09 maio, 2008

"Soneto para Guiomar".

Quisera estar novamente ao pé da serra,
Para contemplar o jeito brejeiro da Guiomar,
A água da fonte entre as pedras a jorrar,
Ante o silêncio que o sopé se me encerra.

Quisera sentir de novo o abraço terno,
O par de seios roçar de leve em meu peito,
O beijo adolescente, lúbrico, e, sem jeito,
Diante da jura singela de um amor eterno.

Quisera sentir o entrelaçar de nossas coxas,
E, o doce perfume das açucenas roxas,
Ante a loucura de nossos treze anos.

Quisera sentir de novo o perigo tão viável,
De um defloramento ou da gravidez indesejável,
Como se, ainda assim, fôssemos decanos.

Sobre choro e nó na garganta

Trecho do livro "Dente-de-leão: a sustentável leveza de ser" - Escritor Sacolinha