não enviava... apesar de não enviar, me sentia mais aliviado ao escrever, ao relatar pra mim mesmo o drama desse amor. Percebi que queria isso, me aliviar do peso de uma existência sem graça. Por isso escrever.

L.B: A escritora Nélida Pinon disse que o papel do escritor é de despertar a ira de uma consciência. Qual o seu papel como?
Bonassi: Escrever é aliviar-se e colocar um ponto de vista no mundo, dar uma pernada na morte e aprender a aproveitar o prazer. O livro ajuda, mas a consciência desperta por sua própria experiência.

L.B: Qual a sua formação acadêmica?
Bonassi: Sou formado em cinema na USP.

L.B: Quais as suas influências literárias?
Bonassi: Li Henry Miller e Graciliano Ramos como se fossem bíblias!

L.B: Por que você não escreve poesia?
Bonassi: Não vejo diferença entre prosa e poesia. Talvez a única seja que os chamados poetas não encham a página de letrinhas, o resto, quando bom, é igual.

L.B: O livro "Graduado em Marginalidade" do escritor Sacolinha, será lançado neste ano. Você que já leu essa obra nos fale o que achou?
Bonassi: A periferia vista por seus habitantes é o mais importante fenômeno cultural brasileiro nos últimos dez ou vinte anos.

L.B: Tem idéia de quantas cópias de todos os seus livros já foram vendidas?
Bonassi: Alguns milhares, mas tenho 19 livros publicados. Não vendo muito livro. Vivo deles, de artigos e palestras. Fiz um pacto de não fazer propaganda ou jornalismo, que são a morte do escritor.

L.B: Você foi co-roteirista de diversos filmes que usa a temática da violência e também co-roteirista do programa Castelo Ra Tim Bum da TV cultura. Nos fale dessa experiência, tendo em vista que os filmes envolvem as drogas e a violência no geral e o programa Castelo Ra Tim Bum aborda a questão da educação e do lado infantil.
Bonassi: Escrever pra cinema é, a cada trabalho, mergulhar num mundo novo. Me preparo (lendo, refletindo, entrevistanto gente experiente) pra cada filme e aprendo com ele. Quando a pesquisa e a escrita é feita sem compromissos sacanas, o publico sente e o filme é apreciado. Gente grande ou pequena precisa ser tratada com clareza!

L.B: Você está sempre escrevendo algum livro, um roteiro, uma coluna para um site ou para um jornal. Ás vezes não lhe falta o que escrever?
Bonassi: Eu gosto de escrever e passo o dia fazendo isso. Quando a vontade é fraca, ouço meus rocks, leio alguns escritores e me aqueço.

L.B: Hoje você vive de literatura?
Bonassi: Vivo de tudo o que faço junto: livros, artigos, palestras, roteiros e peças de teatro. Um escritor brasileiro tem que ser multimídia se quiser pagar as contas com sua ficção.

L.B: Raramente haverá chances de surgir novos escritores já que as editoras só investem num escritor que já é nacionalmente conhecido. Como você vê isso, sendo que os escritores inéditos não encontram chances no mercado editorial?
Bonassi: Lamentável. As grandes editoras deviam ter uma linha de inéditos, mas só os pequenos fazem isso. De todo modo, hoje em dia é muito mais fácil publicar do que há vinte anos. As pequenas e médias editoras são uma ótima porta de entrada da nova literatura.

L.B: Qual a sua opinião sobre o estilo "Literatura Marginal"?
Bonassi: A boa literatura sempre foi marginal à sua época. Só não podemos vestir a camisa do marginal e sair praticando literatura careta. Marginal também, precisa ter estilo próprio, clareza e verve poética.

03 abril, 2005

Literatura Negra!

O Livro “Cadernos Negros” é um projeto literário onde o objetivo é levar pra sociedade a literatura negra. Em parceria com o movimento negro “Quilombhoje” e com o governo federal o “Cadernos Negros” é lançado uma vez ao ano, sendo um ano só com poesias e o outro só com contos.
No momento está no volume 27. Este ano será de contos, qual será lançado em dezembro.
Confira abaixo algumas poesias dos Cadernos Negros.

De quatro, Zeus figura em (ex)cultura nativa o(culto) orixá Exu vai comendo-lhe o cu (Márcio Barbosa - CN 13, p.46)

"Tesão"
Teu falo é um facho Fascinante. Eu me encrespo Sempre... Teu Facho é um fato Irreversível! (Regina Helena da Silva Amaral - CN 9, p.32)

Ejacoração
Quando tua ausência se multiplica em dias eu me divido em saudades consciente ou não e de resto sobram poemas quando a vida devolve oficialmente tua presença o coração dá voltas e dispara ejaculando promessas de amor (Jamu Minka - CN 5, p.32)

Luz na Uretra
O coração na cabeça do pênis sístole e diástole sou-te na vagina e num vôo riacho espalho-me via láctea no teu infiníntimo. (Cuti - CN 9, p.120)






PRECISÃO
(Allan Santos da Rosa)


Uma mulher
que me incentive a criar
quando sorrir e quando chorar
quando dormir e quando suar.
Que seja o entrelace de escultura e desenho,
balé e candomblé.
Que seja meu partido político, minha televisão,
meu futuro caindo em pétalas.
Com quem faça grandiosos planos
e na hora do vamo ver
me diga que tá com preguiça,
piscando e me ganhando.
Que faça minha barba, aceite minhas flores,
meus tremores, minhas colagens
e rasgue meus piores poemas.
Que me vire a cara por dois dias
se eu não botar a caneta no caderno que ela me deu.
Que ao ver os homens lindos da ruas,
pouse as mãos entre as coxas e sussurre meu nome.
Ou o nome com que batizou meu falo.
Uma mulher sem dinheiro,
para ficarmos ricos por uma semana
juntos, na praia.
Que se aninhe em meu colo,
após me fazer sentar e ouvir o vinil.
Que não use relógio
e que ferva sua vaidade em tabletes.
Que começou a trabalhar cedo e me conte histórias
do centro e do subúrbio.
Que viaje sem mim e que volte com braços enormes
e sorrisos salgados.
Que mora dentro de mim, nos meus guetos distantes,
e que por vezes aflora em meu cheiro.
Que componha ladainhas pro meu berimbau,
movimentos pro meu corpo.
Que me dê paçocas e incensos.
Uma mulher que conceda a graça de ir embora
sem que o sangue das minhas veias entre na contramão.

Allan Santos da Rosa, participa da revista Literatura Marginal ato III, é alfabetizador de jovens e adultos no núcleo de consciência negra da USP.

01 abril, 2005

Mais...

A pipa

É o pássaro de papel
Está longe da gaiola
Mas tem a liberdade vigiada
Pela linha do carretel.
Na batalha
Pelo controle do ar
A ironia é quem sela o destino.
O menino pra vencer
Tem que ter o melhor cerol
Enquanto o pipa torce pra perder
E seguir livre rumo ao sol.
Sérgio Vaz
Grupo de literatura e fanzine, “Rastilho”.
Reuniões todas ás terças-feiras ás 19h:00 no Espaço cultural APAC.
Rua Augusta Carvalho de Morais, 50 – Centro de Suzano – S.P
Informações: 91335960 /
lygiacanelas@yahoo.com.br

(APROFAT) Associação dos Professores de Filosofia do Alto Tietê.
Filosofia sem café. Todo último domingo de cada mês, ás 16h:00
Onde: Espaço Cultural APAC.
Rua Augusta Carvalho de Morais, 50 – Centro de Suzano – S.P

Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Sócio Cultural Negro Sim.
Reuniões todo terceiro sábado do mês, ás 16h:00
Local: Sindicato da Construção Civil – Rua Campos Sales, 165 – Centro de Suzano – S.P
Informações: 83252368 /
cpdnegrosim@hotmail.com

Sarau da Cooperifa.
Toda quarta-feira, ás 21h:00 no Bar do Zé Batidão.
Piraporinha – Zona Sul – S.P
Informações: 41397548

A Secretaria Municipal de Cultura de Suzano estará lançando no dia 15 de abril o 1º Concurso Literário de Suzano. E em maio haverá o Pavio da Cultura.
Ambos eventos tem o apoio do Projeto Cultural Literatura no Brasil.

Sessão de autógrafos

Escritor Sacolinha lança livro na Bienal de SP na próxima quarta-feira   “A Alanda ainda está de pijama” novo livro infantil do escritor s...