Eu quero ser um pássaro e não um homem
(Francisco Pereira Gomes)
(Francisco Pereira Gomes)
Eu quero ser um pássaro e não um homem
Para voar sobre as matas verdes do Brasil
Pousar nas nuvens que no horizonte somem
E não pisar neste solo hostil.
Esta terra outrora tão cobiçada
Já não é fértil como antigamente
Porque a terra esta contaminada
Ensopada de tanto sangue inocente
Nossos rios são artérias entupidas
Cachoeiras; coração que não mais pulsam!
Suas águas estão todas poluídas
Nos seus leitos lixos podres flutuam
Eu queria ser um pássaro e não um homem
Pra fazer meu ninho em copas de árvores belas
E não sentir a vergonha de passar fome
Nem morar nos barracos das favelas
Para não ver crianças cheirarando cola
Ou morrer nas filas dos hospitais
Se for pra ver crianças pedindo esmola
Melhor viver, no reino dos animais.
A criança e o poeta
Há! Se o tempo parasse de repente,
E voltasse a ser como era antigamente
Para eu reviver velhas alegrias.
E eu voltasse a ser criança novamente,
E se possível, ser criança eternamente...
E envelhecer na meninice dos meus dias.
Ou que foras os meus dias como a lua,
Que sabiamente a cada faze se recua,
Para voltar cheia de encantos e mais bela!
Como uma pluma no céu azul ela flutua!
Se derrama e se espalha sobre a rua,
O tempo passa e ela nunca fica velha.
Há! Como eu queria ser criança a vida inteira!
Cabelo duro tô sujo de poeira,
Chegar em casa e ouvir, mamãe falar:
“O que tu fez com a tua cabeleira?”
“Por ventura faltou água a cachoeira?”
Vem cá menino deixa que eu vou te banhar”.
“Traz o sabugo e raspa de juá”,
“Este cascão hoje vai ter que limpar.”
Mamãe eu já sou homem macho.
“Vem logo se não quiser apanhar”.
E eu saía, pula pra lá e pra cá,
Até chegar a beirada do riacho.
Chegando lá, mamãe dizia: “entra no rio”
E eu brincava até ficar roxo de frio,
E só saia quando mamãe me chamava.
“Vem cá menino, deixa eu ver o teu ouvido,
Limpou direito? Coisa que eu duvido”.
E com um pano velho surrado me secava.
“Dá a mão filho vamos embora”
E nós dois saía caminhando estrada a fora,
Até chegar a nossa casinha de sapé.
Mamãe, mamãe, quero jantar.
“Calma filho, espera o papai chegar”.
De repente escuto bater o pé.
Mamãe, papai chegou, posso jantar?
“Calma filho espera o pai banhar”,
Ele nem desceu do cavalo”.
Papai, papai vai banhar,
Tô com fome quero jantar.
“Filho”.Tá bom pai eu me calo.
Papai, posso ir banhar com o senhor?
“Não filho você já banhou”,
Fique com a mamãe, papai volta já”.
Papai eu já sou um homem não sou?
“Filho”. “O que o pai falou?”
Tá pai vou esperar.
Uma aurora prateada sobre a terra!
Era o sol se escondendo atrás da serra,
E os pássaros procurando árvores para pousar.
Enquanto isso eu olhava da janela,
Vendo papai que abria a cancela,
E eu corria para mesa de jantar.
Papai e mamãe sentavam,
E eu subia na cadeira enquanto oravam.
Mamãe fazia nosso prato e depois o dela.
Depois sentávamos na calçada,
Olhando a passarada,
Eu cochilava e dormia no colo dela.
Quando o poeta, nem pensava em ser poeta,
Era apenas uma criança discreta,
Protegido pelo rei e a rainha,
Hoje mais um entre os corações contritos,
Um poeta que ninguém le seus escritos,
Revoada de uma única andorinha.
E a criança que pulava alegremente,
Com o pai e a mãe sempre presente,
De saudades hoje o seu coração ferve,
Com os seus pais tão distante e tão ausente,
O poeta é um homem tão carente,
Que se torna uma criança quando escreve.
Se eu pudesse pedir algo ao altíssimo,
E minha voz chegasse ao Senhor justíssimo,
Neste meu dia eu pediria um só presente:
Humildemente em nome de Jesus Cristo,
Este poeta que ninguém le seus escritos,
Só deseja ser criança novamente.
Que saudade, que saudade sinto da minha infância,
Do meu tempo de criança,
Eu, papai, mamãe, nós três.
Há! Se o tempo parasse de repente...
E voltasse a ser como era antigamente,
E eu pudesse ser criança outra vez.
Há! Se o tempo parasse de repente,
E voltasse a ser como era antigamente
Para eu reviver velhas alegrias.
E eu voltasse a ser criança novamente,
E se possível, ser criança eternamente...
E envelhecer na meninice dos meus dias.
Ou que foras os meus dias como a lua,
Que sabiamente a cada faze se recua,
Para voltar cheia de encantos e mais bela!
Como uma pluma no céu azul ela flutua!
Se derrama e se espalha sobre a rua,
O tempo passa e ela nunca fica velha.
Há! Como eu queria ser criança a vida inteira!
Cabelo duro tô sujo de poeira,
Chegar em casa e ouvir, mamãe falar:
“O que tu fez com a tua cabeleira?”
“Por ventura faltou água a cachoeira?”
Vem cá menino deixa que eu vou te banhar”.
“Traz o sabugo e raspa de juá”,
“Este cascão hoje vai ter que limpar.”
Mamãe eu já sou homem macho.
“Vem logo se não quiser apanhar”.
E eu saía, pula pra lá e pra cá,
Até chegar a beirada do riacho.
Chegando lá, mamãe dizia: “entra no rio”
E eu brincava até ficar roxo de frio,
E só saia quando mamãe me chamava.
“Vem cá menino, deixa eu ver o teu ouvido,
Limpou direito? Coisa que eu duvido”.
E com um pano velho surrado me secava.
“Dá a mão filho vamos embora”
E nós dois saía caminhando estrada a fora,
Até chegar a nossa casinha de sapé.
Mamãe, mamãe, quero jantar.
“Calma filho, espera o papai chegar”.
De repente escuto bater o pé.
Mamãe, papai chegou, posso jantar?
“Calma filho espera o pai banhar”,
Ele nem desceu do cavalo”.
Papai, papai vai banhar,
Tô com fome quero jantar.
“Filho”.Tá bom pai eu me calo.
Papai, posso ir banhar com o senhor?
“Não filho você já banhou”,
Fique com a mamãe, papai volta já”.
Papai eu já sou um homem não sou?
“Filho”. “O que o pai falou?”
Tá pai vou esperar.
Uma aurora prateada sobre a terra!
Era o sol se escondendo atrás da serra,
E os pássaros procurando árvores para pousar.
Enquanto isso eu olhava da janela,
Vendo papai que abria a cancela,
E eu corria para mesa de jantar.
Papai e mamãe sentavam,
E eu subia na cadeira enquanto oravam.
Mamãe fazia nosso prato e depois o dela.
Depois sentávamos na calçada,
Olhando a passarada,
Eu cochilava e dormia no colo dela.
Quando o poeta, nem pensava em ser poeta,
Era apenas uma criança discreta,
Protegido pelo rei e a rainha,
Hoje mais um entre os corações contritos,
Um poeta que ninguém le seus escritos,
Revoada de uma única andorinha.
E a criança que pulava alegremente,
Com o pai e a mãe sempre presente,
De saudades hoje o seu coração ferve,
Com os seus pais tão distante e tão ausente,
O poeta é um homem tão carente,
Que se torna uma criança quando escreve.
Se eu pudesse pedir algo ao altíssimo,
E minha voz chegasse ao Senhor justíssimo,
Neste meu dia eu pediria um só presente:
Humildemente em nome de Jesus Cristo,
Este poeta que ninguém le seus escritos,
Só deseja ser criança novamente.
Que saudade, que saudade sinto da minha infância,
Do meu tempo de criança,
Eu, papai, mamãe, nós três.
Há! Se o tempo parasse de repente...
E voltasse a ser como era antigamente,
E eu pudesse ser criança outra vez.
Francisco Pereira Gomes, é morador de Suzano (Alto Tietê).
Sente muita saudades de seus pais, e pra matá-la só mesmo escrevendo.
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