Assisto em mim a um desdobrar de planos.
As mãos vêem, os olhos ouvem, o cérebro se move,
A luz desce das origens através dos tempos
E caminha desde já
Na frente dos meus sucessores.
Companheiro,
Eu sou tu, sou membro do teu corpo e adubo da tua alma.
Sou todos e sou um,
Sou responsável pela lepra do leproso e pela órbita vazia do cego,
Pelos gritos isolados que não entraram no coro.
Sou responsável pelas auroras que não se levantam
E pela angústia que cresce dia a dia.
Murilo Mendes.
Esta poesia foi enviada pelo artista plástico Policarpo Ribeiro, de Suzano. O Sacolinha costuma descrevê-lo como um artista inquieto, louco, sem juízo e nem aí com porra nenhuma.
19 janeiro, 2006
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